(2) SINFONIA DA CONDENAÇÃO

218 33 6
                                    

“_ A liberdade é pouco, oque desejo ainda não tem nome_”  CLARICE LISPECTOR

Hoppla! Dieses Bild entspricht nicht unseren inhaltlichen Richtlinien. Um mit dem Veröffentlichen fortfahren zu können, entferne es bitte oder lade ein anderes Bild hoch.

“_ A liberdade é pouco, oque desejo ainda não tem nome_”  CLARICE LISPECTOR

Um dia inteiro havia se desdobrado desde os eventos perturbadores da noite anterior, deixando um rastro de inquietação na vida de Lucerys. Determinado a encontrar alguma normalidade, ele se imergiu na tarefa meticulosa de consertar cada objeto quebrado em sua casa, buscando refúgio na reparação física enquanto tentava afastar os resquícios dos acontecimentos bizarros que assombravam sua mente.

Cada peça que ele restaurava parecia ser um elo simbólico com a estabilidade que agora lhe escapava. A fragilidade de seu corpo, confirmada pelo demônio, pairava como uma sombra sobre sua existência. O declínio era evidente, e a perspectiva de uma longevidade sombria o impelia a considerar o pacto proposto. Contudo, o que teria a perder? Sem amigos ou família para lamentar sua partida, Lucerys mergulhou em reflexões profundas, carregando um pesar considerável em seu coração.

Seu olhar, repleto de melancolia, recaiu sobre o violino amado que repousava no canto empoeirado da parede. O instrumento, outrora palco de melodias apaixonadas, permanecia silencioso e envelhecido. Cada marca de tempo contava uma história de anos sem as notas que costumavam ecoar através de suas cordas. O violino, como uma testemunha muda do passado, clamava por um renascimento musical que havia sido negado por tempo demais.

Lucerys emergiu de seus devaneios como se acordasse de um pesadelo, uma urgência nervosa o impeliu na direção do celular. Com dedos trêmulos, ele digitou, meticuloso, o número do demônio, enquanto o aparelho chamava incessantemente, cada toque ecoando como uma contagem regressiva de um destino incerto. Seu coração, uma orquestra de ansiedade, batia freneticamente, as pulsações ressoando em seus ouvidos como tambores de guerra. Suas mãos, outrora estáveis, agora exibiam uma dança desordenada de nervosismo, o suor escorrendo por entre seus dedos. Quando, finalmente, a ligação foi atendida, a tentação de desligar tornou-se uma súplica silenciosa, oscilando entre o desconhecido e a coragem hesitante.

O telefone rangia suavemente, amplificando a sensação de suspense que pairava no ar. A voz rouca do interlocutor ecoou, entrelaçada com sombras de malícia, criando uma teia de mistério ao redor de Lucerys Velaryon.

—Aceito a sua proposta, minha alma e a sua— a voz firme de Lucerys rompeu o silêncio, enquanto um sopro gélido brincava com seus cabelos cacheados. Uma respiração pesada, carregada com o aroma intenso de tabaco, denunciava a presença enigmática de uma segunda pessoa no cômodo, reacendendo memórias do encontro com o demônio na noite anterior.

—Lucerys…— uma melodia envolvente ressoou, enchendo o espaço com uma tensão palpável. —Tem certeza de que é isso que você deseja?— O rosto do demônio permanecia sério, mas sua beleza renascentista adquiria uma aura enigmática.

Lucerys virou-se abruptamente, deparando-se com um homem de cabelos platinados e olhos penetrantes que pareciam desvendar segredos profundos. O moreno travou, sua respiração congelando como se breves segundos se estendessem indefinidamente.

THE DEVILWo Geschichten leben. Entdecke jetzt