Lizza

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Uma semana depois...
Em 1994 um garotinho nasceu no Canadá. Ninguém ligava muito para ele além de seus pais, que achavam que a coisa mais preciosas de suas vidas estava em suas mãos, tão frágil, tão inocente. Com o passar dos anos aquele garotinho foi crescendo ao meio do frio de sua cidade pequena, rodeado de sua família. Quem diria que aquele inocente garotinho, que sempre se esforçou na escola, que sempre tivera muitos amigos acabaria assim? Depois de algum tempo, já no primeiro ano ensino médio ele recebe a notícia que seus pais poderiam ser despejados de sua casa, a qual batalharam muito para conseguir. Num momento de desespero aquela criança nascida em 1994 decide entrar para o ramo do crime como um empregado, e assim começa essa história. Justin nunca foi a pessoa mais adorável desde que o conheci. Ele tinha seus momentos, ma no início ele nem olhava em minha cara. Desde que cheguei aqui ele tem mudado muito. Mas o que não mudou foi a forma de esconder como minha família estava.
Joguei minha coberta na cama e me levantei. Já fazia uma hora que não ouvia nada pela casa. Já fazia uma semana que eu ficava acordada até mais tarde para ir ao escritório de Justin para ver meu Facebook. Já fazia dois anos e meio que eu estava aqui nessa casa enquanto minha mãe me procurava por ai.
Abri a porta de meu quarto olhando o corredor vendo o mesmo escuro, a luz da escada estava acesa, como toda noite, e aproveitei ela para ver meu caminho de escada até a porta do escritório. A maçaneta dourada girou assim que fiz o movimento para abri-la e entrei no cômodo, sem acender a luz. Não queria chamar atenção.
Com as mãos tateei a mesa e dei a volta na mesma sentando naquela cadeira de couro. Liguei o computador colocando a senha. Abri o navegador padrão de internet e conectei no meu facebook.
- Eu queria ter certeza disso- pulei na cadeira ouvindo a voz grave atrás de mim- esperava que fosse apenas uma suspeita besta. Mas vejo que não.
- Justin- me levantei assim que ele acendeu a luz.
- O que você está fazendo aqui Anne? Já disse que quanto menos souber melhor.
- Eu só... Eu só queria saber como eles estavam. Eu não... Eu não queria ficar as escuras em relação a minha família- dei a volta na mesa me aproximando dele.
- Não se aproxime- parei imediatamente o encarando, seu olhar transmitia raiva, mas com um pingo me mágoa, lá no fundo- porque você ainda quer saber deles Anne? Eu sou sua família agora, é comigo que você vai ficar.
- Eu só estava curiosa, queria saber o que estava acontecendo- baixei minha cabeça olhando meus dedos entrelaçados uns nos outros- desculpa.
Ouvi um suspiro e senti ele se aproxima. Levantei minha cabeça e fui pega de surpresa por um abraço vindo de sua parte.
- Só não minta mais para mim- assenti retribuindo o abraço.
- Justin?- me separei dele- quero te perguntar algo.
- O que?
- Porque você tem uma pasta no seu computador sobre mim- ele respirou fundo caminhando até a mesa e se sentando na cadeira onde eu estava.
- Meu trabalho era te vigiar. Conhecer sua rotina- ele começou a falar- conhecer seus amigos, sua família. Você era a pessoa mais importante para a missão- me sentei na cadeira a sua frente não entendo.
- Porque eu? O que eu tinha de especial?
- Quando seus pais fizeram o acordo por dinheiro, não leram o contrato direito. Se eles não devolvessem o dinheiro em um ano, iríamos matar você, a filha caçula- arregalei os olhos ouvido isso- quando descobriram isso tentaram reverter, fazer outro acordo, mas Marco não queria outro acordo. Quando fomos a sua casa para te buscar, seus avós tentaram impedir. Não era para eles estarem lá.
- Eles estavam passando o fim de semana conosco- sussurrei me lembrando da razão deles estarem lá aquela noite.
