Capítulo 10

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Meu coração dispara. Não conseguimos enxergar ou sentir a direção do projétil, porém, também é impossível ver qualquer coisa. O sol nascente é ocultado por uma espécie de manto negro.

Ouço múrmuros dissipados e multilaterais. Sou puxado por uma mão firme e fria. Noah? Não, é diferente...

Com um efeito granulado, as sombras que me possuíam se dissipam em minha frente. Estamos atrás de caixões e barris jogados pelo campo. Ao meu lado, meus colegas aparecem, todavia, um deles está mais exausto.

Toli.

Olho para meu corpo, está coberto por um véu negro. É uma das pequenas variações de sua técnica, a qual nos oculta por alguns segundos. Somente a usa em momentos extremos, mas até hoje não sabemos por quê.

— Noah, você é RETARDADO?

Enquanto minha visão tenta desembaçar, o menino loiro pula em cima do pálido. Sua prótese estão quase invisíveis em meio às sombras. Suor pinga do queixo de Toli quando tenta dar um soco na cara de Noah.

— Parem de viadagem, por favor. — Pela frase, já reconheço Alan — Mas, pergunto o mesmo que Toli... o que passou na sua cabeça, branco azedo?

Os olhos de Noah dissipam uma névoa gradativamente. Sua expressão é controlada, diferentemente de Toli. O rapaz respira fundo antes de se posicionar.

— Primeiramente, não gritem. — Vejo que falta uma gota d'água para Toli meter a mão na cara de Noah — Em segundo lugar, a estaca foi em direção ao painel de energia. Olhem para a cabine do cara que Alan matou.

Ele não mentiu. Um compartimento de ferro foi perfurado pelo projétil gelado, o qual se dissipa rapidamente em uma fumaça densa. Há um homem fardado indo em direção ao local. Atrás deles, as crianças que iam em direção à câmara de incêndio o seguem.

— Foi uma distração. Nossa missão é resgatar pessoas, e é isso que devo fazer.

— Nosso papel não é salvar ninguém, não somos heróis. — Yuli retruca, irritada. — Viemos aqui com o papel de recrutar soldados, e você quase arruína a missão antes dela sequer começar!

— Yuli, calada, por favor. — Alan diz, segundos antes de sumir de nossa vista.

Sua imagem é dissipada em forma de raios de plasma. Um rastro elétrico segue na direção das crianças, as quais são trazidas em nossa direção. Algumas se assustam, tentando gritar. Não conseguem, já que Alan as tranquiliza rapidamente.

— Não se assustem, vim aqui para tentar libertar vocês. O caminho certo é pelo outro lado.

Ele aponta para a pequena tampa de esgoto ocultada pela grama. Alguns dos pequenos tentam enxergá-la. Uns conseguem, outros não.

— O tio era mau... — Uma criança de cabelo liso e pele pálida diz. Aparenta ser de Pollux.

— Pois é, eu não sou mau. Pode perguntar para eles.

— Ele é um gay gente boa, não se preocupe. — Digo, sorrindo para os pequenos.

— É... — Acho que não foi a melhor descrição — Enfim, garanto que se vocês andarem muito e entrarem naquele buraco, vão encontrar um bom lugar para vocês.

Algumas delas já saem correndo sem nem falar. Já outras duas ficam e falam com Alan.

— Oi, tio! Meu nome é Zuri!

— Oi, tio! Meu nome é Zoe!

Ambas têm cabelos crespos extremamente cheios. Suas peles estão sujas de poeira, com pequenos machucados nos joelhos. Falando nisso, as duas têm deficiência, onde há um braço a menos. Zuri, especificamente, tem uma cicatriz de queimadura perto de seus olhos, não duvido que tenha sido uma espécie de tortura da Levihart.

A Ascensão das Chamas EscarlatesWhere stories live. Discover now