Part. 6

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- E você? - Pedro perguntou à Madalena

- Minha história é curta... Eu sempre tive uma vida normal, nada demais aconteceu, me casei com o homem dos meus sonhos e fomos felizes, eu engravidei, nós dois ficamos felizes ao saber disso, então a criança nasceu, ela era linda, se chamava Melanie, nós amávamos ela, até que as coisas começaram a dar errado, toda pessoa que conversava com ela morria, menos a gente, quando ela cresceu ela começou a nos torturar, disse que se não fizéssemos o que ela quisesse, nós iríamos nos arrepender... Quando eu ouvi aquilo eu dei um tapa na cara dela, ela sorriu ao sentir o tapa e falou.

- Você vai pagar por isso!

Logo depois que ela falou isso o telefone tocou, era minha mãe falando que minha irmã havia morrido, ela começou a nos torturar, tínhamos que fazer tudo que ela quisesse, se não coisas davam errado, as pessoas da minha família começaram a morrer, as crianças tinham medo dela, nós tínhamos medo dela. Eu e meu marido, Jorge, começamos a brigar todos os dias por causa dela, um dia ele bateu nela e foi para o trabalho, eu fiquei preocupada com o que poderia acontecer, achava até que ele tinha morrido, mas ele voltou pra casa no horário de sempre, pouco depois, na hora do jantar, ela ficou olhando fixamente pra ele e sorriu, ele começou a se queixar de dor, eu chamei o médico, ela disse que não adiantaria, ele não iria passar daquela noite, eu não me importei, tinha que tentar, liguei pro médico e ele disse o mesmo que ela havia dito, ela foi dormir, pouco antes dele morrer, ele falou no meu ouvido, sussurrando para que eu a matasse, se não eu também morreria, pouco depois de falar isso ele morreu.

Eu mandei enterrar ele no mesmo lugar que seus pais foram enterrados, eu esperei uma semana, aquela tristeza e aquele medo se transformaram em raiva quando eu lembrei o que ele havia falado, a frase não parava de rodar na minha cabeça, eu ouvia "mate-a ou ela vai te matar" o tempo todo, então eu esperei ela dormir, eu disse que iria dormir mais tarde pois iria preparar o almoço do dia seguinte, pois não poderia cozinhar de manhã. Ela foi dormir, quando tive certeza de que ela estava dormindo eu coloquei uma fita na sua boca para impedi-la de falar, amarrei seus braços e sua pernas, ela acordou quando sentiu o álcool que eu jogava cair nela, a peguei no colo e começou a se debater, eu levei ela para os fundos de casa, tinha ascendido uma fogueira, joguei ela na fogueira. Para o meu azar, eu esqueci que tinha visitas naquele dia, minha melhor amiga, Vitória, ela perguntou o porque da fogueira e porque de eu estar rindo, enquanto olhava para a fogueira e ela disse.

- Você está alucinando de novo, Mada? - Ela me chamava assim, só ela. Não entendi a pergunta e olhei pra ela.

- Do que você está falando, Vitória?

- Você não tem uma filha, o Jorge morreu de uma parada cardíaca. Desde quando você está alucinando?

- Eu não estou alucinando, Vitória, eu tinha uma filha, ela era uma bruxa e queria me matar, ela tinha 10 anos, você a conhecia...

Vitória me abraçou e disse que estava tudo bem, mas que eu teria de voltar a fazer tratamento, ela me trouxe pra cá, vem me visitar toda semana. Ela ainda não acredita que eu tinha uma filha, mas eu acredito e sofro com isso toda noite, quando sinto minha pele queimar, assim como a dela queimou. Ela me persegue até morta.

Pedro olhava para Madalena com compaixão e sem reação ao mesmo tempo.

Na noite do mesmo dia

Os enfermeiros nos mandaram para o quarto, Pedro foi dormir e eu fui para o meu quarto, começou a chover, esperei uns dez minutos e fui para o quarto dele. Quando entrei ele estava escrevendo em um caderno, perguntei a ele o que estava escrevendo, mas ele disse que eu não podia saber, era seu diário, eu assenti e me sentei ao lado dele.

- Posso dormir aqui hoje? - perguntei.

- Por quê? Está com medo das chuvas, bebê?

Eu ri com a pergunta e me deitei ao seu lado, ele fechou o caderno na mesma hora e deixou embaixo de seu travesseiro, se virou de frente pra mim e ficou me olhando. Me aproximei mais, coloquei a mão em sua cintura, olhei em seus olhos e perguntei.

- Por que você disse que gosta de mim?

- Porque eu gosto.

- Eu sou louco, um assassino, eu não sou uma pessoa normal.

- E daí? Os loucos são as melhores pessoas, além do mais, pessoas normais não existem. Ninguém é normal e como seus pais diziam: você é especial, eles só não entendem isso.

Não consegui conter um sorriso ao ouvir aquilo, era bom ouvir essas coisas, ele sorriu ao me ver sorrir e disse:

- Acredito que nada venha por acaso, eu estou aqui com você, talvez fosse pra ser. Eu posso estar aqui pra te ajudar a ser feliz.

- Mesmo eu podendo te cortar em pedaços?

- Por que mataria o que te faz feliz?

- Não conheço a felicidade muito bem, posso me assustar com isso...

- Isso não vai acontecer, mas se você se assustar, eu vou estar aqui pra te ajudar. Você vai ser feliz.

- E se eu tiver medo disso?

- Achei que você não tivesse medo.

- Mas e se eu tiver?

- Alguns medos são bons de se sentir.

Ele disse aquilo e me abraçou, eu puxei seu rosto e o beijei, queria mais do que aquilo, mas me parou e disse:

- Vamos aproveitar esse momento só ficando juntos, ok?

- Você não era viciado em sexo?

- Eu sou, mas eu te disse que eu quero perder. Se não dá pra sustentar sempre o vício, então não um bom vício.

Ele disse e fechou os olhos, tentando dormir e eu fiz o mesmo.



SanatoriumWhere stories live. Discover now