Grávida?

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"Pode parecer egoísmo, mas no final das contas você é a única pessoa que realmente importa"
- Desconhecido

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2 Meses Depois

Me levantei ainda um pouco tonta e enjoada, o dia parecia cooperar perfeitamente com o meu estado, um dia frio e cinzento, resumidamente um dia aparentemente triste, um dia sem vida.

Sem sombra de dúvidas, se eu pudesse escolher um dia para ficar mau seria esse, se bem que o que eu tenho feito nesses últimos dois meses depois que descobri do meu pai e me sentir mau, e ficar dentro desse maldito quarto.
Com medo de tudo e todos.

O único pensamento naquela altura que se passava na minha cabeça era presta as últimas homenagens ao meu provedor, fazer oque eu devia ter feito a dois meses atrás.

Tomei um banho demorado, a água estava tão quente que ao bater no chão podia se vê a fumaça se formando.

Sai do banho por fim, abri meu guarda-roupas, uma calça preta, junto de uma blusa com mangas também preta e all star parecia perfeito naquela altura.

Sai de casa sem ao menos acorda minha mãe, que ainda dormia como um bebê, pra falar a verdade é a única coisa que ela tem feito desde então.

E engraçado, às vezes vemos nossos planos serem frutados em uma fração de segundos, há dois meses atrás, entrei nessa casa decida a nunca mais voltar, a nunca mais vê o Kaique, Felipe, a megera ou qualquer outra pessoa dos Pffeifers, mas agora me vejo não sou obrigada a conviver com eles, me vejo obrigada a conviver na rede de mentiras na qual essa casa foi fundada.

Por fim sai daquela casa, e hoje nada me impediria de cumprir meus objetivos.

Ainda parada no ponto de ônibus pensava em uma forma de me despedir uma única e última vez do meu pai. Mas nada parecia bom o bastante, nada parecia suficiente, aquela altura nada me importava, escola, sonhos, ou o Kaique, pela primeira vez eu estava vivendo para quem realmente interessa, eu mesma.

O primeiro ônibus que passou o peguei sem me preocupar com nada, me sentei num dos bancos da trás, botei meus fones de ouvido e deixei tocando "Somos Tão Jovens".

Depois de certa altura pude vê finalmente o cemitério, sinalize ao motorista que iria descer.

Respirei fundo e caminhei lentamente até a entrada do cemitério, algumas pessoas estavam ali, umas prestando homenagens e outras enterrando seus entes queridos. Mas uma coisa era certa, a dor era algo ainda incompreensível para todos eles, a dor de perder alguém era algo devastador, seja uma velha ou uma nova dor, ela era algo tão indescritível que só se sentindo você poderia entender tudo isso, mas de verdade nenhuma pessoa em perfeita consciência escolheria passar por isso, ninguém no mundo escolheria perder alguém.

Me dirigi ao local que havia marcado no papel que peguei com Denis.
E logo encontrei a sepultura do meu pai, no fundo eu sabia que era isso que eu iria encontrar, mas ainda tinha a esperança de quem sabe encontra-lo sorrindo para mim, mesmo depois de dois meses. Quem sabe tudo isso fosse um longo e horroroso pesadelo. Quem sabe, tudo seja um sonho no qual quando eu acordar, esteja num quarto cor de rosa, decorado de barbies, me escondendo de baixo dos lençóis por não querer acordar para ir para a escola no carro do papai.

Me ajoelhei enfrente a sepultura lendo o que havia escrito.

"Aqui jas Lucas Ferraz Muniz, um ótimo homem é um excelente profissional
15/09/1967 há 12/05/2016"

Sabe quando você já sabe de uma informação, mas não quer saber dela, quer começar acreditar que ainda há uma última esperança, que ainda existe alguma chance de tudo não está errado?

O Dono e A EmpregadaWhere stories live. Discover now