Burn Bright || Frerard version

15 - Frank

                  

- Eu já disse que estou ótimo, Bert! Não precisa se preocupar comigo. – Eu disse, apoiando uma das mãos sobre a mesa da lanchonete onde eu e Bert estávamos lanchando. Eu sabia que uma das melhores formas de calar a boca dele era o enchendo de comida, mas, naquele caso, não estava resolvendo muito. Bert ainda era bastante tagarela com a boca cheia de hambúrguer e batata-frita. – Não me venha com sermão.

- Claro que venho. Eu acordo de manhã e vejo que você desapareceu. Você me liga, diz que está no trabalho e que vai morar lá... Quer que eu fique de boa com isso? Impossível, tá legal?! E se você acabasse perdido por aí e fosse sequestrado? Ou estuprado por um maníaco psicopata? Eu nunca iria me perdoar. Eu ia acabar me suicidando e você teria que viver com a dor da minha perda pelo resto dos seus dias. – Bert comeu alguma das batatas em sua bandeja, enquanto eu também fazia o mesmo e tentava não me concentrar em todo o seu drama, embora toda a lanchonete estivesse nos encarando como se fossemos dois anormais. Não que não fossemos, mas Bert meio que piorava a situação.

- Bert. – Eu disse, lentamente, inclinando-me em direção a mesa, levando ambas as mãos para o rosto do meu amigo, segurando-o e forçando-o a parar de enfiar comida dentro da boca e me encarar fixamente. – Eu estou ótimo. Eu preciso me virar sozinho por um tempo e aprender com isso, okay? Sei que se preocupa, mas estou bem... E toda vez que você tiver um desses chiliques, pode me fazer uma visita no trabalho ou ligar.

- Se você ao menos deixasse essa merda de telefone ligado! – Bert falou alto demais e eu dei alguns tapinhas em seu rosto, advertindo-o a respeito de seu tom alto de voz. Ele fez um bico com os lábios e eu ri, me afastando e deixando que ele falasse. – Eu quero que responda as minhas ligações, me ligue se estiver precisando de alguma coisa e que pode pegar suas tralhas e voltar para o meu apartamento quando quiser, okay?

- Okay, mãe. – Segurei uma risada, em vão, ao que Bert começou a me xingar, voltando a devorar o seu hambúrguer e deixando que eu me ocupasse com minhas batatinhas. – Assim que eu chegar no trabalho, eu ligo aquela merda. Eu ando fugindo do Mikey, mas sei que não posso fazer isso por muito tempo. Aquele magrelo só não invadiu a biblioteca ainda, pois eu sei que estamos em fase de trabalho na faculdade e ele e Alicia estão vendo algumas coisas para a casa. Acho que eles vão se mudar.

- Aproveite e veja se tem lugar para você por lá. Não sei como você vai se virar morando naquele poço de mofo e velharias. – Bert ignorou meu resmungar, contrariando suas palavras, enquanto tomava um bom gole de refrigerante, fazendo aquele barulho exagerado com o canudo contra o copo. – Eu vou matar aquele gordo gostoso por ter te expulsando daquele apartamento maravilhoso. Se isso é coisa que se faça!

- A culpa foi minha também. E você não precisa sair por aí assassinando o Gerard... Acho que no fundo ele tem razão em ter me expulsado. Talvez eu seja infantil demais para algumas responsabilidades e isso acabou quase fodendo com as dele. – Dei de ombros, sem conseguir encará-lo, enquanto eu me divertia com algumas das batatas sobre minha bandeja, alinhando-as distraidamente. Até perceber que eu parecia Gerard em um de seus surtos e rapidamente espalhá-las sobre tal, conforme comia cada uma com certa pressa. – Dava pra ver que não ia dar certo desde o começo. Ele é um louco obcecado por limpeza e arrumação...

- Um louco obcecado por limpeza e arrumação que deixa você fora dos eixos. – Bert riu daquela forma escandalosa e eu continuei a comer, sem ainda fitá-lo, sentindo minhas bochechas corarem cada vez mais. – Não pense que eu esqueci aquele dia no bar... Vocês dois estavam quase se atracando!

- E você atrapalhou! – Não resisti em exclamar e Bert riu ainda mais, enquanto eu levava ambas as mãos para o meu rosto, escondendo minhas bochechas avermelhadas dele. – Cale a boca! E eu não disse isso... Que merda!