O dia seguinte um pergaminho foi deixado na cabeceira da minha cama.
Sim, um pergaminho, tipo naqueles filmes que retratam a antiguidade, fiquei um bom tempo examinando a textura áspera antes de ler.
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Me encontre nos portões da Tribo assim que acordar, coma pelo menos uma fruta no caminho e vista algo confortável.-A
___________________________Deixei o pergaminho de lado e vesti uma calça e uma camiseta, pelo menos isso do outro mundo eu vou ter pra vestir pra não parecer uma princesinha com vestido.
Peguei uma maçã e fui comendo, conforme andei pelas ruas me orientando pela grande barreira ao leste, centenas de pessoas se curvavam.
De primeira achei que ignorar seria uma grande falta de educação, por isso acenei com a cabeça e passei por ruas mais vazias.
Vi a silhueta masculina de cabelos azuis conversando com alguns homens que se apoiavam em lanças e tinham espadas na cintura, uniformes azuis.
-Já estava quase cancelando, Sayuri. Abram os portões.
-Foi mal, dormi tarde hoje, muita dor de cabeça. E..,-minha voz foi sumindo conforme os portões abertos davam a visão do horizonte. -porra...
-É uma bela visão, mas não se engane, a Tribo da Terra tem muito mais a oferecer e você verá com seus próprios olhos.
-Quando?
-Vejo que está curiosa pra conhecer as demais Tribos, isso é bom. -o segui por uma descida de escadas de gelo que acabava em uma jangada.
-Ouvi algumas conversas no caminho pra cá, não deve ser muito diferente dos campos do meu mundo.
-A diferença é que aqui o cultivo vem da magia que especialmente dominadores da Terra possuem. Fazer as coisas crescerem com abundância é uma habilidade exclusiva deles.
-Então são eles que sustentam todas as outras Tribos?
-Não é tão fácil assim. -paramos diante da grande jangada de madeira, ele colocou um pé e depois o outro. -vem, faz parte do treinamento.
Com ajuda entrei na jangada, mantive meu equilíbrio antes que caísse na água gelada.
Estranhamente o frio já não me incomodava mais.
Akira não remou, apenas se sentou e estendeu uma das mãos acima da água e aos poucos nos afastamos mais da Tribo.
-Não tem mais nenhuma curiosidade do nosso mundo?
-Tenho várias mas não sei como começar.
-Temos tempo pra apenas uma pergunta antes de chegarmos ao nosso destino. -olhei ao redor, não havia nada além de água.
-Tá...eu quero saber onde que eu posso trabalhar.
-Acho que isso não é nescessário, sendo uma autoridade automaticamente esse é seu "emprego".
-Isso aqui é algum tipo de sociedade que oprime quem quer trabalhar? -ele riu.
-Não, na verdade nunca pensamos na possibilidade de algum Avatar exercer alguma outra função.
-Acha que consegue um emprego pra mim?
-O que tem em mente?
-Sei lá, sou boa em tecnologia e ganhei um prêmio por fazer castelos de areia.
-Já deve ter percebido que nossa única fonte de energia aqui é o fogo, nada de eletrônicos humanos.
-..?
-Quanto a castelos de areia, acho que isso já é um começo pra trabalho de arquitetura.
-Queria saber se posso trabalhar em qualquer coisa, eu simplesmente não suporto passar o tempo todo parada.
Ele ficou em silêncio por um bom tempo antes de parar a jangada, com o olhar sereno de sempre.
-Vou ver o que posso fazer, mas antes de tudo os treinamentos. -nos levantamos e não vi mais do que água.
-Viemos pescar?
-A prática esportiva não faz parte dos treinamentos, vamos treinar a dominação da água e pra sua sorte é a mais fácil de se conseguir resultados.
-Acho que o fogo foi mais fácil.
-É esse o pensamento mais comum, pois o fogo vem com a raiva, mas a água vem da calmaria, por mais que seja complicado ter calma em situações difíceis irei te ensinar.
Ele retirou um pergaminho de uma bolsa feita de saco e o estendeu no chão da jangada, logo depois olhou para a água.
-Certo, primeiro de tudo iremos estudar o fundamento da água.
-Isso é fácil, é oxigênio e hidrogênio.
-Um pensamento típico de quem vem pra cá, mas aqui nesse mundo a água representa um laço espiritual com o Espírito dos Mares.
-Espírito dos Mares?
-Podemos falar sobre isso mais tarde, eu ainda tenho que treinar os iniciandos. -ele colocou uma pedra por cima do pergaminho para que o vento não o levasse. -me diga o que vê aqui.
Observei bem, eram a representação de vários bonequinhos de forma humana indicando movimentos.
-Pessoas fazendo uma dança?
-É quase isso. Se chama Tai Chi, a arte da meditação.
-Vamos meditar? -observei mais um pouco as representações.
-Quase isso, pra ter sucesso no Tai Chi você precisa limpar a mente e deixar seus pensamentos fluírem.
Hesitei, mas imitei os movimentos no pergaminho prestando bastante atenção na água.
Nada aconteceu.
Me senti inútil e bufei, Akira se posicionou na beira da jangada e imitou alguns movimentos com as pontas dos dedos.
-Deve manter seu corpo relaxado, se concentre apenas nas pontas dos dedos e no barulho da água. -algumas gotículas submergiram da água e circularam ao redor da palma da mão dele.
Tentei respirar fundo e fazer o mesmo, mas a concentração era algo impossível pra mim diante de tanta coisa acontecendo de uma vez só.
Fechei os olhos mas não vi um reswuício de calmaria e sim a ansiedade crescente.
Senti as pontas dos meus dedos queimarem e imediatamente mergulhei minha mão na água.
-Eu não consigo.
Ele me analisou por alguns momentos recolhendo o pergaminho.
-Quer saber de uma coisa? Eu sei o que pode resolver, prepare suas coisas no mais tardar amanhã ao amanhecer.
-Por quê? -me levantou secando minhas mãos nas vestes me sentindo amarga.
-Vamos para a Tribo do Ar.
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Penumbra - Os Quatro Elementos
FantasyEleonor Clearwather sempre se destacou em muitas das coisas que fazia, mal fazia idéia de que esses destaques tinham algo a mais do que inteligência.