Back to the beginning

6.5K 353 26
                                    

Abri a porta do meu antigo quarto vendo tudo como eu havia deixado. Minha decoração de dois anos atrás, meus móveis, minhas coisas. Olhei ao redor relembrando de quantas coisas havia passado por lá. Dei um a frente adentrado mais o quarto vendo minhas antigas coisas. Sentei em minha cama acariciando a coberta verde que a cobria por inteiro.
- Deixei como era antes- a voz de minha mãe chamou minha atenção. Ela me encarava do batente da porta, enquanto sorria.
- Está tudo tão igual, e tão diferente. Acho que me acostumei com o Canadá- olhei para meu teto vendo as marcas da tinta néon- ainda está aqui?- apontei para o teto e minha mãe assentiu.
Ela caminhou até minha janela e fechou as cortinas, depois voltou para o lado da porta desligando minha luz normal e ligando a luz de fluorescente. Pelas paredes e pelo teto eu via recados, poemas, trechos de musica, desenhos. Quando era pequena queria ser pintora, minha mãe pagou aulas de arte para mim e fiquei matriculada até os doze anos, então quis sair. Eu sabia desenhar muito bem até hoje.
Deitei minha cabeça no travesseiro vendo o galho que estava envolta de suas flores desenhadas em um entrelaço perfeito. Eu demorei dois meses para conseguir terminar esse desenho. Me lembro que me baseei em uma cerejeira japonesa. Os galhos se ligavam entre si, e se ligavam com os outros desenhos e frases, aparecendo a ponta de cada galho repleta de flores em cada frase e imagem. A base a árvore era na parede onde a cabeceira da minha cama estava encostada. Quando minha mãe descobriu ficou tão brava, mas percebeu que não podia fazer nada, era só um desenho.
- Queria te entregar uma coisa- senti a cama se afundar ao meu lado, olhei para o colo de minha mãe vendo uma caixa de veludo preta, do tamanho da palma de sua mão- no meu aniversário de dezesseis anos, minha mãe me deu isso. Decidi dar a você assim que vi seu rosto pela primeira vez- me sentei observando seu rosto que olhava um ponto qualquer, como se lembrasse daquele dia- mas queria criar um tradição e te dar apenas aos seus dezesseis. E aqui está- ela estendeu a caixa para mim- e quero que passe para sua filha ou filho, e que passem aos seus filhos e por assim a diante. Eu daria a Will, mas ele me disse uma vez que não queria algo tão valioso, com medo de perder, por mais que seja apenas uma bijuteria.
Abri a caixa vendo um colar prata com um pingente quadrado, uma pedra transparente presa ao quadrado, onde tinha pequenas pedrinhas, dando um ar delicado.
- Vou por em você- ela disse afastando o cabelo de meu pescoço e colocando o colar em mim. Me levantei da cama indo para frente do espelho vendo aquele simples acessório que significava tanto para minha mãe. Eu odiaria decepciona-la, mas não podia deixar Justin preso. Ela teria que saber a verdade, mais cedo ou mais tarde.
[...]
- Certeza de que quer ir?- meu irmão perguntou mais uma vez. Estava ao seu lado encarado meu antigo colégio. Sorri vendo meus amigos conversarem, nenhum deles sabia que eu havia voltado.
- Certeza, tenho que continuar os estudos certo?- sorri com minha fala enquanto via meus antigos colegas rirem de algo.
Uns dias antes de Justin ser preso, minha mãe ligou para o colégio falando da minha volta. Até minha matricula ser feita, do jeito certo, eu poderia estudar aqui. Já fazia dois dias que estava em casa, e faltava cinco dias para o julgamento, que era no sábado. Ou seja, era segunda-feira, Justin havia sido preso quinta e sexta eu já estava embarcando vindo para cá.
- Boa sorte- sorri e beijei a bochecha de meu irmão- tchau.
- Tchau- respondi abrindo a porta. O vento bateu no meu rosto, fazendo meus cabelos esvoaçarem atrapalhando minha vista.
Atravessei a rua, enquanto olhava ao redor. Realmente nada mudou na escola. Estava exatamente igual, como da ultima vez que vi.
Olhei para o meu antigo grupo de amigos parando a alguns metros. Sorri vendo todos se divertindo. Até que alguém me viu e parou de sorrir. Minha antiga melhor amiga se levantou de onde estava e deu um passo em minha direção. Ela sorriu para mim com seus olhos marejados e correu me abraçando.
- Você voltou- ela sussurrou me apertando enquanto eu fazia o mesmo e fechava meus olhos sentindo o momento.
- Eu voltei- abri os olhos me afastando- você mudou- murmurei vendo seu cabelo mais comprido e com as pontas mais claras.
- Você também- ela disse mexendo em meu cabelo- cresceu, e muito.
Meus outros amigos me encaravam boquiabertos.
- Só a Jilian ganha abraço?- um amigo meu perguntou, ri negando com a cabeça e abraçando a todos.
- Vamos?- Jil entrelaçou seu braço ao meu como fazia antes. Como Lizza fazia. Lizza. Já sentia falta da minha amiga, que descobriu só agora que Justin era um traficante, depois de tanto tempo.
- Vamos- sorri forçado respirando fundo andando em direção a escola, seria um longo dia.
[...]
Me sentei rapidamente na cama com a respiração acelerada. Outro pesadelo. Tentei me acalmar, mas sabia que apenas um copo de leite ou de água me faria ficar melhor.
Levantei da cama caminhando para fora do quarto, desci as escadas indo para a cozinha pegando um copo de leite gelado na geladeira. Subi as escadas enquanto bebia o líquido me deliciando com seu gosto.
- A gente já tem o dinheiro Marco- parei de andar ouvindo esse nome. A voz de meu pai vinha de seu quarto, onde pela, fresta de baixo da porta, conseguia ver a luz acesa.
- Fala que vamos nos encontrar depois do julgamento do Bieber- a voz de minha mãe soou. Arregalei os olhos entendendo tudo.
Meus pais deram dinheiro para Marco "me encontrar", sendo que ele já sabia onde eu estava. Era por isso que eles me encontraram. Mas porque depois de dois anos? Claro, Marco estava no Canadá, me lembro de ouvir Justin comentar com alguns dos caras sobre como Marco havia sumido. Ele devia estar aqui. Meus pais o encontraram e pediram esse favor. Com Justin preso, Marco teria mais espaço, mais território, e o gostinho de vencedor.
Eu preciso resolver isso, e logo.
Caminhei até meu quarto pegando meu celular novo. O antigo ficou na casa de Justin. Não trouxe junto comigo. Disquei o numero conhecido por mim e esperei chamar.
- Alô?
- Chris?- sussurrei sorrindo- oi, preciso da sua ajuda.
[...]
O carro parou em frente ao tribunal, meus pais e meu irmão estavam animados para o julgamento. Eu nem tanto.
- Vão descendo, vou procurar uma vaga- meu pais disse e logo eu, Will e minha mãe já estávamos subindo as grandes escadas para a entrada.
O julgamento seria em dez minutos e pelo que soube, Justin estava em uma sala especial.
Algumas pessoas estavam na sala do julgamento, entre elas, Chris, Chaz e Ryan. Eles sabiam o que se passava, os três eram os melhores amigos de Justin e sempre estavam na casa.
O primeiro banco estava reservado para mim e minha família, me sentei e esperei pelos mais longos dez minutos da minha vida.
- Todos se levantem para receber a juíza- um dos policiais disse e todos nos levantamos vendo a juíza entrar.
- Hoje iremos ver o caso do sequestro de Annelize James, praticado por Justin Bieber.
Justin entrou por uma porta lateral, algemado e com uma roupa laranja de prisão. Meu peito apertou vendo aquela imagem, eles parecia tão mal.
- Vamos fazer os primeiros procedimentos e depois vamos as testemunhas.

