33. Negação

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Esta noite foi ruim. Pior do que ruim. Ele havia mantido as imagens de Oclumência por tempo demais. Ele sabia que era melhor. Sabia o quanto isso lhe custaria, mas não tinha escolha.

O ataque ao Ministério da Magia na noite anterior. Tanta morte e destruição sem sentido.

E o Lorde das Trevas, tão satisfeito por tê-lo ao seu lado mais uma vez. A criança fofoqueira preferida, trazendo pedaços e gotas de rumores, insinuações e verdades. Sempre com a verdade embutida em algum lugar para fazer com que as mentiras fossem engolidas sem problemas.

Outro estremecimento o percorreu, embora nem ele mesmo soubesse dizer se era de nojo ou de frio.

E a verdade premiada, embrulhada em uma bela mentira sobre a profecia. Como o Lorde das Trevas havia engolido aquela com tanta avidez. Como Nagini engolindo seus ratos - cabeça, pelo, ossos e cauda.

O frio fantasmagórico gelou seus ossos. Fechando os olhos, ele viu apenas gelo sem fim e um lago sem vida. Sem escolha. Nenhum recurso. Nenhuma ajuda ou esperança.

Aurores por toda parte quando ele finalmente conseguiu voltar. Cutucando sua mente com um Legilimens treinado pelo Ministério. Obrigando-o a beber Veritaserum. Ele bufou baixinho. Ele era um mestre de Poções e servia tanto ao Lord das Trevas quanto a Albus Dumbledore... como se um drone do Ministério pudesse ver além das coisas que ele queria que vissem.

Ele fechou as mãos em punhos para conter o tremor. Em vez disso, deveriam tê-lo embebedado. Ele não se lembrava da última vez em que havia ficado bem e verdadeiramente irritado. Ele bufou novamente. Firewhisky, o grande equalizador.

Por que ele não podia descongelar o lago? Muito tempo. Muito tempo se foi. Ele não conseguia quebrar o gelo.

Foi o som que o atraiu - suave, o sussurro de uma respiração entrecortada onde não deveria haver nenhum som.

Ela havia aparecido da escuridão como um fantasma, a luz tremeluzente da lâmpada a lançando para dentro e para fora da sombra. "Você é real?", ele perguntou, sem ter certeza naquele momento se não a havia conjurado em sua necessidade. Era possível, pensou ele, enquanto um calafrio o percorria.

"Você está..." Ele franziu a testa ao ver os dedos dos pés dela aparecendo por baixo da bainha da camisola. "Você está descalça e com suas roupas de dormir. De novo."

Inocente. Olhando para mim com os olhos brilhantes de... sujeira negra. Se eu colocasse minhas mãos sobre ela, eu iria... NÃO! Com força, ele afastou esses pensamentos e foi para baixo, para o fundo do gelo.

Magia negra. Magia negra. Fora de controle. Torcendo seus pensamentos.

Ele suspirou, o som vindo das profundezas de seu ser. Com um aceno de mão, suas vestes de professor voaram para aterrissar em uma pilha de tecido aos pés dela.

Severus abaixou a cabeça novamente. Ele tentou mandá-la embora, tentou fazer a coisa certa. Quase sorriu com isso. Quem era ele para sequer pensar em fazer a coisa certa?

"Volte para a sua torre, Srta. Granger." Onde todas as princesas inocentes deveriam estar.

Ele ouviu o farfalhar de suas vestes, esperou que ela saísse, certo de que ela faria o que todos, de Albus a Arrosa Alverez e outros, sempre fizeram e iria embora quando ele mandasse.

O que ela deveria ter feito. O que a princesa inocente da torre sempre faz.

Ele realmente não deveria ter ficado surpreso quando a ouviu deslizar pela parede e se acomodar ao lado dele. Ele havia se esquecido de que Hermione Granger não era uma princesa.

Pet Project | SevmioneWhere stories live. Discover now