6 - Ano novo, desejo antigo.

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N/a: Olá, mores! Nem demoramos, né? Seis dias só u-u SUHSHUASHUSAHU Então, o capítulo ficou grande, mas vocês me conhecem (Gisele), sabem que gosto de escrever bastante. Esperamos que gostem muuuuito e que xinguem bastante no Twitter, e claro, comentem aqui. Vou deixar o link da playlist da fic nas notas finais, é pelo spotify. Qualquer erro, consertamos depois. Amamos vocês. <3



Camila POV

31 de Dezembro.

Como Carioca, criada a risca no Rio de Janeiro, posso afirmar que viver nessa Cidade é estar sempre arriscando a sua vida e das pessoas a sua volta. É sair e não saber se vai voltar, andar na rua e não saber o que esperar. É viver, praticamente, com um medo terrível de ser mais uma vítima da criminalidade.

A madrugada da véspera de Ano Novo foi de terror, deu merda no Cantagalo e eu podia ouvir os tiros do meu apartamento. A minha única preocupação era as pessoas de bem e Normani. Passei a noite em claro falando com ela pelo celular, tentando acalmá-la e prometi que, assim que o dia amanhecesse, eu iria buscá-la. E era isso que eu estava fazendo, as nove da manhã, com o carro estacionado no pé do morro. Sou doida? Sou! Mas faria qualquer coisa para manter minhas amigas em segurança.

Esperava ansiosa dentro daquele ambiente apertado, batucando com os dedos o volante enquanto rezava para não ser atingida por uma bala perdida. Naquele momento a situação parecia controlada, mas nunca se sabe quando o tiroteio pode começar. E que merda, viu? Tinha que ser logo no trinta e um de Dezembro? Mais alguns minutos e vi a porta do mini cooper ser aberta, me fazendo tomar um susto tão grande que mijar nas calças seria fácil.

: - Porra, Normani! – Xinguei apavorada quando ela entrou apressada, batendo a porta e tacando as coisas no banco detrás. – Caralho, porra! Não entra assim de novo ou vai me matar. Pensei que fosse um bandido ou algo assim.

: - Sai daqui logo. – Ela pediu um pouco nervosa, esfregando as mãos nas coxas. – Desci varada e passei pelo meio de tanta gente armada que já estava pensando em como minha mãe faria para pagar o meu enterro. Vambora!

: - Credo! – Neguei com a cabeça e dei partida no carro, saindo devagar para não chamar a atenção de coisa errada. Eu estava tão nervosa quanto Normani, o imprevisível sempre seria medonho. Olhei para ela de canto de olho quando nos afastamos um pouco do morro. – Você está bem?

: - Agora sim!

: - Cadê tia Drea?

Mani colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, virando-se para pegar o celular dentro de umas das bolsas que trazia.

: - Ficou na Tay, né, não tinha como ela voltar pra casa ontem. – Digitou alguma coisa a bloqueou o aparelho novamente. – E nem quero que ela volte hoje, espero que durma na Tay até a situação melhorar. Não sei como estará depois da virada.

: - Que merda, cara! – Lamentei, dobrando a direita. O trânsito estava um inferno, o que me fez parar no sinal mesmo estando verde. – A Cidade cheia de turista e essas porras ocorrendo, depois rola morte e teremos que ver o Rio sendo ridicularizado em todo lugar.

: - Fazer o que, Mila? Se a polícia não faz nada, quem somos nós para fazer? – Mani fungou um pouco, ela tinha um problema sério com ar condicionado. – Eu só sei que foi um pesadelo, sempre é. Estou cansada dessa vida, sabia? Queria sair do morro. A realidade é triste, às vezes.

: - Um dia você vai sair de lá, e se não sair por conta própria, preta, eu vou te tirar. – Olhei para ela e sorri, confiante. A amava tanto, nada vale mais do que uma boa amizade. Normani era sensacional, exemplo de vida para mim, Taylor e qualquer outra pessoa. Uma guerreira completa, igual a todos as outras pessoas de bem que, infelizmente, não tinham como sair da favela. – É uma promessa. Confia em mim?

Águas de MarçoWhere stories live. Discover now