The Little Angel ~ Hyunlix

Uma vida de lágrimas

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– Hwang Hyunjin! Venha aqui agora! - Jihye grita da cozinha alto o suficiente para seu filho a escutar.

A vida de Hyunjin não era fácil, por mais que todos achassem que era, claro que todos tem seus problemas, mas... Esse garoto não estava vivendo com o mínimo de dignidade que um ser humano merece.

Seus pais se separaram antes mesmo do garoto completar 1 ano de idade, sua irmã mais nova, Minju, sempre deva um jeito de colocar sua mãe contra ele, sua irmã mais velha, Yeji, era a única que cuidava dele apropriadamente, era como a mãe que ele nunca teve, porém ela já havia se mudado e sua mãe, sua mãe não parecia que gostava muito de si.

E realmente não gostava mesmo, segundo ela, Hyunjin era um erro, e sempre procurava qualquer motivo para dar uma "lição" no garoto, Além de dizer que o Hwang mais novo deveria queimar no inferno. Coisa que ele não entendia muito bem o porquê.

Sua mãe era extremamente religiosa, mas não era de um jeito muito saudável, a mulher é completamente fanática, o que também dificultava bastante a vida do moreno, já que não concordava com a maioria das coisas que ensinavam, e isso era uma das coisas que sua progenitora mais detestava e sempre que tocava no assusto de parar de frequentar aquela igreja, a Hwang mais velha lhe agredia, fisicamente e verbalmente, dizendo o quanto ele era uma vergonha para a família enquanto o agredia repetitivamente.

Assim que o moreno escutou a voz estridente da mulher do andar debaixo, já sentiu uma onda de nervosismo e medo percorrer seu corpo. Desceu as escadas com suas mãos tremendo e suando. Quando chegou na cozinha, viu sua mão com uma cara nada boa e sua irmã atrás dela com um sorriso travesso nos lábios.

Já imaginava o que estava por vir...

– Sim? - Disse assim que chegou perto o suficiente das duas.

– Sua irmã me falou que você tirou nota baixa na prova matemática, é verdade? - Disse rude e com um olhar perfurante.

– Bem...

– Me dê ela. - O interrompeu sem paciência, uma das coisas que Hwang Jihye não tolerava, era o garoto tirar notas baixar, achava o cúmulo já que sua única obrigação era estudar. E arrumar toda a casa, lavar, cozinhar, ser obrigado a participar de reuniões e eventos da igreja, entre outras coisas.

O moreno subiu novamente para seu quarto e pegou a folha, poxa, era só uma folha... Se questionava se aquilo tudo era realmente necessário.

– Aqui... - Falou quando retornou à cozinha logo entregando o pedaço de papel para a mulher mais velha.

– Seis Hyunjin? Não podia fazer melhor que isso? - Falava com a voz elevada.

– Que decepção garoto, que decepção! Vá para seu quarto agora, me espere lá.

Seu corpo gelou no mesmo momento, sabia o que aquilo significava, mas só conseguiu abaixar a cabeça e assentir, já se dirigindo para seu quarto. E antes de terminar as escadas, pôde escutar uma fraca risada da mais nova.

Chegou no cômodo e sua mãe apareceu logo depois, fechando a porta e encarando por alguns segundos o menino assustado sentado na cama.

Minju, que estava sentada na mesa comendo um salgadinho podia apenas escutar os xingamentos de sua mãe, sons de golpes e vários gritos de dor e súplicas por piedade do irmão. E ela estava achando engraçado. Para ela, era legal ouvir seu irmão apanhar.

Tudo isso por longos 16 minutos até os barulhos cessarem e ver sua mãe descer para o primeiro andar da casa novamente, sorrindo para si.

Um tempo depois, Hyunjin acordou, estava no chão, jogado e cheio hematomas. Havia desmaiado, e quando recuperou a consciência, já estava escuro.

E foi nesse momento que o Hwang se levantou devagar e andou até a janela. Onde tinha um belo pessegueiro grande. Que, inclusive, estava cheio de flores rosas por já ser junho.

A algumas semanas ele começou a fazer isso para se distrair, quando algo em sua casa o frustrava e seu quarto já não servia mais como refúgio, o garoto aprendeu a descer pelo troco da árvore de frutas doces e ir até uma pracinha, cheia de mais árvores e plantinhas, que não ficava muito longe de sua casa, mas também longe o suficiente para sua mãe não o encontrar de primeira.

Encontrou lá um tipo de cantinho especial, principalmente sentado na grama debaixo de uma árvore enorme de manga lendo um de seus bons livros, que eram comprados e lidos escondido de sua mãe, infelizmente.

Daquele lugar, dava para ver quase o lugar todo, e às vezes amava dar uma pausa na sua leitura para observar o local cheio de vida, seja de noite ou de dia, e neste último, gostava de olhar as criancinhas que frequentava lá também com seus pais brincarem. Aquele lugar lhe trazia um pouco de paz.

  E foi isso que ele fez hoje. Trancou sua porta, se sentou na borda da janela e se agarrou a um dos galhos para descer, logo estando no chão e se dirigindo para a praça. Estava tão angustiado, tão triste, tão decepcionado.

Nem viu quando chegou no seu destino, estava ocupado demais em segurar as teimosas lágrimas que estavam lutando para cair.

Caminhou até seu cantinho favorito e assim que se sentou e se encostou no tronco velho, se permitiu chorar. Estava se acabando em suas lágrimas, em suas preocupações, em suas inseguranças. Chorava como um bebê, sem se importar se alguém iria vê-lo, nada o importava agora.

Hyunjin só queria um pouco de felicidade em sua vida, já que esse sentimento era uma das coisas que não sentia a alguns anos, e ele queria, sentia falta de estar um pouco alegre, mesmo que fosse com alguma coisa boba como fazia quando era criança. Estava tão desgastado, queria morrer.

Naquele momento, se ouvia os latidos de alguns cachorros e miados de gatos de rua, via-se também as poucas estrelas brilhando no céu, algumas formiguinhas andando enfileiradas entre a grama, o vento balançava de leve as folhas das árvores juntamente com os longos fios castanhos do menino entristecido.

Debaixo de uma mangueira grande, no meio de um lugar cheio de natureza, no meio de uma noite solitária, foi onde o garotinho liberou todas as suas frustrações e sofrimentos em uma das formas mais sinceras, se imergindo em lágrimas salgadas e abundantes. Tudo isso debaixo do olhar de um estranho que havia visto demais.

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