Permaneci alternando o olhar entre a janelinha e o corredor, pra minha sorte os presos dormiam e não havia soldado.
Ele queria um momento a sós com ela e esse pensamento fez minha boca ficar amarga.
Me lembro da vez em que a salvei daquele homem nojento, não suporto abusos.
Normalizei minha respiração e voltei a prestar atenção.
-Nunca imaginei que algum dia os espíritos escolhessem uma mulher como Avatar. -ele andava em círculos.
Um abutre ao redor de sua presa.
A mulher continuava quieta com o rosto baixo e o olhar fixo no chão, como se estivesse pensando em algo.
-O que quer de mim? -sua voz trêmula me fez segurar as espadas com mais firmeza.
-Ora, eu não quero nada que não possa me oferecer, já o que você tem a oferecer...-o tom lascivo em sua voz era reconhecível.
Ele bebeu.
Coloquei a máscara de Shaolin no rosto e uma das espadas no coldre, não iria precisar de muito pra lutar com um homem bêbado.
Voltei meu olhar para dentro da sala de tortura e o vi agarrando as pernas da garota, que pendia com os braços acorrentados ao teto.
Ela se debatia e agora vi lágrimas em seu rosto de desespero.
Aquilo fez todas as chamas do meu corpo reaparecerem e tomarem conta do meu ser.
Abri a porta com o máximo de silêncio e andei a lentos passos, vendo a cena onde ele tentava tirar as roupas da garota enquanto amordaçava ela.
O olhar da garota foi até mim, assim como aquele dia quando a tentei matar.
Ainda encarando ela fui por trás de Iroh e o asfixiei com a minha mão enluvada enquanto minha espada roçava em seu pescoço.
"Os espíritos sabem o quanto eu tenho vontade de acabar com a sua vida, mas não vou fazer isso"
Os segundos seguintes foram tensos, pois ele se debatia, mas consegui desmaiar ele.
Logo me virei para a garota e a vi, seu rosto estava machucado cheio de arranhões e algumas partes da sua camiseta rasgadas.
Desenbanhei a espada, ela fechou os olhos se encolhendo e apenas o som do metal frio caindo no chão a fez abrir os olhos ofegante.
Fiz um sinal com a cabeça, hesitante ela me seguiu em direção á saída.
-Por que está fazendo isso? -a voz rouca dela preenche meus ouvidos quando preciso de silêncio pra focar no barulho.
Apenas fiz um gesto pra ela se calar e fiz uma barreira com o braço pra ela não ultrapassar quando ouvi passos.
Desenbanhei uma das espadas e assim que vi uma sombra segui meu reflexo e cravei a espada na junta do joelho.
Ouvi a garota arfar enquanto eu sufocava o soldado, assim que ele apagou seguimos caminhos.
Não pude deixar de prestar atenção na minha retaguarda, querendo ou não ela poderia tirar proveito.
Algo nela me deixava inquieto, talvez seja a incerteza do que ela poderia fazer comigo assim que chegássemos á ponte.
O caminho da masmorra até meu quarto não foi assim tão emocionante, mas tinha certeza de que quando cruzássemos a ponte tudo mudaria.
Fechei a porta do quarto, fiz menção de tirar a máscara mas ouvi gritos dos soldados lá embaixo.
Rapidamente afastei a prateleira, encontrando uma passagem secreta que parecia ser menor do que nos tempos de criança.
-Vem. -ela veio até mim e passou primeiro.
Movi a prateleira bem em tempo de ouvir a porta bater contra a parede, com o coração acelerado segui a garota.
Caminhamos por vários minutos e por incrível que pareça todo esse silêncio era incômodo.
-Você vai me matar? -ela quebra o silêncio com a voz hesitante.
-Não. Mas eu diria isso se eu fosse alguém que quisesse te matar sem te assustar.
Ela parou, fazendo com que meu corpo quase esbarrasse no dela.
-Eu não vou te matar, anda logo.
Minha impaciência só piorou quando ouvi os barulhos do portão se fecharem ao quase chegarmos á pequena porta que dava fim ao túnel e início ao bombardeio.
Assim que pisamos na praça principal para chegarmos ao portão fomos cercados, por todos os lados tinham soldados apontando suas lanças e espadas.
-Ei você! Solte ela e poderá sair vivo.
Não acreditava nas palavras do meu próprio irmão, nisso tive uma grande vontade de revelar meu rosto.
Mas não era a hora nem o momento, quando vejo o olhar lascivo dele pra cima da mulher me lembro da cena repugnante.
Ela parecia tensa e nervosa, engolia em seco enquanto encarava Iroh.
Meu corpo todo esquentou e acho que o dela também, pois a sua marca estava brilhando.
Alguns soldados recuaram, mas foi o grito de Iroh ordenando que voltassem á posição inicial que os fez voltar, completamente tensos.
-Ataquem o invasor e deixem a Avatar viva! -essa ordem foi complicada pra minha parte, pois a maioria agora investia contra mim.
Mas senti um calor vindo de fora, vi uma movimentação e estreitei meus olhos ao ver que a garota dominava o fogo como muitas das garotas não conseguiam.
Ao ver uma movimentação vinda de cima não pude fazer outra coisa, por impulso a agarrei por trás e me encostei nos portões.
-Se atirarem em mim, ela vai sofrer.
Passo o corte da espada em seu pescoço mas não o suficiente pra fazer um corte.
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Penumbra - Os Quatro Elementos
FantasyEleonor Clearwather sempre se destacou em muitas das coisas que fazia, mal fazia idéia de que esses destaques tinham algo a mais do que inteligência.