12 - Frank

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Encolhido, eu busquei o meu maço de cigarros amassado dentro do bolso da minha jeans apertada, enquanto repousada uma das malas sobre o chão, morrendo de medo de ser assaltado e levarem minhas coisas, por mais que minhas roupas não fossem lá grandes coisas. Encaixei o cigarro entre os lábios, buscando meu isqueiro no mesmo bolso e também o acendendo. Eu sabia que iria ficar horas plantado ali, mas eu não tinha escolha... Naquele instante, Bert era a minha única saída.

E sabe de uma coisa? Eu não ia negar que a culpa era minha, mas eu simplesmente não conseguia entender. Certo, eu havia sido extremamente inconveniente e irresponsável, feito uma loucura daquelas e ter deixado Gerard completamente envergonhado durante sua reunião, mas... Eu não imaginei que ele fosse me expulsar de seu apartamento. Talvez pelo fato de que eu estava começando a achar que ele tinha certos sentimentos por mim.

E quem eu queria enganar? Era claro que ele não tinha. Gerard só pensava em si mesmo e em dinheiro. E eu deveria ter aceitado aquelas migalhas que ele havia me oferecido antes de sair. Não faria diferença para ele e, provavelmente, eu já estaria chegando à casa de Bert, sem ter que precisar esperá-lo, por não fazer ideia de como carregar aquelas tralhas pelo metrô sem esbarrar em todo mundo.

E aquilo tudo doía. Desesperadamente.

Eu estava sem esperança alguma, beirando o desespero por não ter onde ficar direito e com o coração partido. E eu havia me esquecido que doía tanto sentir como se houvessem tirado o ar dos meus pulmões e eu estivesse a ponto de me afogar. Como se cada segundo que se passasse, o meu coração fosse massacrado dentro do meu peito e eu não tivesse mais saída, como se todas as esperanças que eu tivesse no mundo tivessem virado pó.

Porque eu não podia negar que estava gostando de Gerard, que estava gostando de ficar ali e me habituando muito bem àquela rotina, por mais que fosse temporária. Eu tinha esperanças de que algo acontecesse, porque eu não era cego... E eu não queria acreditar que estava enganado, realmente não era possível. Mas eu só conseguia me lembrar dos olhos esverdeados de Gerard, frios e mal se fixando nos meus, enquanto falava aquelas coisas. Enquanto me tirava da sua vida tão rapidamente. 

Agora eu estava sem lugar para ficar, provavelmente mais do que perdido e impaciente, já que Bert iria demorar mais do que o necessário para ir me buscar. Eu estava quase no final do segundo cigarro, quando fitei o prédio diante de mim, buscando a janela ampla do apartamento de Gerard, mas a notei apagada. Suspirei, engolindo o seco e largando o restando do cigarro no chão, antes de apagá-lo com a ponta de meu tênis.

Eu queria chorar. Eu realmente queria. Encolher-me em algum canto e desabar, porque eu não queria acreditar que eu não tinha opção alguma, que eu havia estragado tudo e que Gerard era tão irritante e pavio curto a fim de realmente me mandar para fora tão facilmente. Mas eu era o quê para ele? Um estranho. E só.

Mas eu não conseguia, porque, cada vez que as lágrimas se mostravam próximas de me escapar, eu sentia aquele aperto e eu me lembrava que não poderia desfalecer assim. Eu tinha que erguer a cabeça e seguir, arranjar outro jeito e me virar, dali para frente. Mas eu não sabia se seguir com Bert era a forma certa, eu tinha até medo de imaginar como seria passar uma noite no apartamento dele, por mais que eu confiasse em Bert de olhos fechado. E olha que isso era muita coisa vinda do garoto de New Jersey que quase não tinha amigos.

- Frank! – Bert exclamou e eu quase pulei onde estava, guardando o maço de cigarros no meu bolso, novamente, e esperando que ele viesse correndo logo em minha direção, abraçando-me exageradamente. – Você está bem, nanico? Como aquele cara fodidamente gostoso tem coragem de te deixar aqui no meio da rua?! É quase um desperdício abandonar esse corpinho aqui. – Antes que Bert apertasse a minha bunda, como eu imaginar que fosse fazer, eu o empurrei e lhe entreguei uma das malas, sem conseguir fitá-lo muito bem. Se eu olhasse nos olhos de alguém, era capaz de eu abrir o berreiro. Argh, como eu detestava ser sentimental.

Burn Bright || Frerard versionDonde viven las historias. Descúbrelo ahora