(7) ECLIPSE DA SEDE

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"Não sei quantas almas tenho

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"Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei." -

Fernando Pessoa

  Lucerys despertou naquela manhã com gritos ecoando de um pesadelo que já se esvaíra de sua memória ao despertar. Ao fitar o canto sombrio de seu quarto, deparou-se com Azariel, exibindo sua habitual expressão antipática. Contudo, hoje, ele não estava propício a tolerar as provocações dela.

— Bom dia, Azariel — murmurou relutante. — Já disse que não é necessário estar aqui todas as manhãs. Eu sei me virar sozinho.

— Não estou aqui por escolha própria. Meu senhor ordena, e eu obedeço — pronunciou Azariel, sua voz suave carregada de veneno. — Não imagine que estou aqui por você, pois, se dependesse de mim, você não compartilharia o mesmo ar que meu senhor— Lucerys se aproximou lentamente da demônio, como um predador prestes a atacar sua presa.

— Escute bem, Azariel — sua voz era uma ameaça sussurrante. — Diga mais uma asneira como essa sobre minha existência, e juro por minha própria essência que a última coisa que seus ouvidos captarão saindo desta boca será o som agônico de gorgolejos— seu corpo mais baixo colocava-se perigosamente próximo à ruiva.

— Você realmente acredita que sua praga irritante me amedronta? — Os olhos de Azariel faiscavam como chamas ardentes. — Você não passa de uma barata medíocre no meio dos grandes. Se eu fosse você, reconheceria seu lugar de inferioridade— tensão no quarto era palpável, como se a simples faísca de uma palavra pudesse incendiar o ambiente.

O moreno, em um surto de raiva descontrolada, sem entender como, lançou a demônio a vários metros de distância, fazendo-a voar pela janela em meio a um caos de pétalas de roseiras no jardim. Antes que pudesse absorver a magnitude do que havia feito, viu a figura furiosa da mulher erguendo-se, pronta para retalhá-lo.

Sem hesitação, ele a arremessou novamente com uma força ampliada, decidido a evitar que a ruiva se erguesse e o ameaçasse novamente. Desta vez, investiu com fervor, imobilizando-a implacavelmente.

— Escute bem, Azariel — a voz do moreno era um sussurro ameaçador, quase inaudível sobre o tumulto que os cercava. O chão tremia violentamente sob seus pés. — Eu vou te matar. Vou mergulhar em seu sangue, e será um prazer indescritível que você nem pode conceber— enquanto falava, o solo parecia responder ao turbilhão de emoções, ecoando a intensidade do confronto.

— Depois, irei para a cama com Aemond, e juntos exploraremos fronteiras que nem a mente mais fértil deste lugar ousaria imaginar. Ele não fará nada em relação à sua morte, porque a única insignificante no meio dos grandes aqui é você — ele apertou ainda mais a garganta da ruiva, com sua expressão feroz.

THE DEVILWhere stories live. Discover now