60 | Poker Face

742 87 74
                                    

Love game intuition,
play the cards with spades to start

—Lady Gaga


Tive problemas com mais de uma substância, mas álcool nunca foi uma dessas

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Tive problemas com mais de uma substância, mas álcool nunca foi uma dessas.

Mas, desde que eu saí da reabilitação, comecei a evitá-las ao máximo possível. Porque, quando se está embriagado, perde-se um pouco da noção de perigo. Eu não podia perder aquilo. Eu não podia ficar de porre por aí, em festas onde tinham um milhão de carreiras nos banheiros, e muito menos sozinho em casa, onde ninguém me julgaria por decisão nenhuma.

Álcool era perigoso, porque me colocava perto de tentações capazes de me afundar em merda. E, por mais que eu sentisse um gosto amargo na minha boca ao pensar naquela junção de letras, eu precisava admitir para mim mesmo: sou um ex viciado.

É horrível. Eu odeio a palavra viciado. É a porra de um problema de saúde, que provavelmente vai me acompanhar para o resto da vida. É uma questão psicológica como qualquer outra, mas... soava de um jeito merda. Porque eu tinha me colocado naquela situação, há 7 anos atrás. Eu tinha me tornado um viciado. Eu tinha feito aquilo comigo mesmo, e, por isso, era tão vergonhoso.

Eu odiava a palavra, mas eu tinha total consciência de que eu era um. Por isso, eu só colocava uma gota de álcool na minha boca, se alguém de confiança estivesse por perto.

Mesmo que eu não gostasse da ideia dos meus amigos tomando conta de mim, aquilo, em específico, nunca me incomodou. Era bom. Era bom ter alguém que se preocupasse o suficiente para ficar de olho, e para me manter longe de coisas perigosas. Era bom não precisar ficar longe de vinho ou whisk pro resto da vida, com medo dos lugares onde a minha mente poderia chegar. Era bom. Os meninos tornavam aquela situação difícil quase suportável.

E era naquilo que eu estava pensando, enquanto colocava o copo de bourbon na boca e observava Dylan andar pelo corredor.

A primeira vez que eu encostava em bebidas, desde que cheguei em Los Angeles. A primeira vez que senti necessidade de beber um pouco para relaxar, porque a noite seria longa.

—Acho que eu devia trocar. -o guitarrista riu, enquanto se olhava no espelho- Ou a sua gatinha vai se apaixonar por mim.

Ideia maldita. E pior; minha.

Eu tinha dito a Ammy, que deveríamos ir àquele desfile com outros acompanhantes. Eu disse que deveríamos estar com outras pessoas no after party, se ela estava tão tensa com os rumores -verdadeiros, diga-se de passagem- das redes. Eu disse que Dylan deveria acompanhá-la, porque eu confiava nele e...bem, estava na hora do meu amigo tentar ser legal com ela.

Acho que eu tinha esquecido de que, um dia, minha mente adoecida se convenceu de que Dylan queria levar a minha garota para cama, e nós dois passamos dias brigados, por conta da minha paranóia. Ou, achei que eu tinha superado aquele ciúmes irracional, mas não.

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now