Part. 14

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Acordei no dia seguinte com Pedro me olhando, sorri ao ver seu rosto, então ele disse:

- Bom dia.

- Bom dia. - respondi

- Preciso te contar uma coisa, Diego.

Eu esfreguei meu olho e perguntei se ele podia esperar eu escovar os dentes, ele disse que sim, então me levantei e fui ao banheiro, lavei meu rosto, arrumei meu cabelo e escovei os dentes. Senti ao lado de Pedro e perguntei.

- É alguma coisa ruim?

- Sim... Quer dizer, tem o lado bom e o lado ruim: o lado bom é que eu vou te contar, o lado ruim é a história.

- Entendi... Essa história pode esperar pelo café da manhã? Estou faminto.

- Claro, também estou com fome.

Nos levantamos e saímos do quarto, Pedro segurou minha mão e fomos até o refeitório, pegamos nosso café da manhã e nos sentamos junto de Letícia, em seguida David se juntou a nós. David e Pedro conversaram um pouco, mas Pedro parou de falar e abaixou a cabeça quando o enfermeiro passou ao seu lado, eu perguntei a David se ele tinha visto o nome do enfermeiro, pois era o mesmo que sorria maliciosamente para Pedro e o assustava, David disse que sim, ele se chamava Rodrigo. Eu assenti.

- Pedro, você está bem?

- Sim, estou. - respondeu e continuou comendo, olhei para Letícia e ela ergueu as sobrancelhas.

- O que achou de ontem, Diego? - pergunto Letícia.

- Achei estranho você estar com mais vontade daquilo do que eu. - disse rindo.

- O que fizeram ontem? - perguntou Pedro

- Eu e Letícia descemos lá ontem e vimos os lugares citados no caderno.

David terminou de comer e se retirou da mesa.

- O David sabe sobre o sanatório, Pedro?

- Sim, eu contei pra ele, por isso que ele saiu agora. Ele disse que preferia não ficar sabendo dessas coisas, pois tinha medo do que poderiam fazer com ele, se descobrissem isso. Mas continua, vocês acharam alguma coisa?

- Nos quartos não tinham corpos, porém tinham ossos das enfermeiras na solitária, que ainda fede bastante e o corpo do Dr. Wood está na mesa ainda, intacto, fedido e podre, mas intacto. - disse Letícia.

- Que estranho.

- Não é?

Pedro sorriu e terminou de comer, eu já havia terminado de comer também, então Pedro pediu para irmos para o quarto antes que ele desistisse de falar aquilo, por medo. Pedimos licença à Letícia e fomos para o quarto. Pedro se sentou na cama, eu fechei a porta e me sentei a sua frente.

- Diego... Desculpa por agir assim esses dias....

- Tudo bem... - disse interrompendo-o

- Não me interrompe, deixa eu falar tudo e depois você fala o que quiser.- eu assenti.- Bom... Lembra quando eu fui para a solitária? Eu estava chorando e você me perguntou o porque e eu disse que não era nada, depois eu disse que era por causa das lembranças da minha amiga? Pois então, era tudo mentira, eu nunca perdi uma amiga pro câncer, o que aconteceu, foi que o enfermeiro Rodrigo e o enfermeiro Pablo ficaram com raiva de eu ter gritado com eles, então quando eu estava sozinho e não tinha mais ninguém no corredor, eles entraram na solitária, eles vieram pra cima de mim, eu tentei me defender, mas o Pablo me imobilizou e o Rodrigo me estuprou, depois o Pablo me deu alguns socos e saíram dali. É por isso que eu estava chorando naquele dia e por isso que eu fico assustado toda vez que eu vejo o Rodrigo, porque ele me estuprou e eu não posso fazer nada a respeito disso, e tenho medo de que aconteça de novo. Porque toda vez que ele olha pra mim, ele sorri daquele jeito nojento, como se estivesse dizendo que a qualquer momento ele vai me estuprar novamente.

Pedro já estava tremendo e chorando, eu tinha certeza de que eles haviam feito algo com ele, mas não imaginei que tivessem estuprado e depois batido nele. Quando ouvi Pedro começar a falar senti um fogo se iniciar dentro de mim, então eu respirei fundo e abracei o Pedro, "está tudo bem Pedro, não vai acontecer mais nada, eu tô aqui agora, eu vou cuidar de você", sussurrei no ouvido dele. Ele me abraçou com força e começou a soluçar. Me deitei na cama com Pedro, fiz cafuné nele até que ele dormisse, então, quando ele dormiu, eu saí do quarto deixando ele dormir e procurei por Letícia, tive de me segurar pra não matar o enfermeiro Pablo, quando ele passou correndo do meu lado.

Abri a porta do quarto de Letícia, ela estava lá, eu entrei, fechei a porta e disse baixo.

- Preciso do seu canivete emprestado, Letícia.


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Oi, gente. Esses dias um leitor de Sanatorium entrou em contato comigo e me falou da fic dela. Eu ainda não comecei a ler, mas parece realmente boa, então vou deixar o link pra vocês. Não tem o mesmo tema que Sanatorium, mas é romance gay, pra quem gosta, vale a pena ler.

www.wattpad.com/story/59366774-rainy-days/parts




SanatoriumWhere stories live. Discover now