Part. 4

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Depois que Pedro e Letícia conversaram, Pedro e eu saímos da mesa, eu caminhei em direção à sala de recreação, então Pedro me disse:

- Quero ouvir mais histórias, pode me ajudar?

Como não havia entendido o porque dele querer tanto escutar histórias que podiam ser piores que a dele, puxei ele pelo braço e levei pro meu quarto, mandei ele se sentar e perguntei.

- Por que você quer isso?

- Eu já disse.

- Não. Tem mais alguma coisa...

- Por que você está sendo assim comigo, Diego? Era pra você ser um louco, um assassino. Você está agindo como uma pessoa normal...

- Eu sou uma pessoa normal, só mato pessoas que eu não gosto. Esse lugar foi o primeiro lugar no qual eu consegui me adequar em toda a minha vida, essas pessoas são o que eu posso chamar de família. Minha mãe e meu pai, não, eles não. Por que você quer tanto saber as histórias dessas pessoas? Elas podem reagir mal a esse seu interesse, a Letícia ainda chora de noite pela perda do filho dela e você a fez lembrar do que aconteceu pra ela estar aqui, ela pode ter um ataque a qualquer hora por conta dessas lembranças. Por que você tem esse interesse?

- Eu não posso contar agora, mas não é nada ruim, preciso que confie em mim. Eu gosto de ti, não faria nada contra você. Se tiver alguém que seja muito emotivo, você me fala e eu não pergunto sobre a história dela... Mas é importante pra mim saber a história de quem vive aqui...

- Ta, tudo bem, eu te ajudo com seja lá o que você pretende fazer. Vamos, vou ver quem pode te contar uma história.

Saímos do quarto e fomos a caminho da sala de recreação, como antes, quando chegamos lá, encontrei Paul, Marie e Madalena; o serial killer, a vampira em tratamento (ela costuma ficar trancada num quarto, os enfermeiros não a deixavam sair por medo de que alguma coisa mais grave acontecesse, eles não ligam pra nada, mas se ela fizesse algo, seria sinal de que eles não trabalham direito e seriam demitidos, ou a clínica estaria fechada. Mas aparentemente ela não está tão obsessiva quanto antes) e a louca que tentou matar a filha queimando-a pois acreditava que a mesma era uma bruxa.

- Gosta de história de terror, Pedro?

- Que tipo de terror? - Pedro perguntou, me olhando.

- Assassinato, seria killer's...

- Gosto, vai me contar alguma?

- Não. Hey, Paul. - disse e me sentei no sofá mais próximo, ele me olhou com desgosto, não gostava muito de mim. - Pedro gosta de ouvir histórias de terror... - Pedro sentou-se ao meu lado, Paul não gostava de mim, mas adorava botar medo nas pessoas. - Por que não conta o motivo de você estar aqui para ele?

Paul sorriu, se levantou, puxou a cadeira para frente do sofá, fixou seu olhar nos olhos de Pedro e perguntou.

- Minha real história? - Pedro assentiu, ele parecia estar assustado por conta da reação de Paul. - De onde começo?

- Da sua casa. - respondi, Paul não olhou pra mim, mas assentiu.

- Quando eu tinha cinco anos meu pai morreu e minha mãe não trabalhava, não tinha estudos e como não queria morar na rua, virou prostituta, ela se casou com um de seus clientes, mas ela não parou de transar com vagabundos por dinheiro, porque ele não trabalhava, ele tinha problemas com raiva, batia na minha mãe. Quando tentei defende-la uma vez, aos oito anos, fui expulso de casa e adotado por um homem que morava ali perto, eu não tive opção, ele me tratou bem, então não tive problemas em ir pra casa dele, até que anoiteceu e antes de dormir ele me levou pro seu quarto, e me obrigou a transar com ele. Eu, um menino de oito anos, tinha sido adotado por um pedófilo de 40, eu não tinha como me defender, eu até tentei, mas ele me bateu, aquilo parecia lhe dar mais prazer, ele amarrou minhas mãos, eu mori o pau dele quando ele tentou me fazer chupar ele, então ele deu um soco no meu rosto, me virou de costas e enfiou em mim. Ele me obrigava a transar com ele todos os dias, me trancava na casa, as janelas tinham grades e tudo mais, acabei me acostumando, mas quando fiz 16 anos, eu pedi pra ele me levar pra jantar fora, quando voltasse eu faria tudo que ele quisesse. Ele aceitou a proposta e assim que eu vi que estávamos num lugar vazio, eu peguei a navalha que tinha escondido no meu bolso e enfiei na barriga dele, ele entrou em desespero, eu saí do carro, peguei uma pedra, puxei ele pra fora do carro e acertei a cabeça dele, ele desmaiou, coloquei ele no porta-malas do carro, mas antes de fechar o porta-malas, peguei a navalha de volta, levei ele para uma casa abandonada, amarrei ele na mesa da cozinha, tirei a roupa dele e fiz ele pagar por todas as vezes que me obrigou a transar com ele.

- O que você fez com ele? Pode ser mais claro? - perguntou Pedro, interrompendo-o, ele parecia gostar da história.

- Bom, eu arranquei o pau dele e coloquei na boca dele, é claro que ele tentou se defender, virando a cabeça e tudo mais, então eu enfiei o dedo no corte que tinha feito na barriga dele e enfiei o pau dele na própria boca, costurei ela, fiz mais alguns cortes na sua barriga e depois enfiei a faca no seu olho, então saí de lá e deixei ele apodrecer.

- Foi por isso que você veio pra cá?

- Não, nunca descobriram isso, me trouxeram pra cá, porque depois do que aconteceu eu me mudei pra cá...

- Onde você morava?

- Na argentina, mas minha mãe era brasileira, então me ensinou a falar em português desde pequeno, enfim, quando eu me mudei pro Brasil, eu sequestrei algumas garotas adolescentes, três por semana, estuprava elas, depois que eu estuprava elas, eu as matava e enterrava, quando descobriram isso eu fui julgado, mas não podia ser preso por ser considerado um grande perigo para a sociedade, então me trouxeram pra cá.

- Porque as pessoas que vem pra cá não fazem diferença pra sociedade, então se fossemos assassinados por ele, não teria problema. - eu disse.

Paul sorriu, Pedro assentiu, ele estava concentrado nos olhos de Paul, parecia assustado, como se não conseguisse acreditar no que ouvira, então abaixou a cabeça, me olhou e me perguntou.

- E elas?

- Uma mais louca que a outra.

- Tudo bem se eu pedir pra elas contarem suas histórias?

- Claro.

Não precisei chamar, pois elas já estavam puxando suas cadeiras para frente do sofá, sentando-se ao lado de Paul.

SanatoriumWhere stories live. Discover now