Capítulo (20)

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Matías abriu a porta de trás assim que colocamos os pés fora de casa.
O interior do carro estava escuro e o trajeto até o baile não durou mais que vinte minutos. E nesse tempo Miguel não soltou minha mão nem se quer por um segundo.
Confesso, eu estava nervosa. Era tudo novo, e ainda tinha a conversa que escutei antes de sairmos que martelava minha cabeça.
Meu coração estava disparado e eu tive de respirar fundo quando chegamos ao nosso destino final.
Tinha alguns fotógrafos na portaria mas, passamos por eles rapidamente seguindo para as escadas que levava até o salão. Quando chegamos na porta principal analisei rapidamente a decoração; Vasos de cristais com lírios por Toda a parte, as mesas com toalhas brancas, e garçons passando com bandejas de champanhe a todo momento. Olhei encantada os mais diversos vestidos e máscaras das convidadas. Já os homens assim como Miguel usavam máscaras simples que deixam a mostra suas verdadeiras identidades.
- Vamos entrar?? - Miguel sussurrou em meu ouvido. Só então voltei a realidade e notei que estávamos sendo alvo de muitos olhares parados ali.
- Vamos sim.. - Respondi de volta.
Caminhamos por entre as pessoas até chegar em uma mesa já ocupada por um casal conhecido de Miguel.
- Bela esses são Nora e Augusto. São velhos amigos meus.

Trocamos rápidos cumprimentos e logo começaram a me perguntar sobre a festa, se eu estava gostando. Agradeci por não perguntarem nem se quer por um minuto sobre minha vida, eu não estava afim de contar que sou apenas uma empregada. Aos poucos comecei a me sentir mais a vontade. Passado alguns segundos escutei uma voz conhecida e bastante desagradável.
- Miguel que bom vê - lo aqui. - Yasmin disse. Meu acompanhante se levantou e a cumprimentou com um beijo em sua mão. Odiei aquilo.
- Olá!- Ele respondeu educadamente.
- Veio sozinho?
- Não. Vim muito bem acompanhado.
- Me apresente a ela então. - Yasmin disse entre os dentes.
Miguel me ofereceu sua mão, e me ajudou a ficar de pé. A ficar de frente com Yasmin.
Ela me olhava com raiva, e pelo menos dessa vez eu não me senti inferior a ela.
- Você já a conhece. É a Bela! - Ele disse com certo orgulho na voz.
- Bela? Que Bela? A empregadinha? - Perguntou desviando o olhar de mim. E antes que Miguel pudesse responder resolvi me pronunciar.
- Surpresa em me ver, não é mesmo? - Sorri.
- Um pouco. Eu não a reconheci. Espero que goste da festa. - Ela me lançou o sorriso mais falso de todos e veio me abraçar. A abracei de volta e então ela sussurrou em meu ouvido algo que me deixou intrigada.
- Você está abusando da sorte.
Olhei para Miguel, mas ele estava disperso, não escutou o que ela me disse.
Yasmin nos deixou a sós e eu agradeci mentalmente.
- Está gostando daqui Bela? - Miguel perguntou segurando minha mão.
- Sim.. Ana tinha razão, a festa é simplesmente linda.
- Não tão linda quanto você. - Ele sorriu de lado me fazendo ficar constrangida e sem palavras.
- Quer dançar? - Perguntou já se pondo de pé. Concordei rapidamente e me levantei.
Muitos olhares nos acompanharam até o centro do salão. Uma música lenta e romântica tocava. Miguel circulou sua mão em minha cintura e acabou com qualquer espaço entre nós. Deixei minha cabeça descansar em seu peito e fui acompanhando cada passo. Naquele momento senti uma forte ligação, esqueci que tinha outras pessoas ali. Parecia que era somente eu e ele. Apreciei seu perfume, o calor de sua mão que parecia ser capaz de ultrapassar até o tecido de meu vestido. A noite estava sendo mágica e eu queria que o momento se entendesse mais, mas infelizmente a música acabou.
- Vamos voltar para mesa minha Bela? - Miguel perguntou acariciando meu rosto.
- Sim.. Estou com um pouco de sede. - Respondi.
- Vou resolver isso. - Disse pegando duas taças de champanhe na bandeja do garçom que passava por nós.
Nunca na vida pensei que poderia beber algo tão luxuoso.
Mas resolvi que tomaria apenas uma taça, quando me lembrei do que tinha acontecido na boate.
Nos sentamos e Miguel logo começou a conversar sobre negócios com Augusto, o senhor que estava na mesma mesa que nós. A mulher dele, Nora, sorriu para mim e puxou conversa :
- Conheço Miguel a muito tempo.. E posso te confessar algo?
- Pode sim. - Falei ficando curiosa.
- Miguel está completamente apaixonado por você.
Tossi ao engasgar com minha própria saliva.
- Como pode saber isso?
- Pelo jeito que ele te olha. É o mesmo jeito que ele olhava para...
Ela parou de falar, mas eu já sabia o final da frase. Ele me olha do mesmo jeito que olhava para Bianca. E essa constatação fez meu coração disparar.
- Preciso retocar minha maquiagem. - Falei para ter uma desculpa de sair um pouco dali, mas não adiantou muito.
- Eu vou com você. - Falou Nora rapidamente. - Rapazes vamos ao toalete, se comportem.
Nós sorrimos e caminhamos em direção ao banheiro. Fomos desviando das pessoas que passavam conversando, dos casais que estavam dançando, até que senti um leve encontrão e algo sendo empurrado na minha mão. Olhei para os meus dedos e notei um papel. O que seria isso?
Levantei meu olhar a procura de quem possa ter colocado isso na minha mão. Mas não consegui notar nenhum suspeito.
- Algum problema? - Nora perguntou segurando meu braço.
- Nenhum. - Sorri tentando passar tranquilidade.
Entramos no banheiro que estava totalmente vazio. Nora foi logo para a pia se olhar no espelho e retocar sua maquiagem, eu ao contrário, fui direto para uma das cabines. Abaixei a tampa do vaso sanitário e me sentei por cima dela. Fui abrindo o bilhete com calma, e li devagar para ter certeza que entendi direito o que estava escrito.

TE DEI UM AVISO, MAS VOCÊ NÃO SE AFASTOU. ESPERE QUE A CONSEQUÊNCIA CHEGARÁ QUANDO MENOS ESPERAR.

Assim como na boate o bilhete estava com letras vermelhas. Agora estava óbvio que era para eu me afastar de Miguel. Mas como vou fazer isso? Além de precisar do emprego em sua casa, eu ainda o amo. Apoiei minha cabeça entre as mãos tentando me acalmar. Me metí em uma grande encrenca.

Bela e  FeraWhere stories live. Discover now