Just tell me

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- Não acredito- ri mais ainda enquanto olhava aquelas estrelas brilharem acima de nós.
- É sério, eu estava com tanto medo de ser pego por aquele velho chato que fiquei em cima daquela árvore por três horas.
Scoot e eu estávamos observando as estrelas sentados no capo do carro, o filme já tinha acabado havia uma hora, então nós dois decidimos conversar um pouco e agora ele estava me contando um pouco de suas histórias de quando era criança e ia passar as férias na chácara de seu avô.
Scoot nos conhecemos na escola, mas nos tornamos próximos em uma festa (a qual eu tive que ir escondida de Justin, pois ele tinha medo de algo acontecer comigo, de acordo com ele, essas festas podiam ser meio "barra pesada" para mim). Nós trocamos números e começamos a conversar e trocar mensagens. Scoot e eu estávamos tomando um sorvete, por mais que estivesse frio, e contávamos histórias de nossa infância. Claro que deixei a história de dois anos atrás passar em branco e disse que meus pais concordaram em eu vim morar com uma amiga deles e acabei indo morar com o filho dela, que no caso era Justin. Essa era a história que eu contava para todos que me perguntavam o que eu estava fazendo aqui.
- Justin parece gostar muito de você- Scoot comentou encarando seu potinho de sorvete e mexendo com a colher no doce que estava derretendo.
- Ele só tem essa mania de amigo protetor, sei lá, tá mais para irmão protetor- ri fraco fazendo a mesma coisa que ele.
- Você não acha que ele tem um sentimento a mais?- neguei com a cabeça ainda mexendo em meu sorvete- sendo assim- ele pegou o potinho de minha mão e o colocou no capo atrás de nós- ele não irá brigar comigo se eu fizer isso, bem, eu espero que não.
- Fazer o que?- pergunto sorrindo, eu já sabia o que ele estava falando.
Logo senti seus lábios em contato com os meus e eu sorri entre o beijo segurando em sua nuca. Scoot não era o cara mais desejado da escola, mas ainda tinha suas admiradoras. Ele era um cara normal, e não fazia igual a alguns babacas da escola que se aproveitavam das garotas. Eu agradecia por ter achado um cara que se interessava em mim que fosse que nem ele.

- Está entregue- ele parou o carro em frente ao portão e eu olhei para a sala vendo a luz acesa, tinha alguém acordado.
- Eu me diverti muito hoje Scoot, obrigada- sorri olhando minhas mãos que estavam pousadas em meu colo, eu estava meio nervosa, eu sempre ficava assim perto de caras como Scoot, caras bonitos, e que eram interessados em mim. O que não acontecia muitas vezes. Comecei a ter encontros a um ano mais ou menos e de lá pra cá devem ter sido uns cinco ou seis, contando com esse. E de longe Scoot era o mais bonito de todos eles.
- Que isso, já tinha um tempo que eu queria te convidar para sair, só faltou a coragem- sorri o olhando e ele fazia o mesmo- acho que mais uma vez está bom- ele disse com humor e se inclinou sobre o freio de mão grudando seus lábios nos meus em um selinho demorado.
- Tchau Scoot- disse ofegante.
- Tchau Anne- abri a porta e sai do carro logo fechando a porta aberta.
Sorri e acenei para ele assim que o portão se fechou comigo já para dentro. Ele retribuiu o aceno e logo já estava indo embora. Abri a porta de entrada depois de atravessar o jardim e subir os três degraus daquela pequena varanda. Vi Justin sentado com seu celular em mãos ligando para alguém.
- Justin?- ele se assustou com minha voz e logo me olhou, seu olhar preocupado suavizou assim que me viu- está tudo bem?
- Onde estava? Tentei te ligar um milhão de vezes, achei que estava, sei lá, sendo sequestrada.
- Desculpa, eu desliguei meu celular para ver o filme e devo ter esquecido de ligar de novo- falei pegando meu celular e o ligando.
- Pensei que algo tivesse acontecido- ele disse se levantando, caminhando em minha direção e me abraçando.
- Eu estou bem, Scoot e eu estávamos apenas conversando, eu apenas me esqueci.
- Tudo bem, e como foi o encontro?- ele perguntou me puxando para o sofá e me sentei ao seu lado.
- Divertido, Scoot sabe entreter alguém- digo me lembrando de nossos beijos sobre o capo do carro e todas as vezes que ele parava em algum sinal vermelho na rua.
- Agora é hora de dormir, vamos logo que eu quero ter certeza que está em segurança- ele disse me abraçando pelo ombro enquanto nos levantávamos.
- Justin eu já estou dentro de casa e em segurança, não se preocupe.
- Eu sei, é só a mania, sabe como é- asseti rindo enquanto subíamos as escadas.
- Boa noite Justin.
- Boa noite Annelize- ele respondeu e fechei a porta logo após essa breve despedida indo tomar um belo banho quente para depois colocar meu pijama e dormir.

