Part. 18 - Capítulo final.

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Alguns meses depois...

Depois de visitar Olga, Letícia e David no hospício, nós fomos para uma livraria, onde Pedro apresentaria seu livro. Ele estava lindo, vestido com um terno, autografou alguns livros e começou a falar:

Eu passei um tempo internado em um hospício para poder escrever esse livro, a minha intenção no início era escrever a história daquelas pessoas que a nossa sociedade julga ser louca, mas ao me aproximar daquela gente e conhecer suas histórias, percebi que eles não são loucos. Eles tiveram uma vida diferente da nossa, eu acredito que nada acontece por acaso e neste livro, eu falo sobre eles e sobre algumas coisas que eu observei e passei lá dentro. Vi que os pacientes de lá tem a cabeça melhor do que os enfermeiros. Naquele lugar fui estuprado pelos enfermeiros e defendido pelos pacientes que me apoiaram o tempo todo, a diretora deste hospício trata os pacientes como se fossem seus filhos e qualquer sinal de abuso que ela notasse, ela investigava, demitia os enfermeiros se soubesse que eles haviam feito algo de ruim para os pacientes. No livro eu falo das histórias que levaram alguns pacientes para lá e sobre um romance que vivenciei lá dentro. Vou falar para vocês de três personagens que foram muito importantes para mim e que eu tive que colocar no livro, os nomes estão alterados nos livros, mas eu tive a autorização deles para dizer seus verdadeiros nomes hoje:

O primeiro é o David: Quando pequeno ele teve a vida perfeita, mas conheceu as pessoas erradas e acabou entrando para o mundo das drogas, brigou com sua mãe, que era a pessoa que ele mais amava, quando ela descobriu que ele estava usando drogas. Ele disse coisas horríveis para ela e foi embora, quando ele voltou para casa viu uma carta de despedida na mesa, estava assinada pela sua mãe. Quando ele foi procurá-la, ele viu a pior coisa que ele poderia ver em toda sua vida, viu sua mãe morta e a culpa daquele acontecimento era dele. Ele foi internado e lá sempre tratou as pessoas com carinho, se tornou uma pessoa muito diferente do que era e sofre até hoje com as lembranças daquele acontecimento. Fiz amizade com ele quando uma vez, depois de ter me contado sua história, ele acordou gritando de manhã, porque havia sonhado com sua mãe. Foi então que eu descobri o quão especial ele era. Vocês verão mais de minhas histórias com ele no livro.

A segunda é Letícia: Uma linda mulher, por dentro e por fora, ela era alta, negra, cabelos cacheados e tinha um belo sorriso. Não tinham muitas pessoas que chamassem tanta atenção, como ela fazia. Ela foi internada porque constantemente sonhava com seu filho que se matou tomando veneno de rato porque ele sofria bullying na escola por ser negro. A história dela foi uma das mais importantes para mim, porque fala sobre a verdadeira dor de uma mãe que perdeu seu filho para a intolerância de uma sociedade. Que perdeu seu filho para o racismo.

E o terceiro, mas não menos importante é o Diego: Não vou contar muito da história dele, mas antes de ser internado ele era um psicopata, mas que conseguiu superar tudo e se tornar uma das pessoas mais amáveis que eu já conheci. Ele passou por muita coisa e ainda não se sabe o que fez ele se tornar o que ele se tornou quando criança, ele fez muita coisas, quando me contou sua história eu fiquei um pouco assustado, não vou mentir, eu fiquei com medo de que ele fizesse algo comigo no início, mas assim que eu olhei em seus olhos, eu pude ver que tinha algo especial nele, que ele não era apenas um psicopata que queria matar todo mundo. Vi que eu precisava conhecê-lo melhor e foi o que eu fiz. Eu não poderia ter feito uma escolha melhor.

Ir para esse hospício me proporcionou conhecer mais sobre um lado que eu julgava ser obscuro e desnecessário, mas lá eu vi mais humanidade, do que poderia ver aqui fora. Lá dentro eu conheci uma mulher muito forte que luta contra o racismo que causou a morte de seu filho e contra o machismo, pelo fato de ter sido estuprada por um dos enfermeiros. Lá dentro conheci um ex-viciado que largou o vício porque viu a que ponto aquele vício tinha levado ele, porque mesmo sua mãe estando morta, ele queria poder honrar ela de alguma forma e foi largando o vício e se tornando uma pessoa melhor que ele fez isso. Ele é realmente uma pessoa boa que vocês deveriam conhecer. Lá dentro eu fiz amigos e me apaixonei de verdade, por uma pessoa que a princípio eu julguei ser um louco psicopata, mas que conforme fui conhecendo melhor, descobri que ele era forte, sensível, sincero e o mais importante, que gostava de mim, mais do que muitos que eu conheço desde a minha infância, que faria qualquer coisa pra me proteger, que faria qualquer coisa pra me fazer sorrir, que me conquistou muito rapidamente, sem fazer esforço algum e descobri também que aquele sentimento era recíproco e foi por conta desse sentimento que ele saiu de lá comigo, que ele não ficou com raiva de mim quando eu falei pra ele que eu tinha mentindo sobre o porque de eu estar lá dentro, por conta desse sentimento nós estamos namorando. Ir para esse hospício foi sem dúvida a melhor escolha que poderia ter feito. Agradeço a todos vocês por comprarem o livro e virem aqui nesta tarde, espero que gostem de ler o livro, tanto quanto eu gostei de escrevê-lo.

Pedro foi aplaudido de pé por suas falas, agradeceu novamente e saiu do palco, se virou em direção ao câmera que estava transmitindo o evento para os pacientes do hospício e agradeceu novamente, mas desta vez aos pacientes do hospício. Saiu do palco, veio em minha direção, pegou na minha mão e nós fomos para nossa casa, comemorar o lançamento do livro.

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⏰ Last updated: Feb 15, 2016 ⏰

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