XV

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Josh me guia para fora do prédio, sua mão ainda apertando meu pulso enquanto todos olham a cena mais inédita que poderia ocorrer hoje. No corredor dos armários passamos por Betty, que nos olha com surpresa e desprezo, ela dá um passo à frente, talvez ma tentativa de nos parar, mas pensa melhor e vira de costas indo na direção oposta.

Parece que lugar nenhum é longe o suficiente para ele, que nem sei para onde está me levando e o que pretende. Então quando chegamos no corredor quase vazio que leva a quadra de esportes, puxo meu braço com força e paro onde estou. Ele dá alguns passos antes de sentir o impacto e também para onde está alguns metros longe de mim. Deslizo a mão para o pulso que ele estava segurando e a aperto de leve. Talvez essa fosse a hora de dar as costas e ir embora, mas não o faço. Parece que algo dentro de mim continua querendo descobrir suas razões, suas motivações, qual a loucura que ele vai expor agora.

O vento chacoalha levemente meu cabelo, sinto as bochechas e o nariz ficando gelados. As lágrimas de antes secaram em meu rosto e me dão uma sensação engraçada na pele. Olho para Josh no exato momento que ele vira em minha direção e parece pensar antes de dizer qualquer coisa.

— Por que está chorando?

— Não é da sua conta. — As palavras fogem tão rápido da minha boca, que nem tenho tempo de detê-las. Talvez eu não devesse, ele não se importa mesmo, ele sempre é a pior pessoa possível comigo — Eu não caio nessa, pode parar com o teatrinho, até parece que você se importa.

— Quando você... ficou tão...

— Menos idiota? — completo, mas não era nem de longe o que ele queria dizer, pois ao mesmo tempo ele diz:

— Cheia de ódio por mim.

Troço o peso de uma perna para a outra e sinto os cortes começarem a coçar de novo. Lembro da farinha e dos ovos do outro dia e meus olhos começam a encher de lágrimas novamente, o sentimento de vergonha se junta com o desprezo que sinto por mim mesma por não conseguir odiá-lo.

— O que esperava? — Me aproximo devagar, até estar bem a sua frente cheia da coragem que jamais imaginei que teria — Você curte as minhas custas desde o começo do ano, faz piadas, me usa de saco de pancadas, ridiculariza tudo que eu faço! — estou quase cuspindo as palavras na sua cara, mesmo que ele seja bem mais alto, não estou intimidada — Você me odeia!

— Não! — Grita em resposta. Paro a sua frente e suas mãos saem dos bolsos para tocar o meu rosto mas ele segura meu braço de novo e levanta a manga da jaqueta que estou vestindo — Fez isso por causa dele? Fez de novo?

A raiva em seus olhos é tão confusa para mim quanto o que ele está dizendo. Ele? De quem ele está falando? Lembro da conversa que ele teve no outro dia nos armários, mas ele não pode estar falando de Taehyung, o que ele teria a ver com as mutilações dos meus braços? É quase ridículo se pensar que o bullying dele poderia ter muito mais peso nisso do que qualquer outra coisa.

— Não sei do que você está falando. — Puxo o braço de volta e empurro o punho da jaqueta para cobrir os arranhões de novo — Por que de repente decidiu bancar o amigo preocupado? Você deixou de ser essa pessoa a muito tempo, Josh.

— Nix, — pigarreia ele, tenho a impressão de que ele está com dor, porque a expressão corporal dele está limitada e ele parece estar engasgando — por favor. Não faça de novo.

— Isso não é da sua conta.

— Escolha você dessa vez. — Seus olhos estão firmes em mim, firmes nas lágrimas que me escapam — Não faça aquilo de novo.

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⏰ Senast uppdaterad: Nov 26, 2023 ⏰

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