Burn Bright || Frerard version

17 - Frank

                  

- Estamos fechados. – Minha voz quase falhou, ao que os olhos esverdeados de Gerard esquadrinharam meu rosto cuidadosamente, como se buscasse por algo. Fingi minha expressão séria, de imediato, antes que ele percebesse mais alguma coisa. Antes que Gerard notasse que eu estava me segurando para não surtar diante dele.

Afinal, o que ele estava fazendo ali à uma hora dessas?

A voz de Mikey ainda ecoava de meu celular e eu prontamente o desliguei, sem me importar em deixar meu amigo no vácuo. Guardei o aparelho no bolso de trás de minha jeans, enquanto ainda mantinha a porta ligeiramente entreaberta, permitindo que apenas metade de meu corpo estivesse à mostra.

Era meio óbvio que eu estava me arriscando ali, mas eu precisava despistar Gerard rapidamente. Já havia feito a loucura de ter ligado para Mikey e ter sido pego por seu irmão. Eu realmente não tinha culpa de que minha operadora de celular não era das melhores e eu precisava ligar para Bert e Mikey, sendo que o único lugar que pegava algum tipo de rede era no Hall do prédio. Portanto, eu tive que esperar aquele zelador idiota sair para jantar para tentar me comunicar com os meus amigos. E eu esperava não ser pego, o que tecnicamente deu certo... Pois eu havia sido descoberto pela pessoa que eu menos esperava ver naquele instante.

- Estou vendo claramente... Tanto que imagino que seu horário de trabalho já tenha terminado. – Gerard arqueou uma das sobrancelhas e eu havia decidido que não gostava muito do seu sarcasmo. – O que você está fazendo aqui, Frank?

- Acho melhor você sair, antes que alguém apareça. – Levei ambas as mãos para a porta amadeirada e estava prestes a empurrá-la, fechá-la mesmo na cara dele, quando Gerard espalmou uma das mãos sobre a mesma, fazendo-me parar. – Quer fazer o favor de ir? O que você quer aqui? Já não está satisfeito por eu não estar mais te enchendo o saco?!

- Me deixe entrar, antes que você acabe encrencado. – Ele empurrou a porta um tanto mais e eu dei alguns passos para trás, permitindo que ele adentrasse o local, as orbes esverdeadas percorrendo alguns pontos da decoração antiga da entrada da biblioteca, enquanto fechava a porta logo atrás de si, em um sutil baque. – Não temos muito tempo, acho que aquele cara não é do tipo que demora muito.

- O que...? – Bufei alto, revirando meus olhos e grunhindo logo em seguida. Frustrado. Era assim que eu me sentia. Pois eu não conseguia entender como Gerard conseguia ficar tão calmo e comum, quando, há quatro dias, havia praticamente me chutado para fora de seu apartamento. – Quer me responder?! O que você está fazendo aqui, Gerard? Foi o Bert que te disse, não foi? Eu sabia! Eu vou esganar aquele boca grande!

- Robert não me disse nada. – Ele disse e eu resmunguei, um tanto quanto insolente, pelo tom formal que utilizava ao falar de meu amigo. Gerard começou a se mover, por fim, caminhando em direção ao corredor que levava ao enorme salão repleto de estantes, como se conhecesse o caminho muito bem. – Estava passando e escutei sua voz. Deveria falar mais baixo, Iero.

- Passando? E desde quando você "passa" por aqui tão frequentemente numa hora dessas? Gerard, quer fazer o favor de sair? Não quero que aquele cara chegue e me pegue aqui. – Eu falei, minha voz sumindo aos poucos, ao que eu me via a ponto de admitir em voz alta que eu estava enrascado, estava morando ali e Gerard provavelmente iria dar-se por satisfeito, com aquele seu ar de superioridade tão irritante.

- Sinceramente, não sei como o descobriram aqui antes. Você é escandaloso demais para passar despercebido. – Ele parou, ao que entreabriu a porta que levava ao grande salão, provavelmente checando alguma coisa, antes de recuar e voltar-se em minha direção, scaneando-me minuciosamente. – Onde estão as suas coisas?