Capítulo 4 : Ações vagas

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Bill dirigiu-se para casa arrumar as coisas e deixar tudo preparado para o dia seguinte. Ao ver que Bell se demorava supôs que se tinha metido em alguma trapalhada e que provavelmente ainda ia demorar um pouco, sem muita escolha Bill decidiu dar uma vista de olhos no telhado ,mais concretamente na parte partida do telhado. Foi até ao seu quarto e abriu a janela apoiando os pés no peitoril e subiu para o telhado de madeira e palha. Como suspeitava o pedaço de madeira que Bell colocou para tapar a parte do telhado que estava partido tinha-se soltado deixando um buraco grande o suficiente para passar a sua cabeça.

Bill saltou do telhado usando uma suave brisa de vento para pousar suavemente no chão e entrando em casa só para ir buscar um pequeno balde com pregos enferrujados e um pequeno martelo para os pregar, dirigiu-se para as traseiras da casa recolhendo umas tábuas de madeira que estavam de pé encostadas á casa e voltou para a frente da casa passando alguns minutos preparando-se agora para um novo salto. Bill voltou a saltar para a casa transportando tudo o que precisava e assim que estava com pés bem assentes no telhado pôs mãos ao trabalho, substituindo as placas velhas e podres por umas menos velhas e menos pobres. O telhado até parecia novo com apenas algumas tábuas e poucos pregos colocados estrategicamente para prende las, e por dentro o resultado via-se perfeitamente, já não havia lugar para a luz passar e incomodar o seu ilustre sono.

Bell ainda não tinha voltado e Bill não estava com paciência de ficar á sua espera sem fazer nada, resolveu ir dar uma volta pelo comércio, e uma vez que não estava disfarçado ninguém o reconheceria como sendo um ladrão afinal só um louco é que roubaria sem se disfarçar. Ocultar a identidade era a melhor forma de roubar e não ficar sem uma das mãos, afinal não o poderiam acusar se não vissem a sua cara.

Enquanto andou pelo comércio sem rumo e sem intenção de comprar alguma coisa viu como eram feitos muitos trabalhos, viu um ferreiro a usar magia para soldar uma panela partida. Bill assistia atentamente cada martelada com prazer, vendo as faíscas a saltarem para todas as direções, acabando por se apagar quando chegavam ao chão ou ficando acesas alguns segundos antes de se apagarem, o problema era o calor as pessoas tinham de esperar fora da forja para obter os seus pedidos, passou também por um agricultor que tinha acabado de vir dos campos e estava a vender um legume que Bill nunca tinha visto a um preço exuberante, usava constantemente magia da água para manter os seus legumes frescos. Bill já estava farto de ver sempre os mesmos comerciantes e avançava mais por entre as pessoas que estavam à espera junto á rua dos novos mercadores. Não devia ser mais de duas vezes por semana que os portões da cidade se abriam, para deixar que os mercadores que não tinham mais nada para vender saíssem e novos mercadores entrassem, ambos eram passados a pente fino pelos guardas. Claro que só aqueles que tinham entrado para vender é que podiam sair e os guardas usavam uma magia de reconhecimento que impedia que algum residente saísse da cidade.

Os novos comerciantes começaram a instalar-se cantos vagos e logo a rua ficou coberta com lojas e pequenas barracas. O que antes era uma única rua isolada sem uma alma viva no meio de enormes casas que eram partilhadas por muitas pessoas, era agora uma rua apinhada de gente interessada nas múltiplas barracas que apresentavam os mais diversos produtos. Bill já estava farto de ver as barracas e além disso o excesso de gente e de barulho começava a irritá-lo.

Continuou a andar até sair da zona de comércio que se enchia rapidamente de gente e preparava-se para ir embora quando algo captou a sua atenção, uma barraca um pouco distante das outras mas ao que parecia bastante popular, pela felicidade na cara das pessoas que passavam por lá.

Bill aproximou-se, agora que se tinha aproximado via que não era uma barraca como as outras, mas sim uma tenda roxa com estrelas prateadas que tinha sido montada à sombra de um dos prédios, um sítio um pouco estranho para colocar uma tenda, mas parecia atrair alguns clientes. Bill dominado pela curiosidade entrou na tenda uma vez que não tinha mais ninguém á espera para entrar. A sua primeira reação foi de espanto, a tenda era bem maior por dentro do que aparentava ser por fora. Havia várias estantes que acolhiam os mais diversos objetos, desde livros velhos, a objetos repugnantes. Viu uma caveira a flutuar em um frasco com um líquido verde, pelos enormes caninos não poderia ser humano. Um frasco contendo um líquido castanho-esverdeado, uma pequena varinha com um cristal no punho e duas mini roseiras de prata a sair dele e enrolando-se até á sua ponta, um conjunto de poções que mudava de cor, uma mão disforme que parecia estar carbonizada, e um animal embalsamado muito parecido com uma ratazana que não lhe chamou muito a atenção, ao contrário de uma pequena estatueta pintada de verde, um homem pequeno com as mãos juntas apontadas para o céu com um colar enrolado nas mãos e com a boca muito aberta como se estivesse a rezar ou a suplicar ao céu por algo estes eram alguns dos objetos que habitavam aquela prateleira.

Portadores de sonhosWhere stories live. Discover now