Capítulo (12)

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- O que faz no quarto de Henrique? - Miguel perguntou segurando meu braço.

- Só estava lendo uma história para ele. - Disse com calma.

- Essa não é sua função. Agora vá para seu quarto, está tarde. - Ordenou.

Eu tinha consciência que ele seria um chefe difícil, mas sério, ele podia pelo menos me dar uma trégua, é o meu primeiro dia.

Concordei com a cabeça me controlando para não falar nenhuma asneira e segui para a ala dos empregados.

Quando fechei a porta do quarto atrás de mim, senti o cansaço do dia bater. Tomei uma ducha bem quente para relaxar os músculos e fui me deitar.

Fitando o teto de meu quarto algumas coisas começaram a se passar por minha mente:

Será que essa implicância de Miguel comigo é por conta da semelhança que tenho com sua ex mulher? Será que corro algum perigo?

O sono me pegou, mas minha mente não conseguia se desligar. Eram muitas coisas atormentando meus pensamentos, mas mesmo assim fui direcionada até a terra dos sonhos.

O rádio do carro estava ligado.
Uma música antiga tocava. Eu a acompanhava batucando os dedos nos joelhos. Meus olhos estavam fechados, apreciando o trajeto calmo, quando do nada um solavanco me fez voltar a realidade. O motorista ao lado que eu não conseguia ver quem era tinha perdido o controle do carro. O barulho dos pneus arrastando no asfalto era assustador. Nossos corpos batiam violentamente contra as portas, mas ele continuava a girar o volante em todas as direções tentando tomar novamente o controle, mas dava para sentir que não teria mais jeito, era nosso fim. O motorista decidiu não tentar mais nada, soltou o volante e segurou minha mão carinhosamente enquanto o carro continuava a girar pela pista indo em direção a uma barreira de pedras.

- Bela... - Escutei meu nome ser chamado ao longe. - Bela acorde! - A voz ficou mais próxima e nítida, foi aí que abri os olhos.

Me deparei com o ambiente familiar de meu atual quarto, com a escuridão confortável, mas ao lado algo nada comum acontecia. Miguel estava sentado em minha cama, com as mãos em meus braços e o olhar... terno (?)

- Foi só um pesadelo... Fica calma. - Ele disse e passou a mão delicadamente em meu rosto.

Concordei com a cabeça e me sentei.

Minha respiração estava ofegante e o coração disparado, mas aos poucos a adrenalina foi baixando e a curiosidade tomou conta de mim.

- O que faz aqui em meu quarto? - Rompi o silêncio que tinha se instalado.

Miguel se levantou desconfortável, deu duas voltas pelo quarto passando a mão por seu cabelos negros.

Me permiti observá-lo melhor. Vestia apenas uma calça de moletom. Seu corpo é bem mais belo que eu poderia imaginar; definido e levemente bronzeado.

- Não consegui dormir... Só pensava em como fui rude com você hoje cedo. - Parecia que as palavras estavam machucando sua garganta, mas torci que ele continuasse a falar.

- E eu não sei... quando vi já tinha colhido meia dúzia de rosas e estava aqui em seu quarto. No começo pensei em apenas deixá-las sobre a cômoda e ir embora, mas me peguei fascinado olhando você dormir...até que o pesadelo começou e fui obrigado a lhe acordar.- Terminou falando tão baixo que quase não pude escutar.

Era muito para eu absorver.
Olhei para o lado e vi as rosas, foi inevitável sorrir.

- Obrigada. - Disse sem jeito.

- Não foi nada! Vou ir para meu quarto. Boa noite. - Caminhou em direção a porta, mas eu não queria que ele fosse embora. Eu não queria ficar sozinha...

- Não quer ficar mais um pouco? - Me vi perguntando.

Como tive coragem de fazer essa pergunta? Ele é meu chefe, é homem, eu não podia ter pedido isso.

Ele pareceu pensar em minha proposta, mas veio e se sentou ao meu lado na cama.
- Tudo bem, vou ficar aqui até você dormir. Deite-se.

Eu o obedeci.

Me deitei e fechei os olhos. Sua mão deslizou por meu braço nu, e foi como se uma brasa tivesse passado por ali.

Abri os olhos e fitei Miguel me olhando atentamente. Seus olhos azuis estavam mais escuros, e fitavam cada parte de meu rosto, até chegar em meus lábios.

Foi muito rápido. No momento seguinte ele estava me beijando. Retribui o beijo um tanto quanto desesperada, eu queria que isso acontecesse desde que o conheci, mas não tinha coragem de admitir.

Cheguei um pouco para o lado dando espaço para que ele pudesse se deitar melhor junto a mim, e foi isso o que fez sem delongas.

Seu corpo musculoso logo estava sobre mim, sua pele era quente, e minhas mãos estavam adorando passear por suas costas. Eu nunca tinha ficado assim com um homem antes.

No máximo foi um beijo um pouco mais apimentado com um garoto do colégio, mas Miguel apertava minhas coxas subindo minha camisola, me fazendo experimentar sensações novas.

Seus beijos desceram por meu pescoço e instintivamente soltei um gemido. Cada beijo mandava uma descarga elétrica para meu ventre.

- Eu adoro seu perfume Bela... - Disse ele continuando a descer seus beijos.

Não sei se gostei mais de ouvir ele dizer que gosta de algo em mim, ou por ter me chamado pelo apelido.

A mão firme de Miguel continuou seu trajeto em minhas coxas indo para a parte interna, seus dedos estavam a centímetros de lá... Nunca tinha sido tocada ali, e não sei se estava pronta. Em um reflexo de nervosismo e de medo fechei as pernas com força.

- O que foi? - Miguel levantou a cabeça e me olhou nos olhos.

- Eu... hã...eu nunca sabe? Fiz isso. - Aposto que meu rosto estava incrivelmente vermelho.

Ele é acostumado com mulheres experientes e eu sou apenas uma... uma fedelha. Me senti extremamente envergonhada.

- Você é virgem não é Bela? - Perguntou passando a mão por meus cabelos.

Concordei com a cabeça.

- Eu deveria ter imaginado. Me desculpe... Não posso fazer isso, não sou o homem certo para você.

- Não precisa se desculpar.

- É melhor você dormir. Estarei aqui do lado até você pegar no sono. - Disse saindo de cima de mim, mas se deitando ao meu lado.

Meu corpo prontamente estranhou a ausência do calor que emanava de Miguel. Me virei e forcei meus olhos a se fecharem... Pouco tempo depois fui relaxando, até que adormeci.

Bela e  FeraWhere stories live. Discover now