Capítulo 7: Recompensas de um novato

47 17 100
                                    


Bill e Bell acordaram na manhã seguinte totalmente recuperados, sem marcas, sem cicatrizes e sem memória. Não se lembravam do que tinha acontecido á Alenciana ou como tinham ido parar a casa, a única coisa que se lembravam é que não tinham recolhido o veneno para criar um antídoto para Barrell.

Bill e Bell falavam a correr sobre o que cada um se lembrava, o mínimo detalhe era importante para eles. Bell referiu que a sua última lembrança era de cair no chão depois de ter sido atacado pelas costas. Tão pouco Bill se lembrava daí para a frente, só lhe vinha á cabeça a vaga sensação de estar agradecido e de se sentir leve como uma pena.

-Juro-te, por momentos senti-me a voar - Defendia-se Bill.

-Tens a certeza que não foi um sonho? - Inquiriu Bell desconfiado da lucidez do irmão.

Só depois de Bill ter convencido Bell que ele não estava a sonhar quanto á parte de voar é que reparam que lhes faltavam as mochilas. O primeiro pensamento foi que as tinham deixado na mina juntamente com as máscaras. Saíram disparados do quarto sem trocarem de roupa, o mais importante era recuperarem as sacolas, já era normal andarem ambos com a mesma roupa durante bastante tempo e a sujidade não era problema para eles, estar limpo seria um luxo naquele lugar o mesmo com rasgões ou roupas desfeitas. mais a de Bell que tinha um enorme rasgão nas costas da camisola, e manchas de sangue que dava a impressão de terem morto alguém. Ficaram ambos muito surpreendidos quando saíram do quarto, as sacolas estavam em cima da mesa praticamente no mesmo estado que as haviam deixado, com a exceção das mascaras que deviam ter ficado na mina sobre várias camadas de pedra, em compensação haviam três pequenos frascos na mochila de Bill.

Bill não tinha ideia do que era aquele líquido púrpura dentro do frasco e quase que o teve a deitar ao lixo quando Bell os viu. Atirou-se a Bill arrancando os frascos das mãos do irmão, de seguida abriu a porta e observou o frasco à luz do sol que refletia no pequeno recipiente. O sol já ia alto, já devia ter passado do meio-dia e era mesmo disso que Bell precisava para confirmar as suas certezas.

-Bill !!! - Gritou entusiasmado e entrando em casa a correr para abraçar Bill - conseguimos, não sei como mas conseguimos.

-Do que estás a falar? - Perguntou Bill retribuindo o abraço do irmão sem saber muito bem porque?

-Neste frascos está o veneno da Alenciana - Disse pulando de alegria - pudemos fazer o antídoto.

Bill ficou contento por o seu esforço não ter sido em vão, mas as duvidas inundaram-lhe a mente, o sentimento de alegria fora subjugado por desconfiança e receio.

Despiram-se e tomaram banho no rio que corria um pouco abaixo da sua casa, se é que se podia chamar aquilo de rio. Depois de um banho bem merecido, frio porém satisfatório. Secaram-se ambos com a mesma toalha e vestiram outras roupas não tão velhas como as anteriores. Bill pegou em duas maçãs enquanto Bell certificava-se que tinha tudo que necessitava, saíram e quando Bill ia a fechar a porta reparou em algo, a chave estava no bolso do costume apesar da porta estar aberta ele não se lembrava de em algum momento ter destrancado a porta de casa. Bill não teve muito tempo para pensar nisso, Bell já ia a correr em direção á cidade, limitou-se a fechar a porta e a acumular as questões que lhe vinham a mente.

Seguiram caminho pelo telhado das casas, observando de vez em quando alguma pessoa que se destacavam na multidão de gente que aos poucos enchia o mercado. Não demoraram a chegar ao destino assim como de todas as vezes Bell bateu à porta três vezes a um ritmo melodioso, só que desta vez não precisou que Kukka lhe abrisse a janela para ele entrar. Rosa abriu de imediato a porta assim que Bell parou de bater, foram arrastados para dentro bruscamente. Rosa quase que nem os cumprimentou, a doce e gentil mulher que andava sempre com um sorriso meio triste - meio alegre no rosto, mostrava agora pura preocupação. Puxou Bell por um braço pelas escadas acima levando-o diretamente ao quarto de Barrel, sem uma única palavra.

Portadores de sonhosWhere stories live. Discover now