Capítulo 3 : Medico improvisado

138 29 280
                                    

Passaram por inúmera barracas e vendedores ambulantes, alguns vendiam poções, outros armaduras e armas velhas disfarçadas de novas, a maior parte com nódoas de ferrugem mas nada das lojas que vendiam aquilo que ele procuravam...comida. Era o essencial mas só ficava mais para o interior de mercado onde as pessoas se empurravam para conseguirem os melhores alimentos ou os menos estragados, o que facilitava a tarefa aos irmãos. Normalmente era Bill que roubava enquanto Bell distraia os vendedores, um método que provou ser bastante eficiente.

Nesse dia foi a vez de uma velha rabugenta que era muito além de mal-educada para todos os que lhe vinham dar trela para que ela lhe baixasse os preços, mas no caso de Bell era diferente, ao ser elogiada por um jovem tão inocente como Bell aparentava ser, ficava quase que hipnotizada na sua conversa.

-Bom dia senhora Crufss – Cumprimentou Bell exibindo um enorme sorriso para a velhota – Está especialmente bonita hoje já lhe disseram – elogiou-a tentando ignorar a verruga que a velha tinha debaixo do olho esquerdo.

-Bom dia para ti também Bell – Disse a velha entre risinhos mostrando os dentes podres e tortos – sabes que és o único rapaz decente por aqui nenhum destes homens entende a beleza quando a vê – Dirigindo-se particularmente a um homem que olhava a sua barraca á algum tempo –Se não vais comprar põe te a andar, não há quem me roube - E ironicamente Bell via Bill a tirar maçãs aos montes da barraca da senhora Crufss pondo-as de imediato dentro de um saco, enquanto Bell a mantinha de costas para Bill, possibilitando que ele rouba-se mais mantimentos além de maçãs, afinal não iriam sobreviver só a comer maçãs.

-Senhora!!!!!!! está a ser roubada – Gritou um homem que passava ao mesmo tempo que Bill fechava os sacos com uma corda embrulhando-os em uma rede.

-Eu já ouvi essa muitas vezes – Reclamou a velha. 

Bill rastejou rapidamente por baixo da mesa, que a senhora Crufss tinha coberto com um pano vermelho onde ela pousava o que tinha para vender, deu um pequeno pontapé ao irmão, evitando os enormes pés da senhora Crufss que não cabiam nos sapatos velhos que ela usava, avisando-lhe que estava na hora de ir e no mesmo momento desatou acorrer do seu esconderijo em direção à enorme multidão que estava de olhos cravados nele, juntamente com quatro sacos nas suas costas e um pano a tapar a sua cara para que ninguém soubesse quem ele era.

-As minhas mercadorias! – Gritava a velha exaltada, enquanto saia da barraca aos tropeções tentando seguir o ladrão, quando Bell começou acorrer também atrás do ladrão - Isso Bell vai atrás desse canalha - Bell até que começou por seguir a mesma direção que o irmão, mas quando já estava longe de olhares curiosos é que tomou um rumo diferente. Assim a sua história sobre a perseguição ao ladrão seria credível assim como a fuga do mesmo e ninguém suspeitaria que ele e o ladrão estavam a coopera.

Bell dirigia-se a um monte de becos estreitos formados por casas improvisadas, um dos vários caminhos que o iriam levar ao sítio onde ele e o irmãos normalmente se encontravam para dividir o que Bill roubava e posteriormente se dirigirem para casa.

Como Bell não carregava nenhum dos sacos roubados, tinha de seguir pelo caminho mais difícil até chegar ao ponto de encontro, e isso envolvia muitas vezes becos estreitos, cheios de lixo ou obstáculos que lhes dificultavam a corrida, e por outras vezes Bell tinha de atravessar as ruas lotadas de gente e ocasionalmente um ou outro guarda. Bell corria o máximo que conseguia, precisava de balanço, saltou para cima de uma caixa de madeira saltando em seguida para uma viga metal que estava atravessada no meio do beco como se simplesmente tivesse sido deixada ali, o que ajudava Bell na subida. Não foi um salto perfeito, tinha-se agarrado com as mãos á borda da viga em vez de cair e cima dela como planeado, a partir daí a subida tornou-se mais fácil saltando de janela em janela até chegar ao telhado das casas onde Bill lhe estendia a mão para o ajudar a subir. Bell estava com os dedos cansados de tanto se empoleirar nas janelas e na viga e não resistiu à ajuda do irmão, ambos ficaram a descansar em cima da casa a comer duas saborosas maçãs e a acalmar da corrida, enquanto viam a velha rabugenta a queixar-se a alto berros do ladrão.

Portadores de sonhosWhere stories live. Discover now