Capítulo 23

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Aurora

-Nós vínhamos aqui sempre, minha mãe sempre amou piquenique, mas depois dele ter falecido ela nunca mais foi a um.- ele para de falar um pouco e olha para o biscoito em sua mão.

-Não precisa falar mais se não quiser. - Digo tentando conforta-lo.

Ele balança a cabeça negativamente.

-Eu preciso falar.- concordo com a cabeça. - Um dia quando nós voltamos do culto o patrão dele ligou pedindo para ele ir direto para uma viagem, ele estava com muito sono mas não quis furar com o patrão. -Sua expressão muda drasticamente. - Ele era o melhor caminhoneiro da empresa. -Ele para de falar e ficamos em silêncio, vejo a dor em seu olhar. - Naquela noite minha mãe pediu para ele não ir, ele sempre foi muito trabalhador, acordamos com uma ligação, e a notícia : Ele dormiu no volante e o caminhão capotou, não deu tempo de chegar no hospital.

Sinto tristeza por ele, fecho os olhos enquanto lágrimas o invadem, imagino cada dia que chinguei meu pai mentalmente e o quanto Nicolas amaria estar mais um dia com seu pai, sinto meus olhos enchendo de lágrimas, palavras de conforto vem em minha mente mas com certeza ele já ouviu todas elas. Abro os olhos e começo a observa-lo, a expressão triste agora deu lugar a um lindo sorriso.

-Como assim? - Pergunto curiosa. - Qual o motivo do sorriso?

-Eu que te pergunto, qual o motivo do choro? - Ele coloca a mão do meu rosto. - Aurora, ele tá no céu, meu pai alcançou a salvação e isso que importa.

-Você não existe Nicolas. - Sorrio. - Acho que de todas as pessoas que eu já conheçi você é a que mais me inspira, como você consegue sorrir mesmo nessa situação? - As palavras saem da minha boca sem que eu perceba, mas não me arrependo de falar nada.

-Não sou eu Aurora, eu sofro também, tentações, tristeza, muitas coisas, não pense que sou um exemplo de homem, também erro. Mas não vivo mais eu, Cristo vive em mim, e eu só consigo sorrir por causa do meu consolador.

-Consolador? - Interrompo ele com minha pergunta. - Nunca ouvi falar de um consolador.

- Pouco antes de Jesus se entregar na cruz ele disse que nos deixaria o consolador, o Espírito santo, o mesmo que você sentiu no domingo, o nosso melhor amigo.

(…)

A tarde passa rápido, quando nos damos conta já está começando a escurecer, fomos para casa com um sentimento diferente, por incrível que pareça Aurora Bravo se apaixonou por um mecânico, o mecânico mais lindo desse mundo, talvez seja o espírito santo que fez meu coração amolecer, só de pensar nele meu coração aperta, aproveito que estou no bagageiro e fecho meus olhos, começo a contar ao meu consolador tudo que aconteceu comigo desde aquele dia, a sensação de ser ouvida e não ser julgada foi excelente, um sorriso gigante cresceu em meus lábios, a cada palavra que eu falava pra ele meu coração batia mais forte, até o ponto em que não aguentei e tive que falar em voz alta.

-Eu amo o Espírito santo! -Gritei!

Nicolas se descontrolou um pouco na bicicleta mas assim que tomou o controle olhou pra trás curioso.

-Como assim?!

-Ele me ouve Nicolas, e não me julga, ah! Porque não conheçi ele antes. -Digo sorrindo.

-Então pede força a ele pra isso. - Ele diz decepcionado parando em sua esquina.

Saio da bicicleta e olho para o seu portão, uma moça de cabelos ruivos longos estava abraçada com a Natália. Minha mãe.
Nicolas segura minha mão. Lágrimas enchem meus olhos.
"preciso de você amigo." sussurro pro espírito santo.

E aí galera tudo bom?  O último capítulo foi pela metade mas aqui está o restante, a continuação será breve mas enquanto isso comentem o que vocês acham que vai acontecer agora.

Promete pra mim •Concluido•Where stories live. Discover now