135 - Amnésia

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                                          POV BECKY



O vazio dentro de mim era a minha resposta. O meu útero estava seco, oco, sem vida... Sem vida! Meu choro aumentou ainda mais. Escutava a voz de Freen, sentia o seu toque, mas isso não impedia de me arrastar para o abismo de dor que explodia o meu peito e me deixava fora de mim.

Fracassei. Perdi os meus filhos por ser uma inútil. Sou culpada do que aconteceu. O meu papel era sempre protegê-los e eu não fui mulher o suficiente para isso. Não fui mãe o suficiente... Eu não era nada, eu não sou nada.

— Oh meu Deus... — choraminguei alto, encolhendo-me no leito.

O meu baixo ventre se contraiu em uma dor latejante, parecia que estava sendo rasgada. Escutei a Freen dizer alguma coisa e pedir para que eu não fizesse isso. Mas a dor física não era comparada a dor da minha alma.

Minha alma estava manchada com o enegrecido da dor.

As mãos de Freen seguraram o meu rosto, suas palavras chegavam aos meus ouvidos, mas eu não compreendia, o meu choro se tornava cada vez mais alto até que se tornaram gritos. Eu queria arrancar o meu coração de dentro do meu peito para que não doesse tanto.

Por que, meu Deus? Por que está fazendo isso comigo? Por que está me deixando sentir essa dor? Por que não permitiu que eu tivesse os meus meninos vivos? Por quê?

O que eu fiz para merecer isso? O que a Dulce fez?

Abrir a minha boca em busca de ar, minhas lágrimas enchia a minha garganta e de alguma forma me sufocava. Uma grande parte de mim não se importou. Eu queria morrer... Só queria morrer... Só quero morrer.

— Becky... — chamou agoniada. Suas mãos acariciavam o meu rosto. — Olhe pra mim, por favor...

Balancei a cabeça em negativo, as lágrimas escorriam em abundância dos meus olhos. Não conseguia abrir os meus olhos e encarar á Freen sabendo que eu sou a culpada pela a des*graça que tinha recaído entre nós.

— Meu amor, por favor... — pediu sua voz tão dolorosa quanto a dor que me corrompia.

Um frio me corrompeu, forte e destruidor. O meu queixo tremia descontroladamente, os meus dentes bateram um contra o outro produzindo um barulho. Não conseguia me controlar.

Eu só queria não sentir. A pressão das mãos de Freen em meu rosto, mesmo que leve, me fez abrir os olhos... Encontrei os seus olhos castanhos apagados... Repleto de dor e tristeza, mas no fundo, tinha aquele amor incondicional por mim que me fez perceber que eu não era merecedora dele... Eu fracassei.

— Não! — gritei, olhando para ela. — Eu sinto tanto... — minha voz morreu rompendo outra vez num choro angustiante.

— Eu sei meu amor... — me abraçou apertadamente. — Eu sei... Tudo vai ficar bem... — me disse, mesmo querendo ser forte, sentia suas lágrimas molhando o meu o ombro.

Agarrei-me em Freen, minhas mãos seguraram firmemente na sua blusa. Ser acolhida em seus braços me causava conforto, mas não era o suficiente para aplacar o vazio dentro de mim. Esse buraco negro que me sugava cada vez mais.

— Eu sou um fracasso... — murmurei entre o choro, meus pulmões pareciam que estava se dilatando pela força do pranto.

— Não! — contestou, suas mãos acariciaram os meus braços e depois se afastou um pouco para me olhar. Os seus olhos tinham tanto carinho... Ela limpou com as mãos as minhas bochechas molhadas. — Você não fracassou em nada, como pode me dizer isso?

True Love - FreenBeckyWhere stories live. Discover now