- Anne sempre foi bem vida naquela casa- Chris disse- nada fora do normal acontecia.
- Mentiroso- minha mãe sussurrou, fechei os olhos me sentindo uma idiota por não ter falado antes.
- Justin nunca fez nada de mais com ela.
- Obrigada senhor- o promotor se pronunciou- sem mais perguntas- ele encerrou e Chris pode sair da tribuna. Ele era a terceira testemunha, antes dele Rose havia subido a tribuna e um dos empregados de Justin.
- Estão todos mentindo, não sei para que fazer essas perguntas- comprimi os lábios ouvindo minha mãe.
- Senhora, gostaria de chamar a tribuna, nossa vítima- o promotor disse novamente- Annelize James, poderia subir aqui?
Hesitei em levantar ao ver todos aqueles pares de olhos sobre mim. Assim que me sentei na cadeira atrás da bancada pude observar Justin melhor. Estava sentindo saudades já. Eu havia me tornado mais dependente dele do que eu imaginei.
- Senhorita James- voltei a realidade olhando o promotor- poderia nos dizer como era sua rotina na casa- olhei para minha mãe que sorria. Eu já sabia que ela pensava, que Justin estava preso. Observei Justin negar com a cabeça me pedindo para não contar a verdade, mas eu precisava.
- Normal- respondi e a sala foi tomada de murmúrios. Justin fechou os olhos negando com a cabeça, será que era melhor mentir? Mas assim que vi seu sorriso direcionado a mim, eu sorri de volta. Eu havia feito a coisa certa. Iria acabar com tudo isso.
- Poderia definir melhor?- o promotor pediu andando de um lado para o outro.
- Eu acordava e ia para a escola nos dias de semana, depois variava o que eu fazia. Lição de casa, parque, assistir TV- dei de ombros vendo minha mãe entre abrir a boca.
- Então está dizendo que sua vida naquela casa era completamente normal?
- Isso é exatamente o que estou dizendo- assenti com firmeza. Agora que comecei, iria até o fim.

Oiiiiiii, estou aqui com mais um, eu ia postar só amanha, mas consegui terminar hoje. obrigada pelas estrelas e comentários, quero mais kkkkkk
Por hoje é só bjuus

My Dear PossessiveWhere stories live. Discover now