Portadores de sonhos

Capítulo 5: Seguindo a presa

Bell tinha finalmente chegado a casa já com a desculpa perfeita na ponta da língua esperando que o irmão o encarasse com aquele olhar mortal assim que abrisse a porta, no entanto a sua desculpa tão bem elaborada não foi necessária. Bill não estava à sua espera, algo um pouco fora da rotina, normalmente era ele que chegava primeiro e que lhe pedia justificações de onde tinha andado. Bell aproveitou pelo facto de Bill ainda não ter chegado a casa para arrumar o seu estojo dentro do seu baú. Depois de ter arrumado o estojo em um canto do baú, Bell ouviu a porta da entrada a abrir e passos arrastados a dirigir-se para o quarto, apressou-se a fechar o baú e a sentar-se no colchão duro com o lençol puxando para os pés da cama.

O puxador da porta rangeu ao movimento de Bill que entrava no quarto pronto para se atirar para o colchão.

-Bill? - Perguntou Bell quando viu o irmão cair redondo na cama.

-Que foi? - Murmurou Bill com a cabeça enterrada na almofada.

-Então tu entras aqui e atiras-te para a cama e nem cumprimentas, onde é que tu estiveste?

-Não tenho de dar justificações a quem chega sempre atrasado - defendeu Bill ainda com a cara enterrada na almofada.

-Olha eu vou sair outra vez vou á mina, esperava que viesses comigo mas parece que estás muito cansado para ires - Disse enquanto se dirigia apressadamente para a porta.

-Porque vais à mina? - Perguntou com a voz abafada.

-Um homem pediu para eu levar uma encomenda a um senhor - Mentiu Bell - Que encomenda? - Continuou Bill.

-Uma carta - respondeu Bell preocupado com a desconfiança do irmão.

-O que diz a carta?

-É sobre umas encomendas, sabes coisas para a mina e mais qualquer coisa - Continuou a mentir.

-Bell? - houve uma pequena pausa onde só se ouvia a respiração pesada de Bell e os murmúrios de Bill - Foste ver a kukka e a Rosa outra vez - Perguntou por fim enquanto rodava a cabeça na almofada para falar melhor.

-Sim - Desculpou-se Bell arrastando a voz num suspiro, já não adiantava mentir nem sequer fazia sentido ocultar a verdade do irmão, mas a vida de Barrel estava em perigo e ele não podia perder tempo - Mas escuta o Barrell está muito doente e...

-Eu sei que ele está doente...suspeitei que andavas a perder muitos sacos ultimamente, portanto segui te em uma das vezes que nos separamos, eu vi o que tem o Barrell , se é para o ajudar é melhor não perdermos tempo aqui.

-Espera, porque não falaste comigo antes? - Reclamou Bell

-Havia alguma necessidade a mina estava fechada devido a um incidente aqui atrás, coincidentemente foi na mesma altura em que o Barrell começou a piorar, devem ter pensado que o perigo passou e decidiram reabri-la.

-Espera isso quer dizer que não estás chateado - Reagiu Bell muito surpreso.

-Eu chatear-me por o meu irmão ajudar alguém - Bill riu-se levantando a cabeça da almofada e virando-se de barriga para cima - Se eu me chateasse por cada pessoas que ajudas nós já não seríamos irmãos - fez uma curta pausa - no entanto não posso permitir que vás á mina sozinho.

-Isso quer dizer que vens comigo? - Disse Bell ainda mais surpreso que da última vez.

Bill levantou-se e dirigiu-se ao seu baú - Mas vamos precisar disto - Disse enquanto abria o baú e tirava duas máscaras estranhas de um saco castanho - Não queremos ficar como o Barrel, caso o problema tenha a ver com algum tipo de gás.

Bill prendeu um saco às suas costas que continha as máscara, duas cordas e dois cantis de água, além disso levava o punhal que estava na sua respectiva bainha mesmo por baixo do saco. Bell colocou o estojo no seu saco além de, comida, duas candeias, e um kit de primeiros socorros com ligaduras e uma substância que tinham roubado juntamente com uma mala cheia de frutas que supostamente estancava os sangramentos, foi um roubo acidental o que lhes interessava mesmo era a comida e não tinham ideia de que o frasco estava ali, só souberam o que era quando estavam a arrumar a comida e viram o que estava escrito no rótulo do frasco.