Capítulo (9)

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- Eu não entendi... - Respondi me afastando.

Não sei porque estou me afastando de fato, se toque dele é tão reconfortante. Mas meu alerta de perigo sempre é acionado ao seu lado.

Dei dois passos para trás e não vi o primeiro degrau da escada. Estava preste a cair, mas em uma velocidade impressionante Miguel passou o braço ao redor de minha cintura me impedindo de cair e colando nossos corpos.

- Não vou repetir o que falei. - Disse de forma grossa.

Porque ele não pode ser legal como no último minuto?

Sua respiração fazia cócegas em meu rosto, e seus lábios pareciam me chamar e...

- Achei os endereços das outras vagas de emprego Bela... - A voz de Maria ecoou em nossos ouvidos. Miguel me soltou, mas ainda se manteve mais perto do que o recomendado.

- Não precisa mais Maria. Isabela vai trabalhar aqui. - Disse Miguel. Por mais que eu tenha ficado balançada com o que escutei agora pouco, ainda não tinha concordado com isso.

- Que? Eu não falei que vou trabalhar aqui... - Acrescentei rapidamente.

- Depois de conversarmos sei que você vai aceitar. - Colocou a mão em minhas costas indicando o caminho.

Dessa vez prestei atenção por onde estava indo, só para o caso de ter que voltar correndo depois de escutar algum insulto.

Ele abriu a porta do escritório e me deu passagem. Caminhou até sua poltrona de couro e me fitou por alguns segundos.

Gostaria muito de saber o que se passa por trás de seus frios olhos azuis...

Me sentei totalmente desconfortável e ansiosa para escutar o que ele tem a dizer.

- Mesmo que não ache que foi culpa minha você perder o emprego, me senti mal ao vê-la sendo despedida... por isso quero você aqui. - Ele começou dizendo.

- Se sentiu mal? Pensei que não tivesse coração. - Disse ironicamente.

Mais uma vez meu filtro entre mente e boca não funcionou.

- E não tenho. Como você mesma disse, foi a consciência que me mandou fazer isso.

Mesmo assim eu não posso aceitar. Meu pai não irá gostar de me ver trabalhando com ele.

- Obrigada, mas não posso aceitar.

- E se eu disser, que o prazo da sua casa será estendido? Pensei em todo mês descontar uma parte de seu salário até a dívida ser quitada inteiramente. Até porque tenho certeza que pago melhor que seu antigo chefe.

Pisquei várias vezes tentando absorver o que acabei de escutar. Essa seria a solução para meus problemas. Um emprego e ainda ter minha casa...

Mesmo que meu pai não concorde eu vou ser obrigada a aceitar. Quando encontrarei uma proposta melhor que essa?

- Miguel eu...aceito. - Falei devagar e pude jurar que vi um sorriso dançar em seus lábios.

Mas porque ele está sendo tão legal? Da primeira vez que estive aqui, ele deu a entender que não iria fazer nada para me ajudar  e agora isso. Realmente não estou o entendendo.

- Por quê? Por quê você está fazendo isso agora? - Perguntei quase em um sussurro.

- Eu não sei Isabela. Por favor não faça perguntas difíceis. - Balancei a cabeça e ele continuou: - Fico feliz por aceitar  trabalhar aqui, mas tenho uma condição.

- Que seria?

- Os meus funcionários dormem aqui. Pois além de ser mais fácil, caso precise de algum de vocês a noite é mais seguro também. O caminho daqui até a cidade é longo e perigoso.

Bela e  FeraWhere stories live. Discover now