Em poucos dias o dinheiro já estava na minha conta, era tanta grana que nem sabia o que fazer, mas primeiro tinha que livrar meu nome da sujeira.
Aparecer na delegacia sem mais nem menos foi um ato de coragem, uma vez que os olhares dos policiais estavam todos sobre mim e um deles me acompanhou para dentro com a mão no meu braço.
-No que posso te ajudar? -uma mulher já idosa me olhou por cima dos óculos.
-Quero pagar minha fiança. -disse me soltando do aperto do policial no meu braço.
-Pode me dizer seu nome, idade e caso judicial?
-Eleonor Clearwater. Dezoito anos, culpada por ter assassinado o marido da minha mãe. -falei sentindo um gosto amargo na boca.
A mulher passou um bom tempo procurando os registros e com isso me senti ainda vigiada mesmo que de longe.
-Certo, você tem o direito de fiança. São trinta mil dólares, mas pode ser parcelado se for muito para pagar de uma vez.
-É...eu vou parcelar.
Depositei o valor e esperei sentada em uma das cadeiras duras, se eu pagasse tudo de uma vez seria muito suspeito e iriam querer investigar.
-Leve esse documento até o cartório, para confirmar que a fiança está sendo paga.
Saí dali com os policiais ainda no meu encalço, entrando em um táxi e indo em direção ao cartório.
-Vim trazer esse documento pra provar que estou pagando minha fiança. -falei para a atendente, que logo pegou e analisou o documento.
Me sentei em uma das cadeiras olhando os noticiários, pelo que parece a taxa de homicídio triplicou desde que parti daqui.
-Senhorita. -me levantei com o chamado e fui para perto do balcão, onde ela carimbou o documento - sim, tá tudo certinho.
-É aqui que mudam de nome certo?
-Se a senhorita quiser mudar de nome, terá que pagar sua fiança e tirar seu nome da lama primeiro para ser tudo dentro da lei.
-Obrigada pela informação. -peguei outro táxi e fui rumo ao apartamento velho do qual não me mudei desde que caí de cara naquele chão empoeirado.
Me deitei na cama me sentindo cansada, mas não consegui dormir, parece que voltar pra cá foi como voltar á realidade e tudo se resume á coisas que deixei pra trás.
Encarei o teto, havia uma explosão dentro de mim mas tive que conter minhas emoções e seguir em frente.
Já sentia saudades do outro mundo mas tinha que me acertar aqui, agora que voltei a existir tinha que sobreviver.
Tinha dinheiro graças a Akira, agora poderia investir na faculdade que sempre quis fazer.
Mas antes tinha que consertar o passado que por acaso não fui eu que estraguei.
Se Zuko não tivesse matado aquele desgraçado eu estaria tranquila, mas se ele não tivesse feito isso eu seria vítima de estupro.
Me virei para o lado olhando para a parede oposta rachada, esse apartamento abandonado foi minha salvação para não encarar a realidade tão rápido.
Respirei fundo, me lembrando da noite em que tudo aconteceu e vi aqueles olhos penetrantes pela primeira vez.
De alguma forma senti confiança nele até a hora em que ele iria me matar, era esse o tipo de olhar que ele transmitia.
Mas o simples fato dele não ter sequer me procurado antes de minha partida só provou que eu o decepcionei.
Eu o esperei até o último segundo e ele não apareceu, realmente pensei que ele fosse me procurar nem que seja pra conversar ou pôr um fim em tudo.
Mas o que era "tudo"? Não tínhamos nada concreto, talvez ele tivesse se aproveitado de mim para me levar pra cama.
Ele nem sequer me disse um "eu te amo" ou falou em algo mais sério.
Iroh disse que eu seria mais uma e de fato acertou, eu não vali nem uma conversa, nem um diálogo sequer.
-Talvez eu devesse esquecê-lo.
Me levantei e fui para o banheiro, precisava de um banho para relaxar a mente, fiquei meia hora embaixo do chuveiro e ao me olhar no espelho não vi as marcas em minha testa, apenas em minhas costas como se fossem tatuagens.
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Penumbra - Os Quatro Elementos
FantasyEleonor Clearwather sempre se destacou em muitas das coisas que fazia, mal fazia idéia de que esses destaques tinham algo a mais do que inteligência.