- Minha missão era subir e te matar, mas eu não consegui. Te vi dormindo e quando ouvi a discussão na sala da casa saí de seu quarto para saber o que estava acontecendo. Infelizmente seu irmão teve a mesma ideia. Tive que usar clorofôrmio nele e quando saí do quarto dele... Você estava assistindo o que acontecia. Decidi te trazer para cá depois disso, pensei que Marco não te deixaria viver então, como você se lembra, disse que ia te tornar minha prostituta fixa. Então se você voltar...
- Ele vai achar que a divida não foi paga e vai querer me matar- completei olhando o chão.
- Exato, por isso quando menos souber de sua família melhor. Porque se você souber muito, Marco pode desconfiar que você não é minha prostituta.
Assenti. Eu não podia saber de nada, seria melhor assim.
[...]
- Parece que alguém se esqueceu de mim- ouvi uma voz atrás de mim e eu sorri fechando meu armário e me virando vendo minha melhor amiga atrás de mim.
- Liz- a abracei apertado, havia sentido sua falta- como foi a viagem?- perguntei me separando dela e começamos a andar pelo corredor.
- Itália é tudo de bom- sorriu olhando os pés.
Lizza era minha melhor amiga aqui no Canada, ela estava de férias nas Itália e passou essas semanas fora, enquanto tudo isso acontecia.
- O que eu perdi?- perguntou entrando na sala de aula comigo.
- Nada de mais, foi chato como sempre.
- Nada? Sério? Ouvi falar que você estava saindo com Scoot- ela bateu o ombro no meu fazendo uma voz maliciosa.
- É, eu estava, mas acho que não deu certo- na verdade eu descobri que ele trabalha pro cara que quer me matar, sabe como é, não deu certo. Balancei minha cabeça afastando esses pensamentos e sorri para Lizza.
- Pizza hoje em casa?- perguntei, estava com saudades da minha amiga.
- Acho que o Justin não gosta de mim, ele vai deixar?- ri com sua pergunta.
- Não é de você que ele não gosta, você me leva paras as festas. Ele não gosta que eu vá paras as festas.
- Isso um dia vai dar em namoro- comentou olhando as unhas feitas de azul.
- Sobre isso...- olhei minhas unhas vermelhas e comecei a descascar a tinta delas.
- Anne, o que aconteceu enquanto eu estava fora?- ela me olhava sorrindo.
- Ele meio que se declarou pra mim- sorri se lado lembrando de como ele estava comigo.
- Ai que meigo. Agora eu quero ir pra sua casa- ela pulou animada em sua cadeira.
- Depois da escola?- perguntei e ela assentiu.
[...]
- Ele vai vir buscar nós duas?- Lizza perguntou aparecendo na porta da minha ultima aula assim que o ultimo sinal bateu.
- Já deve estar ai- respondi fechando meus cadernos e os segurando em meus braços.
- Não se acanhem, quero ver a meiguice de vocês, quero ver se ele consegue ser melhor que aquilo que ele é comigo- revirei os olhos achando graça.
Quando descemos os quatro degraus da entrada olhei pra o estacionamento vendo Justin encostado em seu Audi preto.
- Acho que vou tentar ir lá- uma das animadoras comentou olhando para ele. Ela estava ao meu lado e mordia o lábio inferior olhando para ele- deve ser o irmão de alguém- comentou o medindo de cima a baixo.
Ela começou a andar em direção a ele rebolando com aquela saia minúscula de seu uniforme de animadora azul.
Andei atrás dela junto com Lizza para ver no que ia dar.
Justin olhava para nós e sorriu para mim acenando. Acenei de volta sorrindo, mas a garota a minha frente não pareceu perceber, pois continuou andando em sua direção.
Essa seria divertida de se ver.
- Oi- a ruiva disse parando em sua frente- eu e minhas amigas estávamos conversando ali sobre você, e sabe como é. Vai ter uma festa sábado e eu queria saber se você queria ir. Os convites vão ser distribuídos amanhã, mas se me der seu telefone podemos marcar, você sabe.
- Na verdade eu não posso- sorri de lado- Anne, está pronta?- ele me olhou e a garota fez o mesmo- Rose está fazendo meu prato favorito, ela pediu pra vir te buscar rápido.
- Claro- sorri passando pela ruiva- Lizza vai com a gente para casa, okay?
