Capítulo 17: A doença

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Bell teve de se acalmar um pouco antes de bater á porta do velho Bonzai, respirou fundo antes de bater, tentando esconder o seu entusiasmo. No entanto Bell não se conteve quando a porta se abriu, questionando-se depois de entrar se o velho Bonzai não fosse assim tão velho e tivesse ganho um par de seios. 

Quem lhes abriu a porta não foi como eles esperavam o velho Bonzai, mas sim uma mulher jovem que dizia ser a assistente dele e que de momento o Bonzai estava a realizar uma operação e não os podia atender a menos que esperassem um par de horas. Sem muita escolha Bell aguardou pacientemente enquanto Catria o tentava convencer a desistir com medo de que Bell ficasse arrasado quando o velho Bonzai o rejeitasse. Bell manteve-se firme e esperou observando todos os pormenores do consultório, era um espaço fechado, sem decoração tirando alguns móveis de madeira e as janelas que iluminavam o interior do consultório. Sem contar com a porta que dava para a rua só havia mais duas portas do lado contrario á porta de onde tinham entrado.

-Célia eu administrei uma dosagem um pouco mais alta de Serina ao paciente do que era esperado anota onde tu quiseres, depois temos de ir comprar mais dosagens de Marcília precisei de usar mais do que estava a contar, é melhor reabastecer antes que terminem - Ordenou um pequeno homem delgado que acabava de sair de uma das salas ao mesmo tempo que descalçava as luvas e as deitava fora.

-Certo...senhor? - Chamou a mulher com medo daquela pequena figura - estão aqui dois jovens para falar consigo.

-Vocês os dois parecem me bem - Proferiu o homem com desconfiança ao mesmo tempo que coçava a barba branca - A menos que o dano seja interno eu não vejo motivo para virem aqui .

-Eu quero que você me ensine!! - Exclamou Bell muito ansioso pela resposta de Bonzai.

-Para isso encontra um professor - Cuspiu o velho dando meia volta.

-Não quero que me ensine magia, mas sim o que devo fazer para ajudar as pessoas sem recorrer à magia - Esclareceu Bell com esperança que Bonzai muda-se de atitude.

-Queres ajudar as pessoas? - Bonzai olhou por um instante para Bell - torna-te num guarda eles protegem as pessoas.

-Mas eu quero poder curar doenças, livrar as pessoas das suas dores!! - insistiu Bell

-Então vira um sacerdote ou um clerico, curas as pessoas e ainda ganhas mais do que eu - respondeu virando costas.

-Eu não ligo muito para a religião - respondeu Bell.

-Já somos dois, por mim podia queimar todos numa enorme fogueira que eu ia ser o primeiro a tirar as minhas roupas e a dançar a volta dela - comentou com desprezo.

-Eu avisei que ele não seria fácil, ele não gosta de tudo de crianças - sussurrou Catria ao ouvido de Bell.

-Obvio que não gosto, quem gostaria de pestes de meio metro de altura, cheias de ranho e mãos pegajosas a correr pelo seu consultório? - Bonzai já estava de tal modo irritado que dava para ver as veias salientes na sua cabeça careca - além disso o que uma criança saberia sobre medicina, sabes quantas propriedades diferentes tem a flora de cada ambiente? O nosso trabalho raramente vai ser aparecer em um consultório tudo equipado e esterilizado - acusou Bonzai acalmando-se subitamente, pensando que tinha desencorajado o jovem.

-E se você o testasse? - Sugeriu Catria um pouco receosa e á espera que Bonzai não a chuta-se para fora da porta.

-Não devias estar a fazer arranjos ou algo do gênero? Eu sou uma pessoa muito ocupada.

-Acabou de pôr o seu único paciente a dormir, suponho que pode perder um minutinho - avisou a enfermeira metendo-se á conversa.

Bonzai dirigiu-lhe um olhar de morte antes de se virar para os dois jovens, esfregando os olhos com a ponta dos dedos como sinal do seu cansaço

Portadores de sonhosWhere stories live. Discover now