Regrets

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Perna. Chiclete. Relógio. Perna. Chiclete. Relógio. Essa era a seqüência exata que eu fazia repetidamente. Balançava minha perna em nervosismo. Estourava uma bola de chiclete em minha boca. Olhava para os ponteiros do relógio em minha mesa esperando que tivesse passado mais um minuto. O tempo parecia congelado, eu estava esperando Justin chegar, queria vê-lo, me sentia tão solitária aquela semana. Scoot faltou em todas as aulas até hoje, sexta-feira da mesma semana da briga com Max. Por falar em Max, ele estava com o olho inchado depois daquele soco, com um roxo para ser mais específica. Justin... Bom Justin estava com uns problemas com alguns assuntos. Ele mal parava em casa e quando estava aqui eu já estou dormindo. Resumindo, estava sozinha.
Comecei a rodar minha cadeira giratória pelo quarto em tédio. Parei de repente vendo tudo ir de um lado para o outro. Parecia que eu estava em uma navio que estava enfrentado uma tempestade. Levantei da cadeira indo até a porta do quarto. Precisava me ocupar com algo.
Caminhei até a sala de jogos no terceiro e ultimo andar da casa; eu não era muito de subir até aqui, geralmente só vinha aqui para procurar um livro na biblioteca, que também ficava nesse andar, mas já havia lido todos aqueles livros, sem exceção, desde romances até livros de história, tipo, história mesmo, independência dos Estados Unidos e tudo mais. Fui para a porta de madeira pintada de branco com alguns adesivos e bandeiras de times.
O motivo de tantos jogos naquela prateleira era desconhecido por minha pessoa. Olhei ao redor vendo jogos de carta, roletas, x-box, e alguns eletrônicos, nada que eu gostasse. Girei em meus calcanhares para sair de lá, até que bati no vaso ao meu lado. O segurei antes de cair, mas alguma coisa caiu de dentro dele.
Me abaixei e olhei sob a mesa vendo uma chave dourada meio descascada, uma etiqueta presa na chave me indicava de onde ela era, "sótão". Franzi a sobrancelha em confusão.
- A gente tem sótão?- perguntei a mim mesma achando aquilo estranho. Por que diabos tinha uma chave escondida dentro de um vaso? Quem esconde a chave dentro de um vaso?
Sai daquele quarto olhando para o teto procurando alguma entrada. Entrei na biblioteca ainda olhando para cima, até que vi uma portinha no teto. Sorri de lado. Achei.
Peguei a cadeira de madeira a arrastando para embaixo da portinha. Eu iria descobrir o que era isso.
Girei a fechadura empurrando a porta. A teia de aranha se desprendeu demonstrando a falta de uso daquele quarto. Me apoiei nas bordas e subi me sentando em uma das outras bordas. Caixas, muitas caixas. Peguei meu celular e coloquei a lanterna iluminado o local. Muita teia de aranha.
- Sarah...- li em uma das caixas; me postei de pé caminhado até a caixa vendo o nome feminino estampado ao seu lado.
Abri a mesma vendo algumas fotos de uma garota loira, devia ser a tal de Sarah.
Fechei tudo quando ouvi um carro chegando na casa. Desci de lá e fechei a portinha arrumando a cadeira.
- Anne?- ouvi sua voz me chamar e desci correndo as escadas pulado, vez ou outra, um degrau ou dois.
- Voltou cedo hoje- sorri, olhando meus pés, ainda não o olhava, e quando o olhei não queria ter feito isso. Meu sorriso se desfez vendo aquela garota de vestido curto e preto olhando ao redor.
- Queria ver se você estava aqui antes, eu só...- olhou a garota e olhou para mim novamente- ham...vamos para outro lugar baby- Justin piscou para a garota- volta pro carro- ela sorriu para ele e o obedeceu.
Não era para ligar, mas eu ligava. Agora que eu estava disposta em tentar algo com ele, quando eu percebi que talvez desse certo, ele faz isso. Traz uma garota para a casa, casa a qual eu moro, e ainda quer que eu fique como?
- Anne- olhei ele que me chamou- eu só...- tentou se aproximar, mas dei um passo para trás- eu não sabia que estava aqui, pensei que tivesse saído e eu...- ri incrédula o fazendo parar de falar e me encarar com o cenho franzido.
- Não sabia que eu estava aqui? E se eu não estivesse, estaria atracado com ela agora?- neguei com a cabeça fazendo cara de nojo imaginando a cena.
- Anne eu só... Você sabe como sou, eu não consigo ficar...
- Eu sei- assenti com a cabeça, mesmo querendo negar que o conhecia bem o suficiente para saber que aquilo era verdade- infelizmente eu sei- o analisei de cima a baixo negando com a cabeça.
- Anne...
- O que você faria? Se eu não te desse isso? Se tivéssemos um relacionamento sério? Iria atrás de alguém?