[2 dias depois]
Batia o lápis sobre meu caderno vendo o ponteiro dos segundo andar mais e mais, só mais alguns segundos e eu volto para casa, não que eu não gostasse da escola, mas é que eu preferia estar com os meninos do que estar aqui no momento. Logo o sinal bateu e eu fechei meu livro pegando minha bolsa que estava pendurada na minha cadeira e sai da sala junto com os outros alunos.
Caminhei para fora daquele prédio que estas me sufocando, hoje o dia estava meio chato para o meu gosto, ainda mais que hoje era segunda. Eu teria carona para ir para casa, que estava estacionada bem a minha frente sorrindo para mim dentro de um carro.
Algumas pessoas passavam por mim e se despediam enquanto eu caminhava para o carro que estava estacionado na frente da escola.
- Hey Anne- Justin me saudou com um acenar de cabeça enquanto manobrava o carro para fora dali- como foi a escola?
- Entediante- respondi jogando a cabeça para trás e respirando fundo- Justin?- ele fez um barulho para que eu continuasse- eu sei que você não gosta de falar disso, mas, meus pais estão bem? E meu irmão?
Percebi ele apertar o volante com tanta força que os nós de seus dedos estavam ficando brancos. Me encolhi pois sabia que Justin ficava bravo com essas minhas perguntas.
- Por que quer saber?- ele pergunta tentando transparecer calma, o que era a ultima coisa que ele parecia ter no momento.
- Eles continuam sendo minha família Justin, eu quero saber se eles estão bem, só me conte, por favor- por mais que eu quisesse voltar eu não podia, e isso não era uma opção. Quem mandou matar meus avós, se souber que eu estou bem, vai atrás de meus pais para acabar o que começou. Ter cuidado é muito importante nesse momento, Justin finge que eu virei sua prostituta de luxo, só para manter o disfarce. Eu sei que se eu voltar, aquele homem vai atrás de mim e me matar, assim como o resto da minha família.
- Anne já conversamos sobre isso, sua casa não é mais lá, é aqui, comigo e os meninos- abaixei a cabeça depois de ouvir isso. Parecia até que ele queria me prender aqui.
- Mas minha família continua sendo eles- sussurrei baixo, mas parece que ele me ouviu.
Justin socou o volante e parou o carro no acostamento.
- Anne, você sabe que faço tudo por você, mas qual a dificuldade de esquecer eles?- o encarei indignada.
- Eles são minha família Justin, você querendo ou não eles são meus pais. E você não sabe o que é estar longe de quem você ama porque seus pais estão a alguns quarteirões de distancia daqui- fui aumentando minha voz gradativamente a cada palavra- você tem que entender que eu faço isso por eles- baixei meu tom de voz para um magoado- por que você não me deixa saber deles?
- Anne, eu sei que eles são sua família, mas aqui você está segura, assim como eles, se souber menos, melhor- assenti baixando a cabeça e sentindo uma lágrima descer pela minha bochecha. Olhei pela janela quando o carro recomeçou a andar e ficamos em silêncio o resto da viagem.
Ele sempre escondia essas coisas de mim, Justin dizia que eu não precisava saber, mas eu precisava. Era minha família.
Antes mesmo dele desligar o motor quando parou dentro da garagem, eu já estava fora do carro.
- Anne- Justin me chamou enquanto eu subia as escadas, mas o ignorei. Entrei no meu quarto e bati a porta com força me escorando nela.
Eu sentia falta deles, e cada dia estava sendo mais difícil.
Me sentei no chão e afundei meu rosto em minhas mãos, Justin não tinha esse direito de me prender aqui e me deixar alheia aos assuntos relacionados aos meus familiares. Pode parecer drama, mas a dois anos eu pergunto e a dois anos ele fala a mesma coisa "quanto menos souber, melhor", eu ainda insisto, a esperança é a última que morre, certo? Certo.
Meu celular vibrou e abri a nova mensagem que aparecia na tela.
" Topa ir passear comigo e com meu cachorro? Passo ai para começarmos nossa caminhada, vá com roupa de corrida XOXO Scoot"
Sorri, eu precisava me distrair um pouco, e sair com Scoot era uma boa ideia.
"Passe em meia hora e eu estarei te esperando. Roupa de corrida? Um top e um shorts? XOXO Anne"
Logo ele respondeu e eu abri mais ainda meu sorriso.
" Top não, não quero que os outros fiquem te olhando XOXO Scoot"
"Pode deixar XOXO Anne"
Fui para meu guarda-roupa me trocar e depois que eu estava pronta desci as escadas. Scoot já estava me esperando no portão.
- Onde você vai?- Justin me barrou antes de eu chegar a porta.
- Correr- tentei passar, mas ele não deixou.
- Não vai não- revirei os olhos e passei por ele batendo meu ombro no dele.
- Você não manda em mim- murmurei segurando a maçaneta.
- É assim que você me agradece por salvar sua vida?
- Não, é assim que eu agradeço por me privar dela.
- Eu só faço o melhor para você Anne- ele fala derrotado, o olho e ele ainda está no mesmo lugar.
- Eu sei Justin, e agradeço por isso- me aproximei e o abracei- eu te amo tanto, só quero correr- ele me abraçou de volta e me apertou em seus braços.
- Okay, eu vou esperar você aqui, não volte tarde, eu te amo.
Caminhei até a porta e acenei para ele que retribuiu com um sorriso.
- Tchau Justin.
- Tchau Annelize.

My Dear PossessiveWhere stories live. Discover now