🌊Capítulo 58🔥

13 3 0
                                    

Andei pelas ruas ignorando os olhares de pena das pessoas ao me verem chorar, não queria voltar para a universidade e nem atender as ligações de Oliver.

Caminhei pela praia deserta por um bom tempo até me encontrar num amontoado de rochas que me escondessem dos olhares curiosos.

Me sentei entre as pedras contemplando a água enquanto mil pensamentos invadiam minha mente, nenhum deles demonstrava ser bom.

-Merda!

Puxei meus cabelos, reprimi toda minha ansiedade até explodir de vez, no auge só quis sair daquele mundo.

-Akira, se estiver me ouvindo, quero voltar. -fechei os olhos e disse para mim mesma.

Ouvi o som de uma flauta doce e nem me virei, apenas me levantei enxugando os olhos com o dorso da mão enquanto um homem de azul se materializava ao meu lado.

-Pensei que nunca mais quisesse retornar, Leonor. -disse ele deixando a flauta no chão para se alongar. -tudo certo?

-Eu só...quero sair daqui por algumas horas entende? Sem obrigações...nem decepções.

-Certo -ele disse pegando a flauta, ainda me olhando preocupado fez com que o portal se alargasse um pouco mais.

Atravessar aquele portal foi a típica sensação de estar passando por dentro de uma mangueira de borracha, mas logo senti a brisa fria no meu rosto e abri os olhos.

Inspirei o cheiro de cerejeiras e do vento gelado, olhando á minha volta vi algumas pessoas se curvarem me olhando curiosas.

-Vamos, apesar de eu achar seu cabelo branco bonito eu não creio que seja um bom sinal. -ele disse me guiando para dentro do palácio, onde assim que me sentei fui servida com um chá quente.

-Cadê todo mundo?

-Yue foi resolver algumas coisas na Tribo da Água do Sul e levou Katara junto e Ethan...meio que está quase se casando com Daiki.

-Sério? -quase queimei minha boca com o chá.

-Também achei estranho, mas não era de hoje que eles sempre foram próximos, no fim Yue e eu estávamos certos. -ele se sentou na cadeira estofada ao lado em frente á lareira.

-Fico feliz por eles -bebo mais um pouco de chá, sentindo meus nervos se acalmarem.

-Escute, por quê estava chorando?

-Eu...meio que mostrei meus poderes pra minha mãe e ela não reagiu bem.

-Ah, não, não não não, não devia ter feito isso. Ela não iria compreender e...

-Eu quero saber a verdade -pouso a xícara na mesa de apoio fitando o fogo -ela não é minha mãe né?

-Ela...-ele começou, senti seu olhar tenso em mim -...não, não é. Você foi gerada pelos espíritos, não nasceu de um ventre.

A resposta foi como um baque, mas no fundo eu esperava aquilo pois não faria sentido algum eu ter uma mãe em outro mundo.

-Mas olha, isso não quer dizer que ela não seja sua mãe...ela cuidou de você e teria cuidado mesmo se não pedíssemos...

-Vocês pediram pra que ela cuidasse de mim -estava lentamente se afogando por dentro, me faltava ar e meu coração parecia ter parado. -ela viu isso como uma obrigação. Ela ao menos sabia que eu tinha poderes?!

-Ela sabe que você causou a morte do menino, por isso vocês saíram daquela cidade e vieram para longe. Me desculpa, eu devia ter contado, mas pensei que tudo iria se resolver e...

-Tá tudo bem. -falei reprimindo mil coisas dentro de mim.

-Mesmo?

-Não...mas vou ficar. -meus olhos estavam lacrimejantes e ele percebeu isso.

-Droga, eu não queria que as coisas chegassem á esse ponto.

-Tá tudo...bem. -fechei os olhos ao sentir uma lágrima rolar em meu rosto.

-Vem, vamos andar um pouco pela cidade. Vai te fazer bem uma caminhada e quero te mostrar uma coisa, ou melhor, uma criatura fabulosa. -ele se levantou estendendo a mão para mim.

Caminhamos um bom tempinho até chegarmos na floresta, em frente á uma enorme entrada da caverna.

-Trix! -ele chamou em direção á caverna, logo ouvi alguns rugidos e recuei atrás de Akira.

O mesmo riu, apenas ouvi passos e depois duas patas enormes cinzentas emergirem da escuridão.

Olhei perplexa para o alto e vi uma espécie de urso, só que com chifres e olhos de pupilas dilatadas.

-Amiga! -Akira apontou para mim, a criatura mirou seu olhar para mim e Akira ainda com os olhos nela sussurrou: - se curve, ela gosta que desconhecidos demonstrem respeito...olhando pra ela, por favor.

Sem hesitar me curvei, encarando as enormes pupilas redondas e escuras, a criatura também se curvou.

-Ótimo, Leonor, se quiser fazer carinho nela, pode ir.

Hesitei antes de dar alguns passos a frente, encostando minha mão em sua pata dianteira macia e peluda.

-A encontramos logo depois da batalha, ela era uma criatura presa pela Nação do Fogo segundo o que Zuko disse e a trouxemos pra cá, ela vinha sofrendo muitos maltratos.

Passei mais uma vez a mão nela e ela retornou á caverna.

-Ah, ela ainda não confia totalmente nos humanos e acho isso normal diante do sofrimento que ela já passou. Quer dar um passeio pela cidade?

-Tô precisando beber, vamos no bar e quero experimentar outros tipos de bebida que não seja mel fermentado.

Akira foi uma boa companhia no trajeto de volta, logo retornei á minha rotina de pessoas se curvando á medida que passava por elas.

Ainda não tinha me acostumado, de repente quando nos aproximamos do bar Akira ficou muito quieto.

-Algo errado?

-Tem uma coisa que precisa saber. É sobre Zuko...-ele disse, ignorei as pessoas se curvando e apenas escutei o barulho da porta do bar ser aberta.

Olhei para a porta e vi uma bela mulher de cabelos pretos saindo, logo depois um rapaz que eu conhecia muito.

-...ele vai se casar.

Penumbra - Os Quatro ElementosOnde histórias criam vida. Descubra agora