I - Introdução

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Eu comecei isso em mais uma daquelas manhãs de férias, em que estava completamente sem o que fazer, entediado, sentindo-se pouco flexível e com uma imagem de gatos pretos dominando a rua bem em frente a mim. Que fazer? Que aquilo queria dizer? Comecei então a construir um algo que vai muito mais além da poesia – se é que alguém ousaria chamar isso de poesia.

Enquanto os dias passavam, milhares de vozes, tons e melodias que passavam pela minha cabeça, foram dando lugar a letras emolduradas de desespero, emancipação, solidão, e lágrimas! Muitas lágrimas, que emergiam de mim enquanto eu escrevia aqui, ou quando eu teimava em ler o que tinha escrito, me faziam suspirar... pensar se minhas atitudes foram ou não corretas, não ajudava a refazer o passado, e nem a criar um novo futuro.

Abalos, dos quais apenas eu sei a real dimensão, estão contidos aqui. Gatilhos que me relembram a infância, a imperfeição, o medo, a segurança, o desprezo, a dor. Dor penetrante, dor aguda, dor simpática, dor viciante, dor silenciadora, dor da morte. A silenciosa dor da morte, dor da ausência.

E é difícil, pra algumas pessoas, tão focadas em seu pequeno universo, entender o que essas sensações de dor, sensações de descoberta e grandeza, podem provocar em cada centímetro de mim. Cada centímetro deles, não é o ser, é apenas uma parte. A experiência de pequeneza, diante da grandeza da natureza, da aleatoriedade, e a tristeza que isso impõe a nós, faz com que eu me sinta mal, existencialmente afetado.

E o que é existir? Quem garante que estamos existindo? Que provas temos de que algo realmente existe? A existência me soa como um porre de Deus. Assim como as palavras que aqui estão.

A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now