Lucerys Velaryon nunca se considerou uma pessoa religiosa, entretanto, quando a oportunidade da glória eterna bate à sua porta, vestida em um terno preto com cabelos prateados, o jovem rapaz não hesita em vender sua alma. Em meio a escolhas sombrias...
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"__A razão e a verdade raramente se manifestam por si mesmas; precisam do calor humano para florescer__"
- Edgar Allan Poe
O castelo mergulhava no silêncio, uma presença sinistra dominava o ambiente, como uma energia pesada que oprimia até os demônios servos do lorde das trevas. O salão principal, envolto em trevas, era iluminado apenas pela luz natural da lua. Aemond permanecia lá, seu corpo banhado em sangue fresco, assim como cada canto do recinto, onde um sigilo macabro se desenhava no chão, feito de sangue e animais mortos.
—Ouça minha voz e atenda meu chamado, Arcanjo Miguel — ressoou a voz do rei demônio, evocando a presença de seu irmão mais novo.
Um estrondoso raio cortou os céus, tanto do inferno quanto do mundo humano, seguido pelo sopro das belas asas de Miguel ecoando pelo salão.
—Você usou o sigilo enoquiano, isso é jogo sujo, Samael — acusou o arcanjo, aprisionado no chamado do mais velho.
Aemond recorrera a um antigo feitiço capaz de prender anjos e arcanjos. Os seres celestiais só poderiam escapar do sigilo se o conjurador assim desejasse, tornando-os seus escravos.
—Por que o céu deseja a morte de Elijah? — questionou o mais velho, direto ao ponto.
—Não posso acreditar que esse idiota veio atrás de você novamente — disse Aegon ao sentar-se no centro do sigilo, exibindo suas asas.
—Responda minha pergunta — exigiu Aemond. Não havia espaço para brincadeiras naquele momento, e ele não hesitaria em torturar seu irmão para obter respostas.
—Imagino que aquele tagarela tenha lhe contado tudo — o mais novo falou. — Me arrependo até hoje de ter escolhido aquele imbecil para me ajudar, mas como dizem, "quem não tem cachorro, se procura com gato" — completou.
—E o que você quer dizer com isso? Seja direto, não tenho paciência para seus joguinhos — falou o rei demônio, visivelmente irritado.
—Simples, eu precisava de um receptáculo para guardar a Estrela da Manhã — Aegon explicou. — Todos que eu escolhia acabavam sucumbindo à loucura e matando tudo e todos, mas quando entreguei a Estrela da Manhã para seu querido príncipe humano, ele não fraquejou — disse, com naturalidade.
—Mas... — Aemond sentiu suas pernas tremerem — O que você está fazendo com a espada celestial do nosso pai, Aegon? — sua voz estava falha.
—Estou tentando protegê-la da ganância de Gabriel — respondeu.
—Nossa irmã quer a Estrela da Manhã? — indagou o rei demônio, surpreso.
—Sim, desde que você caiu, nosso pai não fala mais com ninguém — o mais novo disse, com um olhar distante. — Os céus estão em caos, e Gabriel simplesmente enlouqueceu, dizendo que vai tomar o lugar de Deus, e há aqueles que concordam com sua decisão — acrescentou.