- Fazer o que né?- ele disse com humor e encarou a ruiva.
- Vou pensar na festa, se eu for peço para Anne te avisar- ela assentiu ainda me olhando.
Entrei no carro no banco da frente e Lizza no de trás, Justin se postou no banco do motorista e deu partida no carro indo para casa.
- Qual o problema do povo da sua escola? Só pensa em festa- Justin resmungou fazendo a manobra para o retorno.
- A gente podia ir né Anne?- Lizza falou olhei para ela com as sobrancelhas erguidas- e o Justin também- revirou os olhos- a questão é... Parece que vai ser legal, é uma festa das animadoras do segundo ano, e ela disseram que os convites vão ser distribuídos, amanhã você vai lá e diz que o Justin vai, mas só se você for- olhei Justin fazendo bico.
- O que?- ele me olhou rapidamente- não Anne.
- Por favoooooooor, você vai estar lá, eu não vou sair de perto de você- juntei as duas mãos em forma de suplica.
- Não sei- ele parou em um semáforo e me olhou- o que você me pede sorrindo que eu não faça chorando?- disse derrotado. Sorri abertamente e selei seus lábios aos meus rapidamente.
Justin ficou com um sorriso bobo no rosto o resto do caminho.
Assim que chegamos em casa subi correndo para meu quarto. Lizza vinha correndo atrás de mim, certeza de que ela queria saber mais.
- Sério mesmo que vocês vão subir?- ouvi o grito de Justin e ri de sua voz sofrida.
- Já descemos, vamos apenas trocar de roupa- gritei de volta fechando a porta do quarto.
- Não achei que você e ele estavam tão assim, me conta detalhe por detalhe.
Joguei minha cabeça para trás rindo de seu jeito malicioso.
[...]
- Porque os personagens de filme sempre fazem isso? Se separam- Lizza sussurrou olhando para a TV, onde estávamos assistindo A forca- querida você devia ficar com ele, não seguir os outros dois.
- É pra ser assim Lizza, eles sempre vão fazer os filmes assim- respondi encolhida em meu cobertor, Justin estava no escritório e havia deixado eu e Lizza vendo um filme de terror. No meio da chuva. Em uma casa enorme. Onde a qualquer momento alguém pode entrar pela porta. Ou acabar a luz, que foi o que aconteceu depois de um raio iluminar o céu.
- Anne?
- Eu- me encolhi mais no sofá só vendo a escuridão.
- Eu estou com medo- Lizza murmurou- onde você está?
- Não sai do lugar, estou com muito medo- senti alguém me abraçar pelos ombros- Lizza você está bem?- perguntei.
- Estaria se te achasse.
- Mas você está...- pulei do sofá enroscando meu pé no cobertor e caindo no chão, peguei meu celular no bolso e iluminei o sofá vendo Justin sorri para mim- não faça mais isso, me assustou- me levantei e sentei ao seu lado- Lizza vem aqui- antes de terminar a frase ela já estava abraçada a minha pessoa me esmagando.
- E agora?
- Vamos esperar- Justin respondeu Lizza, estava abraçada aos dois.
- Justin?- chamei sua atenção ao ver algumas sombras se moverem do lado de fora- quando a força cai, o sistema de segurança cai também?- o olhei sugestiva.
- Só se o fusível reserva não estiver funcionando- respondeu despreocupado.
- Você quebrou o fusível reserva mês passado Justin- sussurrei vendo mais sombras, que tomavam forma de pessoas do lado de fora.
- Sério? Não me lembrava disso.
- Justin? Acho que estamos sendo invadidos- sussurrei me encolhendo mais ainda. Foi ai que eu ouvi um tiro e o grito de Lizza. Estávamos ferrados.

Eu demorei, sei disso, e sinto muito. Mas agora estou aqui com mais um capítulo.
Decidi colocar uma amiga pra Anne pra ficar mais legal. Lizza vai ser baseadas em personagens de livros, filmes e em minhas amigas, como uma homenagem para minhas amigas que estão me ajudando com MDP.
Obrigada a todas as leitoras e desculpa se eu demorar.
Por hoje é só, bjuuus.

My Dear PossessiveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora