03- Quem deveria me entender.

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- Andrómeda, não estou entendendo por que vai deixar tudo para se isolar do mundo... Sua vida é perfeita, todos a querem. - Rita, sua irmã comentou encostada em sua cama.

- Todos a querem, mas eu não. Não enquanto me fizer sentir assim. - Andrómeda disse fechando a mala, em resposta sua irmã revirou os olhos achando tudo aquilo uma grande besteira.

O que era tão ruim que ela não poderia ignorar?

Ela tinha problemas? Não ela não tinha.

Na verdade, tinha uma vida perfeita demais para se queixar. Era o que acreditava.

Haviam passado apenas doze horas desde  a live no Instagram, e desde então já havia recebido muitas ligações de parentes e amigos perguntando o que estava acontecendo, por que ela estava se afastando, se eles poderiam ajudar com alguma coisa, mas apenas sua irmã foi até sua casa.

- Isso é tão repentino, por que está agindo assim? - Rita perguntou jogando a chave do carro no ar. Era um jogo de lança e pega.

- Não é repentino, só que dessa vez eu cansei de fingir que está tudo bem Mana... Porque não está nada bem. - Andrómeda respondeu se voltando para ela. O cabelo longo apanhado em um coque frouxo na lateral da cabeça e os lábios rosados brilhando com algum hidratante. Parecia uma adolescente. - Eu não estou feliz, não estou satisfeita. - Acrescentou chorosa.

Rita respirou fundo captando todo o ar que conseguia.

- Mas assim é a vida, nem sempre estamos satisfeitos. - Comentou orgulhosa mudando o peso de um pé pra o outro.

- Não Rita, não deveria ser assim. As pessoas deveriam ao menos se sentir satisfeitas consigo mesmas... Ao menos isso em meio a tanta incerteza e desgraça. - Suas palavras combinavam bem com seus gestos enquanto pousava a mala chão. Calmos e precisos.

- É ingratidão da sua parte se sentir assim quando tem tudo do mundo. - Rita resmungou. Cansada de não ser entendida, Andrómeda deu de ombros.

Deveria ser a sua família a primeira a lhe apoiar, mas pelo contrário. Eles eram os primeiros a lhe julgar, quer com palavras, a ausência delas ou mesmo gestos.

Seu pai não  disse, mas sabia que se dissesse, seriam as palavras já bastante conhecidas" se  tivesse feito medicina como ele queria, ela nunca se sentiria vazia, porque ajudar os outros causa gratidão, e uma pessoa agradecida não é insatisfeita.

Sua mãe com seus gestos, indicava que  pensava nela como uma ingrata, que de uma hora para outra , estava jogando fora  a vida de sonho que ela projectou para a filha Suas acções lhe faziam acreditar que  sua mãe não  lhe achava no direito de rejeitar o sonho que lhe foi dado.

E a irmã, a única que foi até ela para falar, disse que era pura insensatez largar o paraíso em que vivia.

Nenhum deles entendia sua necessidade de auto-realização.

Justo eles que mais deveriam lhe apoiar, enxergavam uma louca agora.

- Espero que não se arrependa depois. - Rita deu de ombros ajeitando os óculos escuros no rosto. - Venha, vou deixar você no aeroporto. - Avisou saindo do quarto.

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É chato quando não se recebe o apoio da família.•́  ‿ ,•̀

Mas vamos com Fé, que a Eda vai conseguir.

Andrómeda.Where stories live. Discover now