Capítulo (4)

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Cheguei em casa e meu pai dormia no sofá com a tv ligada.

Desliguei o aparelho e o chamei dizendo para ir se deitar no quarto. Ele precisa repousar direito não todo torto no sofá. Resmungou um pouco, mas obedeceu. O cansaço falou mais alto.

Tomei uma ducha incrivelmente rápida. O chuveiro aqui de casa está com alguns problemas, e se você não quiser levar um jato de água fria nas costas é melhor não demorar muito.

Vesti meu pijama e fui para o quarto de minha irmã.

Estava com saudade dela. Normalmente eu a busco na escola às cinco e ficamos juntas até dar meu horário de voltar ao trabalho, mas hoje ela foi para a casa de uma coleguinha e eu fui para a casa de Miguel...

Neste instante imagens dele vieram em minha mente, mas logo me obriguei a parar de pensar em seus olhos, seu cabelo, sua boca...
Que saco!! O que será que está acontecendo comigo?

- Oi Bela! - Disse Duda assim que me viu entrar em seu quarto.

- Oi princesa. - Respondi e me joguei ao seu lado na cama.

Desde os dois anos de Duda, que toda noite eu venho lhe contar uma história antes de dormir. Em seus dois primeiros anos de vida, minha mãe fazia esse papel, mas infelizmente ela não está mais aqui, então me vi na necessidade de continuar a tradição.

- Já escolhi a história de hoje! - Minha irmã tirou debaixo do travesseiro o livro e me entregou.

- O meu favorito. A Bela e a Fera!

Não precisei abrir o livro, pois conheço a história de cor e salteado. E quando comecei a descrever o castelo, minha garganta começou a secar, me lembrei da casa de Miguel.

Ele realmente poderia ser uma fera.

Não na aparência lógico, só no comportamento.

Será que eu um dia poderia ser a sua Bela? ... Quanta idiotice, um homem rico como ele, não se interessaria por mim. Fora que disse que sou uma fedelha.
E eu também não quero um idiota como ele na minha vida.

Eu estava exausta e acabei pegando no sono sem nem ao menos chegar ao fim da história...

(...)

Rolei na cama e por um triz não cai. Abri os olhos e já era dia.

Eu gostaria de poder dormir até mais tarde. Com cuidado para não acordar Duda me levantei e fui me arrumar.
O cheirinho de café tomava conta da casa. Meu pai estava se aventurando na cozinha.

- Bom Dia paizinho. O cheiro tá muito bom.- Disse me sentando a mesa.

- O cheiro está, mas o gosto não tenho certeza. - Sorriu e me serviu.

Só temos quatorze dias agora.
Quatorze dias para pagarmos a dívida.

- Pai? O senhor foi ao banco ontem? Conseguiu o empréstimo?

Ele balançou a cabeça de forma negativa, acabando com o sorriso que estava em seu rosto e com qualquer esperança que havia se formado em mim.

- Fui até o dono da casa, pedir que aumentasse o prazo, mas não adiantou. - Me lamentei.

- Você foi até Miguel Alcântara? - Perguntou surpreso.

- Sim.

- Escute Bela, esse homem não vale nada. Não quero saber de você perto dele, entendeu?

Poucas vezes vi meu pai tão nervoso.

Estou começando a ficar intrigada a respeito de Miguel, e estava pronta para retrucar e exigir que me falasse o que há de errado com esse homem, mas sua crise de tosse me impediu.

Bela e  FeraWhere stories live. Discover now