35. don't be mad with me

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As últimas aulas passaram até que rápida demais. Eu estava no meu lugar de sempre e Lauren no lugar dela. Justin também estava na sala, mas não falou nada, nem comigo, nem com Lauren, muito menos olhou para uma de nós duas. Lauren não falou comigo desde o acontecimento no pátio, e eu também não a chamei. Quando o sinal bateu, significando que já podíamos ir embora, eu guardei minhas coisas e me levantei, indo em direção à mesa de Lauren.

— Me leva em casa? — ela pediu enquanto se levantava com a bolsa no ombro.

Eu ainda estava com raiva de Lauren, mas não deixaria meu bebê sozinha andando pelas ruas. Eu apenas não entendia o porque dela não querer falar pelo menos para nossos amigos que estávamos juntas. Ela aceitou namorar comigo no parque, porque estava escondendo tudo agora?

— Claro.

Saímos da sala de aula e pegamos o elevador. Ficamos em silêncio até chegar meu carro, abri a porta pra ela, que entrou e agradeceu. Dei a volta no carro e entrei. O trajeto todo foi silencioso.

— Entregue. — eu disse tirando a chave na ignição. Já estávamos na frente da casa de Lauren. Ela olhou pra sua casa, mordeu o lábio inferior, depois olhou para mim. — Porque você não contou que estávamos juntas?

Decidir acabar logo com aquele silêncio constrangedor.

— É difícil, Camz...

— Difícil porque, Lauren? Estávamos só entre amigos. Não era como se fosse você publicar no jornal que me namorava. — eu disse a interrompendo. — Eu pensei que tínhamos algo sério.

— E temos. — ela suspirou.

— Temos mesmo? Do que você tem medo hein, Lauren?

— Não é medo Camila, eu não quero ninguém se metendo na nossa relação. — ela articulava com as mãos. — Não quero ninguém opinando, ninguém precisa saber.

— Então você quer namorar comigo escondido? — eu ri.

— Não... Também não é assim. — ela disse olhando bem fundo nos meus olhos.

— É como então? Me explica. — soquei o volante. — Me explica porque eu não posso pegar na mão da minha namorada, nem beijá-la na frente dos outros.

— Camila... — olho pra ela, e ela tem um olhar de arrependimento.

— Vai Lauren, eu estou esperando uma resposta. Você tem vergonha de mim, né? Tem vergonha do que vão dizer de você beijando uma menina... não é?

— Não. — ela disse se aproximando, tocando meu rosto, mas eu me afastei. — Não é isso, eu te amo com todo o meu ser Camz... — era covardia ela usar meu apelido em nosso pequeno desentendimento. — Vamos... só um pouco devagar, por favor? Pode ser?

Eu parei pensando por alguns segundos mas assenti ainda com um bico nos lábios, olhando pra ela. Lauren se aproximou e colou os lábios nos meus, me dando um selinho demorado. Não aguentei e segurei em seu rosto e a beijei, um beijo de verdade, não só esse tocar de lábios. Lauren sorriu e deu passagem para a minha língua. Suspirei de alívio quando nossas línguas se encontraram. Minha mão apertando sua coxa, um pouco acima do joelho.

Eu a beijo com mais vontade, como se fosse o nosso último beijo. Sugo sua língua outra vez e a ouço gemer entre o beijo. Então eu sinto uma pressão no meio das pernas, merda. Quando puxo Lauren pro meu colo, ela separa nossas bocas.

— Camila. — ela murmura em meio ao meus lábios, suas mãos agarrando mais meus cabelos. Ela tenta quebrar o beijo mas eu a puxo outra vez, ela morde devagar meu lábio inferior e se afasta sorrindo. — Eu preciso ir, minha mãe deve já saber que eu estou... aqui.

Lauren fala tentando recuperar a respiração. O carro fechado fez que ficasse mais quente e abafado, mesmo que o ar ainda estivesse ligado. E eu agradeci a Deus que o meu carro tinha vidro fumê.

Balancei a cabeça e Lauren foi pro lugar do carona, ajeitando os cabelos. Eu sorrio de lado, encostando minha cabeça no banco. Ela vira o rosto pra mim e sorri também.

— Queria passar a noite toda com você de novo. — digo fazendo beicinho.

— Eu também, eu também. — Lauren chega mais perto de mim e me rouba outro selinho, suas mãos em meu pescoço. — Mas tenho que ir agora, nos vemos amanhã?

— Posso vir te buscar?

— Claro, amor. — ela disse sorrindo.

— Então combinado.

Sorrio também e ela me puxa para outro beijo lento. Depois de alguns segundos ela se afasta e abre a porta do carro, acena pra mim e eu aceno de volta. Espero Lauren entrar em casa e saio dali.

LAUREN POV

— Que sorriso idiota é esse? Foi boa a noite na casa de Dinah? — Chris me perguntou assim que eu pus os pés dentro de casa. — Poucas vezes eu vejo você assim, me lembro de te ver sorrir da mesma forma quando o mané do Justin veio te buscar.

Chris estava com os olhos cerrados, uma cara engraçada. Ele nunca gostou de Justin, apesar de ter o visto apenas uma vez, no meu primeiro encontro com Justin quando ele me levou pra jantar fora. Então eu o apresentei somente pros meus irmãos. Chris não gostou dele e disse que era pra mim dispensá-lo. Porque eu não o ouvi antes mesmo?

— Mané mesmo, babaca, otário. — comecei a xingar Justin, me lembrando quando ele me agarrou e Camila viu tudo. — Que raiva.

— Lauren? — ele me chamou um pouco alto, eu soltei um som nasal, pra ele prosseguir. — O que ele fez pra você? Não me diga que ele...

— Não, não aconteceu nada. E você estava certo, não era pra eu nem ter começado a namorá-lo.

— Pensei que tivesse acontecido algo, eu adoraria dar um soco na cara daquele loiro branquelo.

Eu ri do ciúmes do meu irmão. Ele sempre era assim comigo, odiava meus namorados e tinha um ciúme mortal de mim.

— Não vai ser dessa vez ta maninho, mas quando tiver motivos eu falo com você, okay?

— Não vejo a hora. — ele disse rindo. Me sentei no sofá e liguei a tevê baixinha. — Então me diga o motivo do seu sorrisinho.

— O motivo, é uma pessoa óbvio... — eu disse sorrindo, prendendo meu lábio inferior entre os dentes. — E não é o Justin.

— Quem é?

— Eu não vou contar. — joguei uma almofada em Chris, rindo.

— Qual foi, Lo. Pelo menos o nome.

— Chris... — meu irmão não sabia que eu gostava de garotas, nem eu mesma sabia. Mas por algum motivo eu não queria contar para ele agora. — Se ficar sério eu te conto, pode ser?

— Ta né.

Eu menti mesmo pra ele. É obvio que meu relacionamento com Camila estava mais que sério, mas eu ainda não estava preparada para contar pra ele ainda. Não sei nem qual seria sua reação. Por isso eu não queria contar para ninguém ainda, eu tinha um certo medo. Eu sabia que eu não era lésbica, mas eu gostava bastante de olhar a anatomia feminina, mas eu não me considerava lésbica.

E eu não queria as pessoas me olhando torto. Mas eu traria Camila aqui, e apresentaria apenas como minha amiga, para amansar o terreno. Queria fazer meus pais e meus irmãos gostarem dela, conhecerem ela, conhecer a mulher da minha vida.

Say You Love Me.Where stories live. Discover now