- Esse é o problema, você é virgem, não daria certo esperar você ter a segurança que precisasse e não poder me satisfazer.
- Agora eu ser virgem te atrapalha? Legal Justin, pensasse nisso antes de se declarar- travei o maxilar em irritação.
- Acho que é tarde demais pra voltar a trás- ele murmurou esperando que eu não ouvisse, mas eu ouvi.
Descruzei os braços, o encarando com os olhos marejados. Então se declarar para mim foi um erro? Ótimo. Se é assim que ele quer.
- Tudo bem, eu entendo- murmurei com a voz fraca- pode ir, eu vou ficar bem.
- Anne, eu não queria...- me puxou pela mão e me abraçou. Abraço o qual eu não correspondi.
Olhava um ponto fixo atrás dele esperando que Justin me soltasse. E assim que ele fez isso me virei de costas e comecei a subir as escadas.
- Anne...
- Só me deixa em paz Justin- cheguei ao topo da escada e fui para meu quarto enquanto utilizava minha digital para desbloquear o celular.
Caminhei até a janela observando o carro de Justin sair portão a fora. Fui aos meus contatos procurando a letra "S".
Apertei o botão verde e começou a chamar.
- Anne?
- Scoot- sorri ouvindo sua voz, mesmo sentido sentindo as lágrimas caindo- hey, você sumiu essa semana.
- Anne o que aconteceu?- ele conseguiu perceber que eu chorava.
- Posso ir pra sua casa? Preciso falar com alguém.
- Claro- ele respondeu de prontidão. Me levantei da cama caminhando até o lado de fora do quarto.
- Chego daqui a pouco- desliguei depois dele se despedir. Parei olhando a foto de fundo. Justin e eu estávamos na piscina. Retirei sua digital do meu celular, mudei a senha e mudei a foto de fundo para uma minha sozinha na frente do espelho toda produzida pra a ultima festa do time, onde Max me drogou.
Joguei meu celular no sofá e sai da casa caminhando para o segurança do jardim.
- Quero que me leve a um lugar, não tenho carteira de motorista.
- Sim senhora- sorri de lado.
[...]
Sequei as lágrimas de tanto rir.
- Ai a gente...- Scoot parou para rir mais e continuou falando, eu não entendi nada do que ele disse, mas tudo bem.
Quando cheguei a meia hora Scoot não fez perguntas, apenas me abraçou e me puxou para dentro da casa me servindo uma taça enorme de sorvete de menta com chocolate, meu favorito. Ele estava me contando algumas das pegadinhas que fazia com os vizinhos quando mais novo.
- Anne?- o encarei, vendo seu olhar sério- o que aconteceu?
Respirei fundo recolocando a colher que usava novamente no potinho, já havia terminado e repetido, duas vezes.
- Sabe quando estava no hospital?- ele assentiu fazendo sinal para que eu prosseguisse- naquela noite, eu ainda estava com o remédio funcionando, mas estava meio acordada meio dormindo. Sabe quando você ouve as coisas, mas não consegue abrir os olhos nem de mexer? Foi isso que aconteceu. No início eu achei que era um sonho, mas ai quem estava falando comigo disse "eu te amo" e me beijou. Eu senti, não era um sonho. Justin admitiu isso a uma semana, mais ou menos- apoiei meu cotovelo na mesa, apoiando meu queixo na palma de minha mão.
- Isso não é uma coisa boa?- sorri de lado para sua pergunta.
- Seria se ele não tivesse levado uma garota para casa hoje, e ainda disse que se declarar para mim foi um erro- me recostei na cadeira cruzando os braços.
- Sabe o que te deixaria animada?- neguei o encarando- uma noite das meninas- ri de sua ideia.
- Não tenho amigas aqui Scoot, as garotas daquela escola são princesinhas de mais para mim. Acho que só tenho você e mais alguns amigos fora da escola. Uma ou duas amigas que fiz em festas que mantenho o contato.
- Eu sei, eu só- pausou parecendo pensar- eu preciso te contar uma coisa.
- O que é?- me inclinei na mesa ansiosa. O que quer que seja parecia serio por sua expressão que encarava o nada.
- Anne- respirou fundo fechando os olhos- eu acho que sou bi.
- Como assim bi?- perguntei confusa.
- Acho que eu sou bissexual.
Meu queixo caiu olhando seu rosto contorcido em confusão. Ele parecia mais confuso que eu. Mas o que eu mais estava mesmo, era surpresa.
- Sei lá, eu gosto de mulher, mas parece que eu me atraio por homem também.
Ri de sua confusão me levantando e sentando ao seu lado.
- Hetero, gay, ou Bi. Você continua sendo a melhor pessoa do mundo- ele sorriu para mim retribuindo o abraço- mas é estranho pensar que beijei você enquanto você gosta de homem.
- Nunca disse que não gostava de mulher- sorriu malicioso apertando minha cintura. Ri negando com a cabeça.
- Posso dormir aqui?- perguntei do nada. Não queria ter que olhar para a cara de Justin ainda hoje.
- Por que não?

