Capítulo 7 - Luz da Geladeira

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Após uma noitada, ela finalmente retornou ao seu apartamento. Deixando para trás as bajulações e elogios vazios de Sharon, bem como as incessantes investidas de homens que estavam interessados apenas em sua fama e dinheiro. Ela sentia-se exausta e desgastada pelo espetáculo constante em que sua vida se transformara. Enquanto caminhava em direção à porta de seu apartamento, os pensamentos tumultuados preenchiam sua mente. Ao abrir a porta, o silêncio do apartamento a envolveu, proporcionando um vislumbre de paz e tranquilidade em contraste com a agitação do mundo exterior. A sala parecia ser seu refúgio, onde ela podia ser ela mesma, sem o peso das expectativas.

Helena estava com uma caixa de ameixa que ela havia comprado em uma barraca antes de ir à boate, ela sabia que ele amava ameixas, apesar do motivo por trás da devoção pela fruta. Ameixas auxiliavam na memória, para ter a memória mais forte, e ele tinha medo de perder suas lembranças de novo.

Bucky estava no banho quando ouviu o barulho da porta sendo destrancada, ele sabia que era ela, seu encontro havia sido um desastre, ele parecia não saber falar com uma mulher, não como antes, não como falava abertamente com Helena.

Quando ele foi a cozinha, encontrou a garota comendo a sobra de alguma pizza que ela havia deixado na geladeira, ela parecia triste, exausta, e ele queria saber onde ela havia se metido, pois estava tão arrumada, tão bonita.

— Noite ruim? — ele perguntou se aproximando.

— Encontro ruim? — ela rebateu percebendo as rosas-vermelhas em cima do balcão.

— Onde você tava?

— Sai com a Sharon, ela queria falar sobre uma missão, e ela quer que você vá — Helena explicou.

— E o que você acha disso? — Bucky perguntou sabendo que ela era responsável por ajudá-lo a não machucar mais ninguém.

— Se você quiser, se acha que ta pronto — ela comentou deixando bem claro que a decisão estava nas mãos dele.

— Resolvemos isso amanhã — ele comentou.

— Como foi o encontro? — Stark perguntou curiosa, já que ele havia levado um buquê de rosas para o apartamento.

— Ela parecia ser legal — Bucky informou.

— Parecia? O que aconteceu?

— A gente conversou, contei sobre os encontros online — ele disse sorrindo e isso fez com que Helena sorrisse também.

— Você odiou isso de encontro online né? — Helena perguntou.

— É muita loucura, varias fotos esquisitas, tipo foto com tigres — ele comentou e a garota ficou imaginando as piores coisas do mundo — ela disse que eu falo como pai dela — Stark soltou uma gargalhada sincera.

— Desculpa, mas você fala como um velho — ela disse tapando a boca com as mãos tentando não rir.

— Depois a gente jogou um jogo, batalha naval, eu acho, a gente tava bebendo e depois... eu saí — Bucky disse e ela ficou o encarando.

— Yori?

— Olhou meu caderno? — Bucky perguntou um tanto desconfiado.

— Não — ela disse achando que ele iria brigar com ela.

— Não consegue controlar né? Leu minha mente — ele concluiu.

— Me desculpa, eu não consigo controlar.

— Ta... não tem problema — Bucky disse entendendo como ela se sentia, não conseguir controlar parte de si era terrível.

— E as rosas? — Stark perguntou olhando para o buque.

— São pra você, como um pedido de desculpas sobre ontem — Bucky disse olhando nos olhos dela.

— Sabe, eu passei em uma barraca hoje, e trouxe isso — disse mostrando as ameixas — pedido de desculpas por ontem — ela informou entregando a caixinha de ameixas — não precisamos falar do que aconteceu, se quiser podemos fingir que nunca aconteceu nada.

— Por mim tudo bem.

— Okay.

— Okay.

Naquela cozinha, um silêncio opressivo tomou conta do ambiente. Era como se o tempo fosse suspenso, e ambos se encontravam imóveis, evitando o contato visual. O constrangimento era palpável, e a atmosfera estava impregnada de tensão. Os ponteiros do relógio pareciam se mover em câmera lenta, acentuando a falta de diálogo e a incompreensão mútua. Cada detalhe da cozinha ganhava destaque nesse silêncio profundo, desde os utensílios cuidadosamente posicionados até as panelas brilhantes e intocadas.

— Helena... eu... sinto muito pelo Tony, sei como é difícil pra você ficar sem ele — Bucky disse olhando para a garota a sua frente que no mesmo momento em que ouviu aquelas palavras, seus olhos azuis se encheram de lagrimas.

— Ele era tudo pra mim, e do nada, eu perdi ele, pra que o universo sobrevivesse — ela respondeu enquanto enxugava as lagrimas.

Bucky, em seguida, pegou seu celular e escolheu uma música calma que Helena gostava. Ele caminhou até o interruptor, desligou a luz e, em seguida, abriu a porta da geladeira, deixando apenas a luz do eletrodoméstico iluminar o ambiente. O clima se tornou acolhedor e relaxante, já que a música e a iluminação suave proporcionam uma atmosfera tranquila.

— Quer dançar?

— Quê?

— Eu não faço isso desde 1943, Helena Stark, quer dançar comigo com apenas a luz da geladeira? — Bucky perguntou ao lado da garota com a mão estendida pra ela.

— Ta bem — ela disse colocando sua mão suavemente em cima da mão dele — Safe & Sound? Jura — ela perguntou já com os braços no ombro dele.

— Você adora essa — ele respondeu colocando as mãos na cintura dela.

— Não, você adora essa — ela rebateu enquanto eles entrelaçavam as mãos.

Com passos lentos, os dois começaram a dançar. Era uma dança suave, sincronizada. O ritmo da música preenchia o ar enquanto eles se moviam no compasso. A cada passo, uma troca de olhares, uma conexão palpável. Era como se o mundo ao redor não importasse mais, apenas eles e aquele momento.

A medida que a melodia evoluía, eles não conseguiam conter o riso. Riam um do outro, dos movimentos desajeitados e sorrisos bobos. Era uma risada gostosa, que transbordava alegria. O contato físico dos corpos entrelaçados, o toque das mãos, tudo isso fazia parte do encantamento, daquele conforto. O sorriso estampado nos rostos revelava a felicidade plena que aquele momento lhes trazia.

Recomendo ouvir para entender o significado da música com a cena.

Dark FireWhere stories live. Discover now