29 - Desague.

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N/a: Olá, amores! Demoramos, mas chegamos. Bem, como vocês sabem, falta pouquinho para o final de Águas de Março, e trazemos para vocês hoje um pouco do começo do fim. Espero que curtam, aproveitem. O capítulo vem cheio de mensagens legais e tomara que fiquem felizes. Façam uma boa leitora e até a próxima. Qualquer erro, conserto depois. Amamos vocês. <3


Camila POV

"Bela como a luz da lua, estrela do oriente nesses mares do Sul... Luz do divinal querer. Seria uma sereia ou seria só delírio tropical?"

Sereia – Lulu Santos.


Faculdade na sexta-feira é lugar de fantasmas, pois os vivos mesmo desaparecem. Eu podia contar nos dedos as pessoas presentes em minha sala de aula naquela tarde, e agradeci aos céus por ter que ir embora mais cedo.

Meia hora mais tarde, Taylor e eu fomos almoçar juntas e nos sentamos em uma mesa no canto do refeitório, longe de toda a concentração de gente. Eu detestava almoçar ali, não conseguia comer com toda a quantidade de merda que era falada pela maioria sem cérebro, mas era o que tínhamos para aquele momento, então só me restava aceitar.

: - Que comida feia é essa, viado? – Perguntei com cara de nojo, observando uma mistureba brava em sua bandeja. – Tu vai morrer comendo essa porra.

: - No estômago vai ficar mais feio ainda, então me deixa.

Ela deu de ombros, abrindo um guardanapo. Eu ainda torci a boca mais algumas vezes, antes de começar a comer minha comida.

: - Quando tu vai levar o Beto na sua casa? – Bebi um gole de coca. – Sua mãe fala direto que você tem medo de levar ele lá, que ele deve ser psicopata ou sei lá o quê. Eu fico só nos berros.

: - Minha mãe é foda. – Taylor rolou os olhos, apoiando os cotovelos na mesa. – Mas eu e ele não estamos bem, por isso não o levo até lá. Beto não é o que eu pensava que ele fosse, eu quero terminar porque não estou mais aguentando.

: - O que houve?

Fiquei intrigada, e analisei seu rosto que estava retorcido em uma expressão chateada.

: - Tivemos uma briga feia semana passava porque ele foi bem machista comigo, sem contar no ciúme doentio. – Ela suspirou, tomando um gole de seu suco de laranja. – Tive que esconder meu celular porque ele queria pegar de qualquer jeito, pois cismou que estou traindo ele. Fez um escândalo, me xingou e tudo.

: - Estou me pergunto por que diabos você não terminou nesse dia mesmo. – Bufei indignada, mexendo na salada que havia em meu prato. – Nós já falamos muito sobre isso. Te falta coragem pra meter o pé na bunda dele?

: - Ele me pediu desculpas depois, disse que não faria de novo e essas coisas. Eu não acreditei, porque aquela não foi a primeira vez, mas também não tive coragem de terminar. – Taylor abaixou os olhos envergonhada, soltando um suspiro longo. – Gosto dele, e fico com medo de ser injusta em não acreditar que ele possa mudar.

: - Taylor... – Fiz um gesto de negação descrente, largando o garfo no meu prato. – Você acabou de me dizer que não foi a primeira vez que ele fez isso, acha mesmo que ele vai mudar? Não cai nessa, amiga, sério! Quantas situações nós já vimos de mulheres que passaram anos e anos em um relacionamento abusivo? Temos muitos exemplos conhecidos. Não se brinca com o machismo, Tay. Hoje ele quis pegar teu celular para fiscalizar com quem você fala ou não, amanhã ele pode levantar a mão pra você.

Águas de MarçoWhere stories live. Discover now