11 - Gerard

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Eu encarei meu celular, incrédulo.

Após chegar atrasado ao trabalho, mesmo sendo dono da editora, tive alguns transtornos, a começar por uma papelada que deveria assinar e, para piorar, aquela reunião importante que estava mais do que atrasada. Meu dia não estava sendo dos bons e eu tinha certeza de que iria piorar.

Meu sexto sentido nunca falhava.

A reunião havia começado sem um dos integrantes da produtora, que estava ainda mais atrasado do que eu. Em resumo: uma famosa produtora de filmes estava interessada em transformar meu primeiro quadrinho de sucesso em uma produção cinematográfica. E eu estava realmente muito empolgado, já que o meu projeto estava indo para outro nível. Eles pretendiam comprar parte dos direitos da história e isso deveria ser arduamente questionado durante aquela reunião, até que chegássemos a um acordo. Sendo sincero, eu estava incrivelmente inclinado a aceitar a proposta inicial. Afinal, quem não gostaria de ter o seu mundo adaptado para as telas de cinema?!

Isso, claro, com uma adaptação perfeita e fiel. Se alguém estragasse a minha história, eu realmente iria me irritar e muito.

Enfim. O produtor executivo iria fazer uma ligação, dentro de alguns instantes, para que pudéssemos terminar as negociações. Por ser um dos conhecidos de Bob (o vice-presidente da editora e um dos meus amigos mais próximos), o homem tinha o número de meu celular pessoal e eu não me surpreendi quando o mesmo tocou no meio da reunião, já que um dos seus representantes havia recém afirmado que o tal produtor iria entrar em contato comigo durante a nossa conversa.

Atendi o celular, sem ao menos suspeitar da voz (que realmente não me pareceu conhecida) e o meu maior erro foi ter me animado, me precipitado e colocado aquela droga no viva-voz. E eu demorei a acreditar, assim que os gemidos ecoaram pela sala gigantesca de reuniões, os sete homens fitando-me assustados, enquanto eu apenas conseguia encarar o celular sobre a mesa de vidro fosco escurecido.

- Awwwn... Acho que vou me tocar pensando em você... Nas suas mãos descendo por meu corpo, me apertando e... Você me deixa tão duro, sabia? – A voz de Frank estava começando a atiçar a minha criatividade, quando eu tomei o celular entre os dedos e o desliguei, arrancando a bateria e tudo, completamente exasperado, sentindo meu rosto em chamas sob o olhar daqueles homens.

Eu não sabia onde enfiar a cara.

Larguei o celular dentro do bolso do meu paletó e levei ambas as mãos por meus cabelos, empurrando-o fortemente para trás, enquanto eu me segurava para não liberar uma série de xingamentos desesperados. Porque eu poderia pedir para tudo me acontecer naquele instante, menos aquilo. E eu tive um medo terrível de erguer meu olhar e encarar aqueles homens diante de mim.

- Me desculpem por isso, senhores. Senhor Roth, peça para seu chefe ligar diretamente para a editora, é mais seguro. E onde estávamos mesmo? – Perguntei, erguendo-me com certa rapidez, levando as mãos para o nó de minha gravata afrouxando-o consideravelmente em meu pescoço, ao que caminhei pela sala, direcionando-me para as grandes janelas da mesma, de onde eu poderia ter uma vista perfeita da biblioteca do outro lado da rua e eu senti o meu corpo por inteiro tremular de irritação.

Eu deixei que falassem e discutissem tudo, sem que eu ao menos desse atenção. Meus olhos estavam fixos naquele prédio antigo e eu me controlava imensamente para não deixar aquela sala e ir até Frank, gritar com ele e perder o controle por completo. Porque aquele era o meu trabalho e, por mais que o meu interesse por Frank estivesse aflorando ainda mais, eu não era obrigado a achar aquilo correto e levar apenas como uma brincadeira. Ainda mais se acabasse interferindo em meu trabalho.

Burn Bright || Frerard versionWhere stories live. Discover now