Capítulo 8: O predador

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Bill caminhou até a mesma praça onde tinha ido buscar com Bell o último ingrediente para o antídoto, e sentou-se nos pequenos degraus observando os mercadores, cada um com a sua tenda e os seus artigos. Aquela zona era somente para joalheria, normalmente não ficavam lá muito tempo no máximo dois ou três dias, uma vez que não havia tanta gente assim com dinheiro para comprar as peças que estavam à mostra, a maioria das pessoas da cidade ou viviam do campo, da mina, ou de outros trabalhos menores, era um mistério para Bill como ainda havia certos comerciantes que ainda não tinham desistido daquela cidade. No entanto havia sempre pessoas de fora que vinham atrás desses vendedores, uma vez que havia sempre alguém que procurava um item específico, um anel, um colar, algo que pudesse andar sempre consigo.

Bill observou durante algum tempo um comprador em particular que estava constantemente a reclamar com os vendedores. Era alto, tinha cabelo loiro, pele morena, vestia uma armadura completa, tirando o elmo, tinha uma enorme capa azul safira, o peitoral da armadura tinha gravuras douradas e uma joia vermelha mesmo no seu centro, além disso as suas espaldas eram de puro ouro, e nas suas mãos usava duas manoplas ambas com o símbolo do seu Dom gravado nelas.

- «Menino da realeza» - Pensou Bill para si, perguntando-se o que vinha fazer um nobre àquela cidade.

O homem voltou-se para Bill como se tivesse ouvido os seus pensamentos, aproximou-se a largas passadas dele sempre com os seus olhos pretos focados nele. Bem diziam que os olhos eram o espelho da alma, a única coisa que Bill estreia dos seus olhos era pura e simplesmente maldade, ganância, arrogância e o típico narcisismo de quem se acha superior a tudo e a todos.

-Tu plebeu imundo - Disse o homem apontando com um dedo para Bill.

-Eu? - Disse Bill fingindo que não ouvira o comentário do homem.

-Ah - suspirou o homem indignado por estar a falar com uma pessoa que estava tão abaixo de si - Sim, tu saloio, olha eu quero o teu anel toma aqui duas moedas de cobre - As moedas lívidas tilintaram ao baterem no chão.

-Desculpe não está à venda - Respondeu Bill levantando-se para se ir embora.

- Tu por acaso sabes quem eu sou?? - Rosnou o homem atravessando-se á sua frente - Eu sou Emiel Stiel membro da família rosa do ártico, filho de Catamiles, o poderoso mestre de um Inferius, tu nem devias me olhar nos olhos, quanto mais recusar a minha generosa oferta.

-Desculpe sua majestade - Disse levantando-se e fazendo uma vénia irônica, cuspindo de seguida para os pés de Emiel - Mas eu não me importo com os teus insignificantes títulos.

-Criel!! - Berrou o homem como uma criança berra pela mãe quando se magoa.

-Sim meu senhor - Respondeu um homem de fato preto e de luvas brancas, provavelmente um mordomo, que apareceu no preciso instante em que Emiel gritou.

-Porque demoraste tanto seu incompetente.

-Mil perdões meu senhor - Respondeu o mordomo mecanicamente sem se deixar afetar pelos insultos.

-Eu quero o anel que este rapaz está a usar, tira-lhe o anel nem que tenhas de trazer o dedo junto, depois limpa-se, mas antes limpa as minhas botas, sabe se lá que tipo de doenças eles podem ter - Acrescentou fazendo uma cara de nojo.

-Que espécie de homem és tu - Provocou Bill - nem consegues tirar um anel a uma criança, tens de mandar os outros fazerem tudo por ti.

-Muito bem então - Disse Emiel levantando a mão dando sinal ao mordomo para não avançar - Se te ajoelhares e me pedires desculpas eu levo o teu anel sem que o meu mordomo te mostre o teu devido lugar.

-Esquece, amostra de gente - Comentou Bill sem expressão na voz.

-Como te atreves, eu sou a definição de beleza, de coragem, o homem que todas as mulheres desejam, eu sou o ser mais perfeito que há.

Portadores de sonhosWhere stories live. Discover now