Capítulo 2 - O jantar da família Pfeiffer

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★Alterado★

"Eles querem que você se sinta mal, pois assim eles se sentem bem"
Charlie Brown Jr.

— Bom dia senhor — eu disse, mas ele nada me respondeu, continuou atirado na cama. E lembro-me de ter entrado em um completo desespero. Não sabia se começaria a limpar com ele ali, ou acabaria por sacudi-lo. Por fim, puxei mais fôlego em meus pulmões e disse em alto e bom tom:

— Bom dia, senhor — falei, num tom mais alto e logo o tirei do ''transe'' em que se encontrava.

— Da próxima vez, bata antes de entrar — ele disse, em um tom frio, dando uma pequena revirada de olhos, que não passou despercebida por mim. Mas com certeza, ele não se importava com isto.

— Agora, se puder limpar tudo isto. Ficaria grato — ele disse. Apesar de sua educação, acabou por usar um tom de sarcasmo que me fez me sentir mal, sem ter uma resposta a altura para da-lo. O que me fez abaixar a cabeça e assentir brevemente.

Ao sair, ele deu fortes pisadas, passando por mim e esbarrando fortemente em meu ombro, sem ao menos se desculpar. Senti-me derrotada e extremamente humilhada, talvez impotente fosse a palavra certa. Eu não sabia me defender, o que fazia todos pensarem poder fazer o que bem entendesse comigo. Ao fim, quem não tiraria sarro com a pobre menina que não conseguia falar direito as palavras?

Ao final, me sentei no chão. Já não queria fingir ser forte, eu só queria chorar um pouco. Não pelo jeito em que Kaique havia falado comigo, mas pela minha vida. Estava chorando mais como uma maneira de desabafo por ter me feito de forte mesmo depois de tudo. Estava chorando porque era fraca, porque precisava de atenção e não tinha. Pode parecer estúpido e idiota de se lembrar, mas eu me sentei no chão, com a vassoura em minhas mãos e deixei que lágrimas quentes saíssem pelos meus olhos, em uma forma de alívio, enquanto o soluço saísse de forma rápida e alta pela minha boca.

— Por que você está chorando? — a voz rígida do Kaique surgiu atrás de mim, enquanto suas sombrancelhas se ergueram em meio a dúvida. Engoli em seco, enquanto tentei secar rápido minhas lágrimas. Seria ele o apoio que sempre havia pedido a Deus?

— Estou bem — eu disse, com a voz firme de tal forma que me surpreendi.

— Então pare de chorar e levante-se logo — ele mexeu a cabeça, negativamente. Apanhando algo em seu quarto e saindo.

~♡~

Estava cansada e deitada em minha cama, após um banho quente. Minha roupa era fina, o que passava uma leve sensação de frio, mas sabia que a noite estava quente. Depois de algum tempo chorando, eu simplesmente parei de chorar, mas ainda sim, meus pensamentos continuaram lá. Mas tentei apenas ser forte por mais algum tempo e não aquela menina fraca que sempre eu havia sido.

Eu suspirei, meu pensamento estava longe, mas o jantar prestes a ser servido. Desejava levantar-me a ajudar minha mãe a por a mesa, por tanto foi o que fiz.

Tentei sorrir, fazendo um coque qualquer em meus cabelos e caminhando sem pressa até a cozinha.

E então meu amor, como foi o dia? — minha mãe me perguntou, quando me viu na cozinha e eu apenas suspirei fundo, sem que ela tenha visto.

— Normal mãe — dei ombros, sem muita emoção, me sentando em uma das cadeiras da cozinha, onde minha mãe terminava de preparar o jantar.

— Me perdoe por não poder ir lá e ajudar você com suas tarefas — ela se explicou, e apenas balancei a cabeça, assentindo.

— Tudo bem, sei que estava aterefada com suas coisas — acho que neste momento, abri meu telefone respondendo alguma mensagem de Júlia outra pessoa, antes do pequeno susto que lembro perfeitamente de ter tido.

— Já disse que eu não gosto de conversa na hora do expediente —  surgiu Brenda na cozinha, em sua voz doce, porém com a firmeza que todos conheciam e aquele olhar frio como gelo.

— Queria nos desculpar.  — minha mãe disse, dando um risinho fraco e divertido em minha direção, mas ainda sim sem graça.

— Assim espero. E bote o jantar na mesa daqui a meia hora — ela disse, nos encarando firme. E apenas assentimos, enquanto a víamos saindo em um belo rebolado pela casa.

— Meu amor vá para o seu quarto, depois eu levo a nossa janta — mamãe disse.

— Deixa de bobagem, te ajudo a tirar a mesa  — apesar de não estar nem um pouco afim de ser a filha zelosa, de fato minha mãe estava com uma aparência cansada e eu morria de medo dela ter um ataque ou algo do tipo e morrer de repente.

~ ♡ ~

Passando-se alguns minutos, minha mãe e eu começamos a arrumar a mesa. E em pouco tempo toda a família estava lá, pontuais como sempre.

— Por hoje é só, podem ir — Brenda decretou, ao ver a mesa posta e sorriu. Confirmamos com um pequeno sorriso e nos retiramos rapidamente, como estavamos sempre acostumada a fazer.

~ ♡ ~

Quando deu por volta de nove horas, vi minha mãe se levantando da sua cama. E apenas a encarei.

— Onde você vai mãe? — eu perguntei, já sabendo a resposta.

— Tenho que lavar a louça

— Não mãe, deixa eu lavo

— Não precisa meu bem

— Lógico que precisa. E não estou a pedir sua autorização, apenas a dizer que vou.

Ao chegar a cozinha, pronta a tirar a mesa e lavar toda a louça. Apenas dei um pulo para trás, vendo Kaique se agarrar com a minha colega de classe Letícia, que ele havia levado para o jantar. Mas ainda assim, me calei.

Após alguns segundos, em meio a todos os beijos e mãos pelo corpo. O Kaique acabou por perceber minha presença ali e apenas suspirou fundo, irritado, apanhando Letícia pela mão e subindo com ela, que apenas me viu,  ignorando-me.

Ao acabar de lavar a louça. Encarei meu relógio, ainda era cedo. Então decidi ir ao jardim para distrair um pouco a mente que apenas voava longe em todas as incertezas do futuro.

O jardim esse sem dúvidas é o melhor canto de toda a casa. Era cheio de flores, uma mais linda que a outra, e apesar de nunca ter tido conhecimento das flores ou sabemos seu nomes, eu amava o jardim. Ele cheira bem, sua grama era macia, e havia um telescópio lá. O que fazia com que todas as vezes eu ficasse extasiada com a visão e esquece de minha realidade, adentrando em um mundo cósmico.

****

O personagem de cima seria o Kaique.

Beijos pessoal espero que estejam amando ler a história assim como eu tenho amado escrever *-*

Até a próxima

O Dono e A EmpregadaWhere stories live. Discover now