Capítulo 26

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Aurora

Dessa vez eu começei direito, fui franca com Pilar e contei-lhe tudo que aconteceu, inclusive o meu sentimento por Nicolas, ela apenas ouvia e alguns momentos dava uns pulinhos comemorando, o que me fazia sorrir.

-Ainda não acredito que você me perdôo. -Digo.

-Ora, pra que servem os amigos se não pra perdoar, afinal também errei contigo. - Ela diz.

-Errou? - Pergunto arqueando minha sobrancelha.

-Claro, mentindo pra você, e também empurrando Gustavo pra cima de ti, só pra mim poder ficar com o Michel... -Uma certa tristeza transparece ao falar o nome de Michel.

-Falando nisso, e ele? Como vocês estão? - Pergunto.

-Não estamos. Eu liguei pra ele contando tudo que aconteceu e ele simplesmente não deu a mínima. -Faço um O com a boca. - Na verdade ele me disse que não estava interessado em saber. - Acrescenta.

Me surpreendo com isso, ela pareçia tão apaixonada e agora está tão fria ao falar dele.

-E você já superou? -Pergunto curiosa.

-Claro! Vou ficar chorando por quem não me quer?! -Ela diz rindo.

Queria ter esta garra de Pilar, ser desimpedida e livre, mas ao contrário disso estou com as palmas das mãos soando só de pensar em me aproximar de Nicolas outra vez depois de tudo. Saio de meus pensamentos no momento em que ouço o sinal tocando.

-Já?! -Falamos em uníssono.

-É, já estamos aqui a tempo. - Ela diz olhando o visor do celular. - Vamos pro intervalo, e você vai falar com seu VarãoMagia. -Soltamos uma gargalhada juntas.

Depois que lhe falei que fomos ao culto e tudo que senti ela resolveu chamar Nicolas de VarãoMagia, derivado de BoyMagia. Mas apesar da brincadeira havia uma verdade mo que ela disse, eu tinha ir até o Nicolas.

-Tá, vamos. - Obrigo meus pés a se moverem, e saio marchando do banheiro.

Lá fora estavam todos os alunos, ou pelo menos maioria deles, de longe consegui ver Gustavo, Michel e alguns outros garotos malhados e idiotas , ignoro o fato deles me olharem rindo -muito- e continuo olhando ao redor atrás de Nicolas, ele não estava ali.

-Na sala. - Pilar diz.

Entendo o recado, me viro na direção contrário e marcho em direção a sala, o caminho nunca pareceu tão longo, sorrio ao pensar em como estou agindo, essa com certeza não sou eu, a algumas semanas atrás eu estaria humilhando todos e agora estou indo em direção a sala agradecer à alguém por mudar minha.

Paro em frente a porta, meu coração está batendo apressado demais e minhas mãos soando demais, mordo o lábio inferior com força e passo as palmas das mãos em minha calça jeans. Entro na sala. Ele está sentado copiando algumas coisas em seu caderno, ele percebe minha presença mas não tira os olhos do caderno, ainda assim caminho em sua direção.

-Vim te agradeçer. - Digo me sentando ao seu lado.

-Pelo quê? - Ele solta a caneta e me observa.

-Ah Nicolas, você sabe. - Digo revirando os olhos. - Meus pais me perdoaram.

Ele coloca sua mão sobre a minha, me preocupo com o excesso de suor nela, mas logo passa pois a sensação é ótima.

-Eu estava preocupado. - Ele diz e eu sorrio ao saber da sua preocupação comigo. - Fico feliz por vocês.

Sua mão faz carinho na minha, fecho os olhos e penso em seu abraço, instantaneamente meu corpo se move em direção ao dele e aperto meus abraços ao seu redor em um abraço. Por incrível que pareça ele retribui, com uma de suas mãos ele acaricia meus cabelos. Não sei quanto tempo passamos assim, mas quando abri meus olhos ainda estávamos da mesma forma, no mesmo lugar, o melhor lugar para se estar é dentro do um abraço.

-Casal revelação : O pobre e a rica. - Ouvimos alguém aplaudido. - Ou melhor : O mecânico e a patricinha.

Desfazemos o abraço imediatamente, olho para a porta e vejo Gustavo em pé, com um sorriso sarcástico em seu rosto.

-Você é rápida em ruiva. - Ele diz se aproximando de nós. -Seus pais sabem que você já tá indo pra cama com outro!? - Meu sangue ferve.

Nicolas se levanta e fica de pé em frente a ele.

-Deixa ela em paz cara. - Ele diz.

-Ela tá em paz, não é ruiva? - Ele pergunta .- Mas cá entre nois Nicolas, ela até que é gostosa.

Não sei porque mas me levanto e ando em direção a ele, minha vontade é socar seu rosto. Ele também não fica parado e começa a vim pra perto de mim, mas é parado pela mão de Nicolas em seu peito.

-Calma aí, você não é crente? -Diz ele empurrando Nicolas.

-Sou crente, não idiota. - O punho cerrado de Nicolas acerta em cheio o nariz de Gustavo que cai para trás cambaleando.

-Você me paga! - Ele ameaça e enquanto sai da sala com a mão em seu nariz sangrando.

Suspiro e solto todo o ar preso em meus pulmões.

-E a história de dar a outra face? - Pergunto me lembrando do que o pastor falou no primeiro culto que fui com ele.

-As vezes eu peco. - Ele diz se sentando.

-Me desculpa Nicolas, por causar toda essa situação. - Digo me aproximando mais dele. - A culpa é toda minha.

Digo pegando sua mão que está vermelha na parte de cima dos dedos.

-Nois colhemos o que plantamos, mas relaxa que logo logo você vai colher coisas boas. - Diz ele. - Se continuar plantando coisas boas.

O sinal toca novamente e a sala em questão de segundos fica cheia, me sento ao lado de Pilar e assim passamos o resto da aula, mas mesmo sentada lá, meu pensamento estava unicamente nas palavras de Nicolas. No Nicolas. Pedi perdão a Deus pelo soco, a culpa parcialmente também foi minha, alguns momentos eu olhava para trás e fitava aqueles olhos pretos.

Promete pra mim •Concluido•Where stories live. Discover now