Sobre o Cociel

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Cociel e Hana estão na sala de pergaminhos, enquanto ele escreve ela fica de pé ao seu lado esperando por alguma ordem.
-isso parece uma eternidade, você fica escrevendo sem parar e eu fico aqui tendo que esperar. Que saco! - resmunga ela.
- então escreva por mim.- diz ele.
- eu ...não posso. - Hana fala baixinho.
- como assim não pode? - pergunta ele.
-eu não sei escrever.... - ela fala virando o rosto vermelho de vergonha.
- hahaha, tudo bem, não precisa ficar com vergonha disso, eu não vou te achar burra. -Cociel fala enquanto ri amistosamente.
- que seja. - fala ela com ódio na voz.
- quer que eu ensine você a escrever? - ele pergunta. - se aprender a escrever vai se tornar minha escrivã.
Hana fica em silêncio. Sempre quis aprender a escrever, já que passava muito tempo cuidando dos irmãos e do pai não podia ir a escola. Ela realmente queria aprender a escrever, mas não queria demonstrar nenhum sentimento de gratidão a Cociel.
- não... -fala desapontada.
- tudo bem Hana se não quiser agora... Quando quiser me peça, ficarei feliz em ajudá-la.
Depois de tais palavras Hana não conseguia entender o que se passava na cabeça dele, por que parecia tão gentil, por que ela sentia um sentimento de que ele era bom se ele havia tirado ela de sua família. Isso a deixava nervosa.
- qual o seu problema? Chega a ser patético você se fazer de bonzinho!
Ele não diz nada, apenas sorri sem se importar com as palavras dela.
- se quiser, pode ter um intervalo agora. Aproveite e almoce, depois volte pra cá.
Hana nem exita, sai da sala, e começa a se perder na imensidão de seus pensamentos pois já não entendia o que se passava na cabeça de Cociel. De repente esbarra em alguém e cai.
- aí! Você não olha pra onde anda?! Que saco. - diz irritada.
- ah, me desculpe senhorita. Eu realmente não a vi. Mas é difícil se fazer isso quando eu sou cego.
- a- ah é? E-então, m-me me desculpa, eu não percebi. Fui eu quem estava distraída.
- me chamo Daniel e você? Não se preocupe, minha cegueira não me incomoda.
- me chamo Hana. Realmente sinto.
Apesar de cego, Daniel era um garoto muito bonito, era loiro, e branco, quase albino, e seus olhos eram completamente brancos. Nem parecia um ser humano de verdade, de tanto que era bonito.
- nossa, você parece uma fada, ou algo do tipo. Nunca vi alguém como você. - fala Hana.
- não posso ver você, e te elogiar também, mas tudo bem, muito obrigada por me achar tudo isso.
- to indo almoçar, quer ir? Ela pergunta.
- claro! A propósito Hana, quantos ano tem?
- tenho 16 e você Daniel?
- tenho 14, todos dizem que sou alto pra idade. - ele sorri.
- sim você é. Acho que você combinaria com uma de minhas irmãs gêmeas.
Depois de atravessar o palácio e chegar a cozinha, os dois estão sentados conversando sobre a vida.
- então, tinha me falado de irmãs gêmeas. Como elas são?
- são as duas garotas mais lindas que eu conheço, ruivas de olhos verdes e branquinhas, tem cabelos que batem depois do meio das costas iguais a-ao m-meu pai e...meu Irmãozinho ...... - Hana aperta a colher e abaixa a cabeça.
- você é uma das garotas que Cociel trouxe não é?
- eu odeio aquela raposa.
- Hana, de todos os lugares dos três mundos, sua vila era a mais pobre, todas as garotas que Cociel trás, recebem depois de todo serviço que prestam, e ele as deixa livres pra voltar pra casa, mesmo que pareça cruel tirá-las das famílias, ele as ajuda a viverem melhor. Se ele apenas pedisse pra elas virem, elas não viriam então ele as trás obrigadas, e depois elas vêem o bem que ele as fez.
- você gosta dele? - ela pergunta.
- ele é como meu pai. Sabe, nem sempre fui cego, quando era mais novo, um grupo rebelde do mundo dos escorpiões atacou minha vila e queimou nossas casas, eu tava dormindo com meus pais na hora, só pude ver o fogo consumindo tudo. Meus pais morreram no incêndio, já eu, fiquei com os olhos queimados. Passei dias de dor e sofrimento. Ninguém me ajudava. E então... Ele chegou, "você deseja vir comigo? Eu prometo cuidar de você. Não se preocupe, vou protejê-lo." Foi o que ele me disse quando me salvou, ele cuidou dos meus olhos e dos meus machucados, e me protegeu como prometeu. Sou muito grato, devo minha vida à ele Hana. Você me entende agora?
- entendo Daniel. Obrigada, preciso voltar as minhas funções agora.
- então tá, até a próxima.
Hana parou pra pensar, mesmo conseguindo viver, a família era pobre, as vezes tinha medo que seus irmãos não comessem, e aquela seria a oportunidade de ajudar a resolver tudo. Percebeu que errou em seu julgamento sobre Cociel, ele não era o monstro que ela via quando foi levada. Pensamentos, mais e mais, invadiam sua cabeça, e agora só podia ficar irritada consigo mesma por ter sido precipitada em seu julgamento. De repente abre a porta contudo. E lá está ele, seu Lorde. Ele levanta as orelhas, logo depois a cabeça.
- ah Hana, está de volta. Seja bem vinda. - sorri com um brilho que Hana ainda não havia notado por conta de sua raiva.
- MEU LORDE, EU LHE PEÇO, ME ENSINE A ESCREVER E LHE SEREI GRATA PRA SEMPRE!- e se curva, os cabelos caem no rosto e fecham os olhos.
- Hana.... - Cociel fica surpreso em ver a mudança de opinião dela. - esse almoço realmente fez bem a você. Claro que posso. Sente-se aqui, venha.

Meu LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora