10 - Desígnios de outros.

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Já haviam se passado duas horas, e Andrómeda ainda estava fechada na sala de Helena, conversando com Miguel. Em algum momento ela se cansou de ser questionada e passou a lhe fazer perguntas também, então ela soube mais sobre ele.

Descobriu que ele tinha um gato, um carro estragado e bolachas salgadas no armário. Mas aquilo não era o mais interessante sobre ele.

Era o facto dele ter desistido da falcudade de Direito no último ano para fazer artes. Se perguntava porquê ele havia feito um salto tão grande.

- Por quê deixou a falcudade de Direito, e por que só no último ano? - Tornou externos seus pensamentos.

- Sabe, quando você ouve demais dos outros o que deve ou não fazer, quando fazer ou onde fazer, é fácil se perder. Difícil é encontrar o caminho de volta. Por isso passei três anos no curso errado, e agora estou voltando para o que queria. - Respondeu de modo simples.

- Lena me disse que eu queria ser contabilista antes, seria interessante, acho. Mas não é como se não gostasse do que faço agora. - Comentou distraída.

- Mas não está bem com isso agora. - Miguel terminou.

- Já tentei tapar esse buraco, acredite. Mas não funciona, só não funciona mesmo. - Seria estranho para quem visse, ela falando com aquele desconhecido, mas se sentia tão bem, que não ligava para o que fossem falar. Daquela vez, realmente não ligava para o que fossem falar.

- Primeiramente, esse mundo em que você vive, é traiçoeiro demais. Em um momento você é acalmado e está no topo, noutro é o lixo em que todos querem pisar. E fica fácil se confundem, se perder ou apenas deixar de existir... A indústria exige tanto, os fãs exigem tanto, os familiares exigem tanto, sua mente exige tanto. Quem você deveria seguir nesse momento é a questão. - Falou o homem. - E quando o primeiro passo não é você, tudo se perde, porque colocou os desejos de outros no topo. Música, roupa, cabelo, deveria ser o que quer, não o que os outros vão gostar. - Argumentou Miguel.

Andrómeda afundou na cadeira. Talvez fosse isso mesmo que estivesse lhe confundido a cabeça, talvez fosse isso que não lhe permitia se enxergar.

A jornada que traçou, vivendo sob os desígnios de outros. Não permitindo se enxergar, sendo a boneca da multidão... Era algo que precisava solucionar.

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