Capítulo 15: Hospitalidade

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Os dois irmãos seguiram a rapariga por mais algumas ruas até chegarem a uma casa diferenciada. Tão cheia de cores e plantas, até se viam algumas raízes penduradas da varanda, o que a diferenciava bastante das outras casas, no entanto nem Bell ou Bill deram muita importância a isso.

Assim que os dois irmãos entraram Catria fechou a porta e guiou-os pela casa, a diferença entre a sua casa e a de Catria era gritante. Começando pelo chão de soalho, iluminado pelas pequenas chamas que brilhavam dentro das lamparinas do candeeiro pendentes do teto, tão límpido e brilhante que quase que dava para ver os seus reflexos na madeira, as paredes  decoradas com fotos da família onde entre quatro figuras Bill e Bell só reconheciam Catria mesmo não a conhecendo á muito tempo. Estavam diante de um corredor largo que depois de algum espaço se dividia em outros três corredores.

Ao lado esquerdo dos irmão o corredor continuava e dava para cinco portas, provavelmente os quartos da família e alguma casa de banho, á sua direita o corredor prolongava-se um pouco menos até chegar a um cômodo bem iluminado de onde vinha o tal aroma, e á sua frente erguia-se uma escada em caracol de metal até a uma porta no teto...talvez um sótão?

-É a biblioteca pessoal do meu irmão e do meu pai - Respondeu Catria satisfazendo a curiosidade dos irmãos.

-Filha estás em casa? - Perguntou uma voz extremamente grave e zangada,

-Sim papá já cheguei - Respondeu ao mesmo tempo que seguia para o cômodo mais iluminado - E se não te importares eu convidei uns amigos para jantar conosco.

Ouviu-se um barulho vindo do cômodo iluminado, era como se uma rocha caísse de súbito naquele chão impecável. Catria correu pelo corredor para ver o que tinha provocado o barulho, mas quando lá chegou seguida de Bill e Bell não havia sinal de nada que tivesse sido derrubado.

-Então querida? - Perguntava um homem extremamente alto e corpulento.

Vestido com aquilo que poderiam ser jardineiras verde-escuro com uma camisola branca por baixo e botas castanho escuro. No entanto o que chamava mais a atenção para o homem além da sua estatura era a sua barba farta e o cabelo castanho encaracolado que apenas não o tornavam numa figura ameaçadora devido ao enorme sorriso e também por estar de pé apoiado numa cadeira bem mais pequena que ele.

-Estás bem? ouvi um barulho e tive medo que tivesse acontecido alguma coisa - Continuou Catria preocupada.

-Não, está tudo bem - Respondeu ao mesmo tempo que se aproximava para enroscar a filha num abraço enorme - Estes dois são os teus amigos? - Perguntou enquanto esticava a mão para os cumprimentar exibindo a sua pele bronzeada e marcada pelo sol dos dias tórridos da estação.

-O que é esta animação toda? - Perguntou uma mulher que acabava de entrar naquilo que pelo doce aroma que provinha das panelas ao lume, o ar familiar e tranquilo, a mesa cuidadosamente posta para quatro pessoas, os alimentos espalhados pelos balcões e os inúmeros armários de madeira só podia ser a cozinha.

-Minha querida - Começou o homem num tom orgulhoso - a nossa filha convidou uns amigos para vir cá jantar.

-Quantos mais à mesa melhor - Concordou a mulher num tom gentil enquanto sorria alegremente para os irmãos - Pelo aspeto não são daqui e pelo estado das roupas acabaram de chegar e não tem onde ficar, além disso os pedaços queimados das vossas roupas sugerem que estiveram num incêndio se tivesse de adivinhar diria que vieram da esquecida.

-Hã?? - Foi a única coisa que os irmãos disseram, estavam de boca aberta pela forma como a mulher descobriu tanto sobre eles com tão pouco.

Em poucos segundos soube de imediato de onde eles vinham e que eram novos na cidade, algo que os deixava impressionados e assustados ao mesmo tempo. Bill calculou quanto tempo demorava para chegar á porta de entrada e conseguir fugir contudo não estava muito confiante em dar as costas para pessoas desconhecidas nem convencido que o irmão o acompanharia.

Portadores de sonhosWhere stories live. Discover now