Justin Bieber POV

Deixei a garota na porta de sua casa depois de me desculpar por não rolar nada hoje. Não podia fazer aquilo com Anne. Precisava consertar as coisas com ela.
Me lembro quando recebi a missão de vigia-la, para conhecer sua rotina. Tão inocente. Tão frágil. E depois de dois anos aqui estou eu, caído de quatro por ela. Quando assumi meus sentimentos por ela foi a coisa mais inesperada que aconteceu. Eu queria protege-la. Eu não podia perde-la, eu não sei o que é essa necessidade de protege-la, mas eu não queria ver Anne sofrer, eu estou criando um tipo de sentimento por ela, mas esse sentimento me assusta pela dimensão que está tomando dentro de mim, eu não consigo mais vê-la se encontrar com outros caras, como me acostumei desde que ela chegou aqui. Vê-la se encontrar com Scoot foi preciso para ver que eu estava perdidamente apaixonado por aquela garota.
Entrei na casa percebendo que tudo estava em silêncio. Caminhei para a sala vendo seu celular sobre o sofá. Sua foto de fundo estava diferente, tentei desbloquear com minha digital e com a senha. Ela trocou tudo.
Subi as escadas não a encontrando.
- Merda- corri ao meu escritório acessando as câmeras. Ela conversou com um dos seguranças e foi até o carro. Agora eu te achei.

Anne POV
Estava deitada no sofá encarando o teto, ainda estava no tédio. O que eu faria? Uma hora eu precisava voltar para casa, mas por hoje eu ficaria aqui.

Demorei? Fiz o melhor que pude, mudei um pouco o rumo da história com o Scoot, maaaas ele ia ser bi de um jeito ou de outro. obrigada a todas que estão lendo, obrigada pelas estrelinhas e comentários. Me sigam no Twitter @giovanasibille. Meu WhatsApp: (12) 997232314, uma leitora foi me chamar então um agradecimento especial a Déborah.
Obrigada a todas, bjuuuus até o próximo.

My Dear PossessiveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora