02- Quando me perdi.

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Quando a noite caiu, Andrómeda já estava sozinha. Mas foi com muito esforço e súplicas, que a impenetrável e rígida Wilma a deixou.

Diferente do que acreditou ao princípio, a mulher não ficou apenas para lhe convencer a trabalhar, ou lhe dar exemplos de como sua vida era espetacular. Na verdade, aquela mulher de face dura e temperamento ainda mais,  fez deitar a cabeça sobre seus pés e lhe a ajudou a se alcamar...Wilma havia demosntrado tanta compreensão, muito mais do que sua mãe ou pai alguma vez demosntraram.

A mulher mais velha lhe disse que  deveria tentar se curar, encontrar o que estava faltando em si  antes de voltar ao trabalho e até mesmo para suas relações pessoais.

Naquele momento, vendo a menina que um dia foi cheia de energia quebrando as coisas por não se identificar com elas, porque se sentia vazia, porque lhe causavam dor, ela  mesma se questionou o quão mal estava para não ter notado que aos poucos se quebrava a boneca que ela havia apresentado ao mundo.

Então Wilma fez cafuné em sua cabeça até que se alcamasse, era a primeira vez naqueles seis anos lhe agenciando que pareciam tão próximas.

- Oi pessoinhas. - Andrómeda saudou após se certificar que tudo estava devidamente posicionado. Havia começado uma live de dentro do seu quarto, para assim como Wilma lhe sugeriu, avisar as pessoas que estavam sempre de olho nela, que estava buscando por um pouco de paz. - Sei que faz tempo que não apareço por aqui, e por favor ninguém me jogue pela janela. - Brincou vendo a quantidade de likes subir a cada segundo. Fez uma pausa respirando fundo, limpou a mente e a garganta e depois prossegui. - Faz um tempo que eu percebi uma mudança em mim, um tempo já desde que comecei a ignorar esse sentimento. Entrando e saindo de festas para tentar suprimi-lo... Mas hoje cheguei ao limite. - Contou de forma triste. - Não é sobre vocês, nunca poderia ser, é sobre mim e como me sinto vazia contudo isso, eu sinto um aperto no peito que só vai se alastrando. E tentei, juro que tentei solucionar de todas as formas possíveis, mas cheguei a conclusão que não consigo. Não quando nem percebi direito o momento em que me perdi...E eu preciso me encontrar, porque não sinto satisfação nenhuma com nada. - Falou. - Não é como se não reconhecesse tudo o que conquistei ou fosse ingrata perante o amor que recebi, eu só sinto um vazio que mais nada foi capaz de preencher... Eu mesma tenho que fazer isso, eu tenho que preencher esse buraco. -  Ajeitando o cabelo para trás da orelha, disse. Estava completamente natural, sem maquiagem, unhas postiças ou máscaras, apenas ela, com suas perfeitas imperfeições. -  Então , decidi fazer algumas mudanças na minha vida, estrutura e rotina... Vou ficar um tempo longe, não sei quanto, mas espero que quando voltar eu possa dar tudo de mim para as pessoas que sempre me apoiaram e que possa me sentir leve o suficiente para amar a minha vida... Eu quero dar o melhor, e da melhor forma que conseguir. - Acrescentou sentindo os olhos marejarem. - Mas antes, eu preciso dizer a quem  me ouve agora, que busque a alegria na própria existência, que se orgulhe de estar vivendo e faça o bem. É só o que peço.  - Terminou acenando.

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