Please, Don't Do This

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Capítulo 18

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Lembro-me vagamente de ser acordado de maneira suave pela madrugada, me lembro de, com a vista embaçada, ver Jungkook na escuridão, me lembro de senti-lo tocar meu rosto e sussurrar que voltaria depois do trabalho direto para mim, me lembro de ter meus lábios selados docemente e de sua voz me pedir para que eu voltasse a dormir, e seu cheiro se intensificou, fazendo com que seu pedido fosse realizado e me embalando novamente ao sono.

Quando tornei a acordar, estava sozinho na cama, o sol da manhã já entrava pela janela, ainda tinha vestígios do cheiro de avelãs gostoso no ar.

E meu coração pesava uma tonelada em meu peito.

Se não fossem pelos feromônios calmantes e sedativos de Jungkook, eu duvidava que teria dormido naquela noite. Depois que o alfa confessou seus sentimentos por mim, eu fiquei em completo silêncio, escolhi apenas abraçá-lo por um longo tempo, me escondendo em seu corpo, e Jungkook aceitou esse meu comportamento sem questionar, nem sequer parecer ficar chateado pela falta da minha réplica. E como eu fui grato por isso.

Ao mesmo tempo que ter Jungkook agindo de forma tão bondosa, paciente e amavelmente comigo só piorava o conflito em minha mente emaranhada.

Deus, Jungkook havia se declarado para mim. Ele havia dito que estava apaixonado por mim. Estava apaixonado por mim. Por mim.

Como eu estava por ele.

E o que deveria ser o momento mais feliz da minha vida, no qual eu me deleitaria por estar amando pela primeira vez e por ser amado de volta, e que tudo o que eu mais desejava se tornara real, era o exato oposto disso.

Eu não conseguia deixar de sentir... coisas ruins.

Eu mal conseguia levantar da cama, sentia gelos no estômago, o peito comprimido e minha mente revirava tanto que até me deixava tonto. Quanto mais eu pensava, mais eu me sentia errado nesse cenário, como se eu não devesse viver isso, como se eu não merecesse algo tão bom assim, com alguém tão bom assim.

Esse tempo todo, intrinsecamente, eu me sentia em uma ânsia, em um desespero para que Jungkook gostasse de mim, para que ele me aprovasse. E agora, eu sentia uma ansiedade que doía meu peito ao me imaginar em um relacionamento amoroso com ele, Jungkook. Jungkook com aquela aparência maravilhosa que chamava atenção em qualquer lugar, aquela personalidade cativante e charmosa que fazia qualquer um se apaixonar. Estar ao lado de tudo o que ele era... só de imaginar eu me sentia mergulhado em insegurança e medos.

E se ele percebesse que eu não era bom o suficiente para-

Argh! Merda, não comece com esses pensamentos idiotas, não faça isso com você mesmo, Taehyung!

Porra, eu era recíproco, essas merdas todas não deveriam estar na minha cabeça!

Mas estavam. Meu poder de esconder e fingir que algo não estava acontecendo simplesmente tinha me abandonado, não importava o quanto eu tentasse mentir para mim mesmo, essas merdas continuavam lá, onde estavam, sem mover um músculo.

Tudo, cada pequeno pensamentozinho, todos se voltavam para a mesma coisa: eu.

Não era com Jungkook o problema, eu sabia da genuinidade de seus sentimentos, conhecia seu coração sincero, sua personalidade gentil, seu perceptível afeto por mim. Eu sabia que ele não era o problema, era eu.

Eu que não me permitia viver coisas boas sem me atormentar com medos e aflições. Eu que, durante todo esse tempo, ao invés de viver intensamente o início de um belo romance, estive me torturando silenciosamente, plantando dúvidas onde havia certezas, só para alimentar minhas próprias inseguranças.

MOLETOM | taekook (abo)Onde histórias criam vida. Descubra agora